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21 de abril de 2025

Papa Francisco: A vida e a carreira do primeiro papa sul-americano

Papa Francisco é ovacionado por multidão no Rio de Janeiro em sua primeira viagem internacional em 2013 (Foto: Mario Tama)

O papa Francisco, 88 anos, morreu nesta segunda-feira (21/4). O pontífice passou semanas internado para tratar uma bronquite que causou dificuldades respiratórias, após ser diagnosticado com pneumonia bilateral, e havia recebido alta há um mês.

O anúncio foi feito diretamente da Capela da Casa Santa Marta, pelo o cardeal Farrell. "Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados."

O cardeal continuou: "Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino."

Trajetória

O argentino Jorge Mario Bergoglio foi o primeiro sacerdote latino-americano a se tornar papa, sucedendo Bento XVI, que renunciou ao posto. Ele foi eleito o 266º pontífice em 13 de março de 2013, adotando o nome de Francisco, em referência a São Francisco de Assis, o santo italiano que se dedicou aos pobres e à natureza.

O pontífice nasceu em 17 de dezembro de 1936, no bairro de Flores, na capital Buenos Aires. Os pais dele, Mário Bergoglio e Regina, eram italianos do Piemonte que migraram para a Argentina. O religioso chegou a se formar em química, mas aos 20 anos, em 1957, decidiu se tornar padre.

Ele ingressou no seminário de Villa Devoto e, em 1958, iniciou o noviciado na Companhia de Jesus, sendo ordenado sacerdote em 1969. Em 1992, foi nomeado bispo auxiliar da capital argentina, arcebispo em 1998, e cardeal em 2001, pelo papa João Paulo II.

As últimas aparições do papa Francisco

No domingo (20/4), o papa Francisco apareceu na varanda da basílica de São Pedro no Vaticano e desejou uma "Feliz Páscoa" aos milhares de fiéis reunidos no Vaticano para celebrar a ressurreição de Cristo.

O pontífice também refletiu sobre paz e pediu desarmamento em todo mundo. "Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento! A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento", disse.

"Estas são as 'armas' da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar morte! [...] Que o princípio da humanidade nunca deixe de ser o eixo do nosso agir quotidiano. Perante a crueldade dos conflitos que atingem civis indefesos, atacam escolas e hospitais e agentes humanitários, não podemos esquecer que não são atingidos alvos, mas pessoas com alma e dignidade", acrescentou o papa.

No sábado (19/4), o papa Francisco recebeu o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance. Ambos "trocaram seus votos por ocasião do dia de Páscoa", informou a Santa Sé em um comunicado. No encontro, eles abordaram "a situação internacional, em particular nos países marcados pela guerra, as tensões políticas e situações humanitárias difíceis, com especial atenção aos migrantes, refugiados e prisioneiros".

Na quinta-feira (17/4), o pontífice visitou uma prisão no centro de Roma, onde se reuniu com detentos por ocasião da Quinta-feira Santa. Ao contrário de anos anteriores, o jesuíta argentino não realizou o tradicional ritual de lavagem dos pés. "Este ano, não posso fazê-lo, mas sim, eu posso e quero estar perto de vocês. Rezo por vocês e por suas famílias", afirmou o papa.

No Domingo de Ramos (13/4), o papa Francisco fez uma aparição surpresa na Praça de São Pedro. "Irmãos, irmãs, para experimentar este grande milagre da misericórdia, escolhamos como levar a cruz, durante a Semana Santa: não ao pescoço, mas no coração. Não só a nossa, mas também a daqueles que sofrem ao nosso lado; talvez a daquela pessoa desconhecida que o acaso – Mas será mesmo o acaso? – nos fez encontrar. Preparemo-nos para a Páscoa do Senhor tornando-nos cireneus uns dos outros", destacou o pontífice.

Em 9 de março, o papa recebeu a visita do Rei Charles III e a Rainha Camilla. Durante o encontro, o pontífice argentino felicitou o casal por ocasião do aniversário de 20 anos de casamento e também desejou que Charles III, que está em tratamento contra o câncer, tenha uma rápida recuperação.

Saúde

Francisco, que na juventude foi submetido a uma extração parcial de um pulmão, se deslocava desde 2022 com uma cadeira de rodas, ou com uma bengala nas poucas vezes que era visto de pé.

Nos últimos anos, ele enfrentou vários problemas de saúde, incluindo dores no joelho e no quadril, uma inflamação do cólon e dificuldades respiratórias.

Em junho de 2023, o pontífice foi hospitalizado por 10 dias no hospital Gemelli e passou por uma operação de hérnia abdominal, que exigiu anestesia geral.

Em dezembro do mesmo ano, também devido a uma bronquite, o pontífice desistiu de participar na COP28 de Dubai, a grande reunião de cúpula anual do clima, organizada pelas Nações Unidas.

E no fim de março de 2024, o pontífice cancelou na última hora sua participação na Via-Crúcis do Coliseu de Roma. Poucos dias depois, no entanto, conseguiu celebrar a missa da Páscoa.

Em 14 de fevereiro, Francisco foi internado em Hospital Gemelli, em Roma, para tratar um quadro grave de pneumonia, e recebeu alta em 23 de março. O médico Sergio Alfieri afirmou que o papa teria que passar por um período de repouso de pelo menos dois meses.

Autobiografia

Em autobiografia lançada em janeiro desde ano, Francisco relembrou a infância na Argentina e a escolha como papa em 2013. "Lembro-me dos meus pecados e sinto vergonha. Sou um pecador", afirmou o pontífice na obra.

O livro reúne por meio de anedotas as mensagens que representaram os pilares do pontificado de Francisco: a busca pela paz, o acolhimento de imigrantes e a defesa do meio ambiente.

Ele também revelou que escapou de duas tentativas de atentados durante viagem ao Iraque, em março de 2021. Na época, a polícia alertou a guarda do Vaticano que uma mulher carregada de explosivos viajava para Mossul para se explodir durante a visita do papa. Um veículo também teria sido conduzido a toda velocidade com a mesma intenção.

Origem do nome Francisco

Dias depois de ser eleito papa, Jorge Mario Bergoglio explicou o porquê de ter escolhido o nome Francisco: “Na eleição, eu tinha ao meu lado o arcebispo emérito de São Paulo (Dom Claudio Hummes), um grande amigo. Quando a coisa começou a ficar um pouco perigosa, ele começou a me tranquilizar. E quando os votos chegaram a 2/3, aconteceu o aplauso esperado, pois, afinal, havia sido eleito o papa. Ele me abraçou, me beijou e disse: 'Não se esqueça dos pobres'. Aquilo entrou na minha cabeça. Imediatamente lembrei de São Francisco de Assis”, contou.

A primeira viagem apostólica do pontificado de Francisco foi no Rio de Janeiro, de 22 a 29 de julho de 2013, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.

Publicado originalmente no O Povo+

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