23 de novembro de 2024

Fernando Santana anuncia desistência da candidatura à presidente da Assembleia

 Antes da desistência de Fernando, parlamentares diziam que a indicação era "irreversível" (Foto: Paulo Rocha)

O deputado estadual Fernando Santana (PT) anunciou na noite desta sexta-feira, 22, que não irá concorrer à presidência Assembleia Legislativa do Ceará (Alece). A indicação de seu nome para representar a base teria sido o "estopim" para o estremecimento da relação entre o senador Cid Gomes (PSB) e o governador Elmano de Freitas (PT).

Em longo texto publicado nas redes sociais, Fernando ressalta que faz parte de um projeto. Ele cita o ministro Camilo Santana, Elmano e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e menciona também a "parceria com grandes aliados". A fala do deputado ressalta ainda que o projeto seria forte por ser "construído na base do diálogo e do respeito, e sempre buscando o melhor para nossa população".

Fernando explica que ficou "feliz e honrado" por ter o nome colocado para a presidência da Alece. "A lembrança e, principalmente, com a acolhida dos companheiros deputados", ressaltou. No entanto, o deputado pondera que "também houve discussões, impasses, o que é natural numa democracia".

"Diante de algumas ponderações, e do atual contexto, para a importância da manutenção dessa aliança coesa e forte, anuncio que abro mão de minha candidatura. Faço isso com a tranquilidade da alma, porque não faço política como projeto pessoal, mas coletivo. Continuarei firme, ao lado dos nossos aliados, na luta por um Ceará cada vez mais forte", finalizou sua nota.

Com a desistência de Fernando Santana, o líder do governo na Alece Romeu Aldigueri foi apontado por aliados como favorito para entrar na disputa. O nome de Guilherme Landim também é citado como alguém mais próximo a Cid. Os dois deputados são filiados ao PDT, mas há a expectativa de saírem da sigla.

Ruptura e reviravolta

O nome de Fernando Santana era dado como certo para ser o candidato da base à presidência da Alece. Reuniões foram realizadas entre petistas para a confirmar a escolha. Até que na sexta-feira, 15, Cid teve reunião com Elmano no Palácio Abolição. Segundo relatos, o encontro foi curto e teve como desfecho o senador afirmando que estaria se afastando da base do Governo.

O principal ponto seria a concentração de poder do PT que ficaria com, além da presidência da Alece, com a Prefeitura de Fortaleza a partir de 2025 e os governos Estadual e Federal. Além disso, haveria o incômodo com o martelo "batido" pelo nome de Fernando sem a consulta prévia aos aliados, como Cid e deputados ligados a ele.

Na última terça-feira, 19, Cid não deu como consumado o rompimento com o governo Elmano e disse ser necessário esperar o desenrolar do processo.

Eudoro Santana, presidente do PSB e pai de Camilo Santana, alegou que também não foi chamado assim como pessoas do PSB também não

Dia foi marcado por Elmano e Camilo evasivos, mas reforçando diálogo

Foi uma sexta-feira movimentada para Camilo e Elmano. Ambos evitaram dar declarações públicas sobre a relação com Cid ou sobre a situação envolvendo a presidência da Alece. Os dois petistas eram esperados no Encontro Regional de Gestores Eleitos e Reeleitos do Ceará, realizado pela Caixa Econômica Federal e Secretaria de Relações Institucionais do Governo Federal. Não compareceram.

Depois, participaram da ExpoFavela Ceará. Em um primeiro momento, Elmano respondeu ao O POVO que falaria depois. A assessoria afirmou que o governador estava atrasado para o evento e não responderiam naquele momento. Resposta semelhante foi dada pela assessoria do ministro: não haveria conversa com a imprensa pelo atraso para a agenda. Anteriormente, no entanto, a assessoria do evento havia informado que haveria coletiva de imprensa com Camilo.

Finalizado o evento, Elmano mais uma vez foi abordado pelo O POVO para falar sobre sua relação com o senador. Em meio a fotos com os participantes, foi curto e direto ao responder após uma pausa. “Estamos dialogando”, disse.

