O ex-presidente Bolsonaro em reunião ministerial onde foi tratada as tramas do golpe (Foto: Reprodução/STF) |
A chance de sucesso da empreitada era zero, mas isso não inocenta ninguém. Não bastam armas e soldados para dar um golpe de Estado. Escrevi isso em dezembro. Tomemos o exemplo de 1964. Para a deposição de João Goulart, houve apoio internacional, principalmente dos Estados Unidos, simpatia do empresariado, da cúpula da Igreja Católica, da imprensa, de grande parte da classe média. O Congresso Nacional contribuiu, ao tentar dar ares de legalidade, e o Judiciário se omitiu. Quanto a Jango, nada o sustentava além do mandato para o qual não havia sido diretamente eleito, pois era o vice. A própria esquerda comunista não tinha por ele, e pelos trabalhistas em geral, o maior dos apreços.
Agora, o cenário internacional era ativamente contrário, assim como o Judiciário e a imprensa. A Igreja Católica demonstrou várias ressalvas, classe média se dividiu. Sobre o Congresso Nacional, o plano passava pela prisão do presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Como os gênios esperavam sustentar um negócio desses? Ainda mais numa época de redes sociais, em que não bastaria colocar censores em redações de jornal para controlar a informação?
O notório fascínio dos líderes do bolsonarismo pela ditadura militar os fez superestimar o peso das armas e desconsiderar o amplo aparato social e civil que viabilizou o golpe de 1964. Mas, como essa gente ia saber disso, com o desprezo pela pela história e pelos professores?
Sem
surpresa
As evidências enrolam bastante Bolsonaro no plano de golpe. O que não surpreende ninguém. O ataque às urnas e às instituições era o pretexto. A mobilização em frente aos quartéis e nas ruas criava a impressão de mobilização popular. E havia a ação subterrânea com os militares. Chama atenção que tenham registrado e preservado a evidência do próprio crime. O que fizeram mesmo não é surpresa para ninguém.
Fajuto
Fica evidente também que o propalado apoio popular a Bolsonaro, as “manifestações espontâneas” de golpismo, eram urdidas nos palácios, articuladas, organizadas e mobilizadas nos quartéis.
Argumentos
por terra
Um argumento comum em redes sociais, para negar o caráter golpista do 8 de janeiro, é afirmar que não se daria “golpe sem armas”. Ora pois, é justamente o que se escancara que pretendia Bolsonaro.
Papelão
da oposição
A
postura da oposição até aqui é repugnante. Diante dos absurdos expostos, têm a
pachorra de fazer a defesa dos golpistas. Fazem alegações vagas, genéricas, sem
enfrentar os fatos. Inacreditável que tenham essa ousadia. Progressista ou
conservador, nenhum político com alguma dignidade pode defender os autores do
ataque à democracia agora escancarado.
Publicado
originalmente no portal O Povo +
Leia também:
Reunião
mostra Bolsonaro estimulando "plano B" contra o TSE antes da eleição
Nenhum comentário:
Postar um comentário
A Administração do Blog de Altaneira recomenda:
Leia a postagem antes de comentar;
É livre a manifestação do pensamento desde que não abuse ou desvirtuem os objetivos do Blog.