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A recusa da defesa à anistia, por muitos brasileiros, pode ser um bom sinal da maturidade que estamos alcançando como País (Foto: Alexandre Cassiano) |
Por outro lado, com certeza, foi um alívio para o Brasil. Pela primeira vez em muitos anos, percebo que, talvez, muitas pessoas, mesmo aquelas que votam na direita e até na extrema direita parecem cansadas. Comecei a pensar assim quando vi um vídeo de Bolsonaro vaiado num estádio, em Brasília, durante um jogo do Palmeiras há um mês. No lugar do uníssono "Mitôôôôô", o que saiu das arquibancadas foi: "Vai ser preso", sufocando as palmas. No Rio, o ex-presidente foi xingado — não acho xingamentos uma coisa legal em nenhuma situação — também em um estádio. Nas duas ocasiões, ele deixou o lugar.
O que me chamou atenção nesses dois episódios é que Bolsonaro sempre se vangloriou do apelo da sua presença, como se estivesse viciado nos aplausos e no corpo-a-corpo. Talvez tenha mesmo considerado que havia se transformado em um mito. Bolsonaro percebeu há algum tempo que não tinha um Exército para chamar de seu — tampouco as Forças Armadas - quando concordou e até fomentou abertamente com o plano de mudar as regras do jogo democrático brasileiro nas eleições de 2022.
Agora, ele vê que o povo que ele se gabava de ter ao lado, também está repensando se vale ou não a pena lutar pela anistia daqueles que Bolsonaro agora defende, mas que todos sabem, o seu único interesse é ele mesmo.
Em seu discurso, o ex-presidente insiste em se colocar como um problema nacional que precisa de solução favorável a ele. É um homem dos extremos. "Preso ou morto", ele se considera uma questão fundamental. O delírio grandiloquente de Bolsonaro não o deixa ver que a Nação não precisa dele, aliás, não precisa de ninguém com tão sérios problemas a serem resolvidos.
As questões do rapaz com a Justiça foram criadas a partir das suas próprias escolhas e atitudes enquanto presidente da República e que estavam fora dos quadrantes constitucionais. Bolsonaro foi condenado pelo TSE por atentar contra as eleições de 2022, num julgamento aberto com direito a ampla defesa. Agora, será julgado por atentar contra a democracia no País, arrastando consigo graduados das Forças Armadas. Tudo largamente documentado e delatado. Seus advogados o estão defendendo livremente, em pleno regime democrático.
A
recusa da defesa à anistia, por muitos brasileiros, pode ser um bom sinal da
maturidade que estamos alcançando como País, depois das últimas experiências
políticas. Bolsonaro precisa ser julgado apenas por todos os seus atos e sua
defesa precisa esgotar até o último recurso a que tem direito. A Justiça não
pode fazer política com o ex-presidente. Ele merece um justo julgamento, e nós,
brasileiros que acreditamos no Poder Judiciário, esperamos que a Justiça o
alcance. Definitivamente, Bolsonaro não é um problema nacional.
Publicado
originalmente no O Povo+
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