25 de abril de 2025

Mais uma derrota da extrema-direita na Câmara dos Deputados

O Colégio de Líderes da Câmara dos deputado não apoiou a urgência do projeto da anistia (Foto: Marina Ramos)

A oposição ao governo sofreu mais uma derrota, nesta quinta-feira, em reunião extensa do Colégio de Líderes da Câmara. Os parlamentares discutiram sobre colocar ou não em pauta o requerimento de urgência para o projeto de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro. A maioria entendeu que ainda não há clima para votar o requerimento ou o próprio texto, ainda desconhecido dos deputados.

A decisão foi anunciada pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que tem sido pressionado — e provocado — pela oposição e por nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para pautar a anistia.

"O Colégio de Líderes discutiu de forma exaustiva, onde todos os líderes presentes, que representam algo em torno de quase 500 parlamentares — alguns líderes estiveram ausentes — e especificamente sobre o tema da anistia, decidiu-se pelo adiamento da pauta desse requerimento de urgência", disse Motta.

Segundo o presidente da Casa, isso não significa que os líderes não continuarão dialogando para uma solução do assunto. Disse, ainda, que ninguém concorda com penas exageradas aos presos do 8 de Janeiro, em um aceno à oposição. "Nenhum líder aqui está a favor de nenhuma injustiça, por mais que a sua condição partidária o limite na defesa, mas eu pude escutar com muita atenção as falas de todos eles, do menor ao maior partido, então há esse sentimento de convergência", frisou.

A resposta refletiu o clima tenso do encontro. Os líderes da oposição, do PL e da minoria saíram juntos da sala de reuniões e falaram com a imprensa logo depois de Motta. O deputado Zucco (PL-RS), líder da oposição, afirmou que o grupo vai entrar novamente em obstrução na Casa até que a data de votação da urgência da anistia seja marcada.

Os líderes também dispararam contra Motta: relembraram que foi o próprio presidente quem pediu que não colhessem assinaturas de líderes em prol da anistia e optassem por obter assinaturas individuais dos deputados — precisavam de 257 e conseguiram 262 para propor o requerimento de urgência. A decisão de pautar, no entanto, ainda passaria pelo Colégio de Líderes e por Motta.

"O que aconteceu aqui hoje (nesta quinta-feira) foi um grande desrespeito para com a Câmara. No momento que tu tens 264 assinaturas, caracterizando a maioria, e se muda a estratégia, imputando aos líderes essa responsabilidade, logicamente nota-se que forças adversas atuaram e que, mais uma vez, vamos empurrar para a frente uma pauta necessária", disparou Zucco a jornalistas.

O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara, também fez críticas. Afirmou que os líderes não tiveram a mesma "sensibilidade" da maioria dos deputados sobre o tema da anistia, mas que mesmo os alinhados ao governo já admitem que a dosimetria para os condenados pelo 8/1 é exagerada.

"É bonito ver até os líderes da esquerda dizerem que a dosimetria que o STF impôs a essas pessoas está errada e precisa ser revista. Já é a primeira grande vitória da anistia. A segunda grande vitória é ouvir da maioria dos líderes: nós precisamos ver o texto final para decidir votar ou não na maioria das nossas bancadas", destacou.

Segundo Sóstenes, o texto não foi apresentado porque a urgência precisa ser apreciada antes. Outro motivo é que Motta ainda não bateu o martelo sobre quem será o relator. Para conseguir um acordo com os líderes, o líder do PL disse que vai sugerir ao relator uma proposta sintética, que inclua apenas os condenados pelo 8/1. Ou seja, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros apontados como mentores da tentativa de golpe não estariam contemplados.

O líder do governo, José Guimarães (PT-CE), confirmou que há uma preocupação por parte dos líderes em ajustar eventuais exageros na dosimetria das penas. Tanto ele quanto o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (PT-RJ), no entanto, deixaram claro que os governistas não vão aceitar estender a anistia aos mentores e financiadores da tentativa de golpe.

"O que extraio disso é que não podemos misturar as estações. Eventuais injustiças na dosimetria precisam ser evidentemente considerada por nós, mas vários de nós falamos: não é possível anistiar os generais, quem planejou, quem organizou, quem manipulou pessoas inocentes para uma tentativa de golpe. Não pode", pontuou.

Publicado originalmente no Correio Braziliense

Leia também:

Câmara dos Deputados cassa mandato de Chiquinho Brazão

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.