O mesmo ocorreu com Camilo. Ao descer do palco, o ministro foi abordado por pessoas que pediam fotos. Para a imprensa, ele afirmou que tem conversado com Cid "a todo momento" e que “tudo será resolvido”.

O governador era esperado também em evento do PT Ceará, que realizou encontro com os prefeitos e vices eleitos do partido no Hotel Amuarama, no Bairro de Fátima. Às 18h30mim, houve burburinho nos bastidores de que Elmano não iria mais por conta de uma reunião na Casa Civil. O encontro com os gestores petistas terminou às 19h15min sem a presença do chefe do Executivo cearense.

Antes da desistência de Fernando, indicação era vista como 'irreversível'

Mesmo com o desconforto causado com Cid e outros nomes, a indicação de Fernando Santana era vista como "irreversível". Um dos que manifestou esse entendimento foi o líder do governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT). 

Para ele, recuar seria desmoralizador para Elmano. "A indicação para a base do Elmano na Assembleia Legislativa do Fernando Santana é prego batido e ponta virada", afirmou o deputado. "Não vejo como retroceder. Seria uma desmoralização do próprio governador".

Guimarães considera que só poderia haver alteração de rota a depender do próprio Fernando. "Qualquer mudança evidentemente passa pelo deputado, mas, do ponto de vista do PT, nós estamos sintonizados com a indicação do Fernando para presidir a Assembleia", reforçou no começo da semana. 

Outros petistas seguiam a linha de raciocínio. "Quem tem a prerrogativa de conduzir e analisar os passos para a sucessão é o governador. O governador está olhando a sua sucessão, então, é natural que ele tenha, e eu não tenho dúvida que esse processo foi tratado, foi conversado, foi discutido com as lideranças, e dado ao governador a prerrogativa dele, como foi com o Camilo, como foi com o Cid", ressaltou o líder do PT na Assembleia, De Assis Diniz após a notícia da possível saída de Cid da base de Elmano.

"Eles escolhem. Eles ofertam. Então, como você [vai] querer imputar a um terceiro a decisão de uma relação que é, exclusivamente, de um processo que lhe dá, para dentro dessas questões amplas, uma situação de governabilidade?", tinha indagado ainda.

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22 de novembro de 2024

Ao lado de Guimarães, prefeito de Altaneira anuncia construção de 25 casas do programa Minha Casa Minha Vida

Dariomar e Guimarães anunciando a inclusão de Altaneira no Programa Minha Casa Minha Vida (Foto: Reprodução/Instagram)

O prefeito de Altaneira, Dariomar Rodrigues (PT) compartilhou na noite de ontem (21/11) na rede social Instagram um vídeo ao lado do deputado federal José Guimarães anunciando a construção de 25 casas do programa Minha Casa Minha Vida do Governo Federal.

Inquérito da tentativa de golpe deve provocar mudanças nas Forças Armadas

O relatório impacta a imagem das Forças Armadas, com integrantes envolvidos na trama golpista (Foto: Marcos Correia)

A descoberta do plano de golpe de Estado, incluindo os assassinatos do presidente da República, do vice-presidente e de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), não surpreende especialistas. O professor e advogado Rodrigo Lentz, do Departamento de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), e pesquisador do Instituto Tricontinental com foco na área militar, relembra que, logo após a Segunda Guerra Mundial, as Forças Armadas da Alemanha extinguiram as forças especiais que mantinham conexões com o nazismo. O Brasil, diferentemente, não promoveu mudanças nas Forças Armadas, quando acabou a ditadura e se instaurou o regime democrático.

"Infelizmente, não estou chocado com todas essas informações. Embora os detalhes me causem perplexidade, o que aconteceu foi o óbvio. O Brasil escolheu a impunidade, inclusive, há um certo culto entre as instituições militares ao que ocorreu em 1964. Para muitos, houve ali uma 'revolução democrática'", ressaltou o professor. "As Forças Armadas têm algo de resistência e estrutural. O que surpreende é que, pela primeira vez, civis, no caso, policiais federais, prenderam militares de alta patente. Isso difere do que ocorreu ao longo da história do Brasil."

