10 de abril de 2025

Extrema direita sequestra símbolos progressistas, por Plínio Bortolotti

Na Paulista o deputado Nikolas Ferreira comparou Débora do batom com ativista negra na segregação americana (Foto: Reprodução/Facebook)

A extrema direita já não está achando suficiente apresentar-se como defensora da "liberdade", distorcendo esse conceito, para defender seus interesses mesquinhos e pregar o autoritarismo.

Na compreensão dessa gangue, "liberdade" é o "direito" de fazer ameaças de morte impunemente, orientar quadrilheiros a perseguirem adversários, caçar pessoas nas ruas na ponta de uma arma, depredar instituições e tramar um golpe contra a democracia.

Agora sequestram símbolos históricos da luta progressista para justificar os crimes que cometem.

Primeiro foi o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), ao comparar Débora Rodrigues com Rosa Parks, o que é um insulto, senão uma heresia.

Entre outros crimes, "Débora do Batom", assim conhecida por pichar a estátua da Justiça utilizando esse material, foi condenada pelo Supremo, Tribunal Federal (STF) por cinco crimes, entre eles tentativa de golpe de Estado. Ela foi participante do ato de 8 de janeiro de 2023, que depredou a sede dos três poderes, como parte de um plano para depor um governo legitimamente eleito.

Rosa Parks foi presa em 1955, em Montgomery (Alabama) por recusar-se a ceder seu assento no ônibus a um homem branco, como mandava a lei de segregação racial, durante o período em que vigorou o apartheid nos Estados Unidos.

A resistência dessa mulher negra provocou um boicote aos ônibus que durou mais de um ano, terminando com a Suprema Corte americana proibindo a segregação nesse meio de transporte.

O ato de coragem de Parks também marcou o início da luta por direitos civis nos Estados Unidos, quando surgiu a liderança de um jovem pastor negro da Igreja Batista: Martin Luther King.

Agora é a vez de Marine Le Pen, líder da extrema direita francesa. Condenada por desvios de recursos do Parlamento Europeu, ela recebeu pena de quatro anos de prisão e cinco anos de inelegibilidade. Ela ousou comparar-se a Luther King, ao dizer que vai lutar pacificamente contra a condenação.

Essas equivalências disparatadas podem ser consideradas falta de noção ou falta de vergonha, o que são. Mas, na verdade, fazem parte da tática da extrema direita de distorcer os fatos para confundir adversários, ao tempo em que oferece "argumentos" para os seguidores fanáticos

Publicado originalmente no O Povo+

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