Para Lentz, as mudanças nas Forças Armadas virão porque atingiram o Judiciário, mais precisamente o STF, com ameaça de morte a um ministro - Alexandre de Moraes. "As mudanças certamente virão, daí porque colocou a Suprema Corte em uma situação suscetível", afirma.

Já o advogado Leonardo Pinheiro, professor de direito administrativo e constitucional, eventuais transformações são mais do que necessárias porque a apreensão está presente no país. "Não há como não ter medo de tudo que está vindo à tona, porque subverte a ordem democrática. Infelizmente, a impressão que se tem é que o ambiente golpista não estava tão distante quanto se imaginava."

O advogado Francisco Zardo destacou ser necessário distinguir os processos em curso: há pedidos de indiciamentos; denúncias de quebra da ordem democrática, com ameaça de golpe de Estado; e servidores públicos militares e civis envolvidos.

Ele reiterou haver medidas previstas para punir os eventuais condenados, indo além das penais. Aqueles que estão na ativa podem sofrer processos disciplinares e afastados das atividades profissionais, podendo ter suspensas as remunerações. Os que estão na reserva ou aposentados podem perder aposentadorias e pensões. "As instâncias são independentes, mas devem guardar coerência entre elas", afirmou Zardo, referindo-se à autonomia das investigações, mas, ao mesmo tempo, à conexão entre elas.

Reuniões com cúpula militar

As investigações da Polícia Federal, concentradas no inquérito entregue, ontem, ao Supremo Tribunal Federal (STF), concluíram que o planejamento da ruptura democrática teve reuniões com a cúpula das Forças Armadas, produziu rascunhos de minutas golpistas, planilha com detalhes da ação e esboço de um "gabinete de crise" que seria instalado após o envenenamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a "eliminação" do ministro Alexandre de Moraes por meio de artefato explosivo.

A PF indiciou todos os integrantes de um grupo que havia sido batizado, ao longo do inquérito, como Núcleo de Oficiais de Alta Patente — militares que, "utilizando-se da alta patente que detinham, agiram para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do golpe de Estado".

O relatório das operações Tempus Veritatis e Contragolpe deve ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) na próxima semana. Nos outros casos em que o ex-presidente Jair Bolsonaro já havia sido indiciado, houve ocasiões em que o PGR, Paulo Gonet, pediu diligências complementares, informações adicionais e a íntegra de informações coletadas em operações.

Publicada originalmente no portal Correio Braziliense

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21 de novembro de 2024

Por que Cid recuou do rompimento, por Henrique Araújo

Eudoro Santana e Cid Gomes em reunião do PSB (Foto: Aurélio Alves)

O senador Cid Gomes (PSB) fez saber que havia rompido com o governador Elmano de Freitas (PT) no último fim de semana. Não se trata de exagero nem de força de expressão, mas de ruptura mesmo, confirmada por diferentes interlocutores do pessebista ouvidos por um sem número de repórteres de veículos diferentes. Pelas 72 horas seguintes, o ex-governador se manteria em silêncio, quebrado apenas na última terça-feira, 19, quando ressurgiu emitindo sinais ambíguos. Afinal, Cid está hoje na base de Elmano ou não? Está rompido com a gestão petista ou não? São perguntas simples. Pelo que sustentou em coletiva de imprensa após reunião do PSB conduzida por Eudoro Santana, sim, permanece no arco de sustentação do chefe do Executivo estadual - até que se prove o contrário. A rigor, Cid disse o seguinte: não existe decisão antes da "conclusão dos ritos". Que ritos são esses? O senador não explicou. Supõe-se, contudo, que se refira às conversas que vem mantendo com diferentes atores desde o estouro da boiada, entre os quais Camilo Santana, Eudoro e deputados mais fiéis de PSB e PDT.

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Presidente do PSB avisa que PT "Não pode decidir sem ouvir aliados"

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