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Ao longo do dia, o plenário da Câmara foi tomado por gritos de ordem e por discussões acaloradas entre parlamentares de extrema-direita e esquerda (Foto: Lula Marques/Vanilson Oliveira) |
A principal pauta do mundo político, nesta quarta-feira, foi a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado. Do presidente da República aos congressistas de oposição e de situação, as declarações giraram em torno de uma possível condenação e prisão do ex-chefe do Executivo.
Ao longo do dia, o plenário da Câmara foi tomado por gritos de ordem e por discussões acaloradas entre deputados de oposição e governistas.
Do lado da oposição, a denúncia da PGR foi classificada como uma "peça de ficção". Políticos aliados a Bolsonaro criticaram as provas citadas na denúncia e disseram que as alegações são fracas.
Alguns dos principais nomes do bolsonarismo no Congresso leram, no Salão Verde da Câmara, um manifesto, segurando placas que diziam "Anistia já!" e "Perseguição política".
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Parlamentares de extrema-direita pediam anistia aos golpistas (Foto: Vanilson Oliveira) |
"A denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o nosso presidente Jair Bolsonaro pela suposta tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes alegados, mas jamais comprovados, representa mais um degrau nessa escalada criminosa contra a liberdade dos brasileiros. (...) Trata-se de uma série de acusações desprovidas de evidências concretas que sustentem as graves acusações imputadas. Uma verdadeira peça de ficção", diz um trecho do manifesto lido pelo deputado Coronel Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara.
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), também esteve presente e defendeu o PL da Anistia, que tramita na Câmara. Assim como tem feito Bolsonaro, ele pediu penas mais leves aos golpistas do 8 de Janeiro. "Não somos favoráveis à depredação, ao vandalismo de prédios públicos. Achamos que quem fez, e foi provado através da individualização das culpas, deve ser responsabilizado. Mas não com 17 anos, 15 anos, 14 anos."
Reação
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Parlamentares da esquerda se manifestavam contra a anistia aos golpistas (Foto: Lula Marques) |
Do lado dos governistas, o tom foi completamente diferente. Pouco depois do pronunciamento da oposição, os deputados alinhados ao presidente Lula apareceram com cartazes, com a frase "sem anistia" e charges satirizando Bolsonaro, para fazer um pronunciamento no mesmo local.
Estiveram presentes o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ); a presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PR) e outros deputados do PT, PSB, PSol e PCdoB. "Ninguém aqui está comemorando, festejando porque o ex-presidente foi denunciado, vai ser julgado e vai ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal. (...) Os fatos aqui são gravíssimos. Esta é uma das páginas mais tristes da história deste país", enfatizou Lindbergh Farias.
Já Gleisi Hoffmann ressaltou que Bolsonaro sabia que só derrotaria Lula derrotando também o processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito. "E é estarrecedor saber também em detalhes que Bolsonaro foi consultado sobre o plano para assassinar o presidente Lula. Para assassinar Alckmin, para assassinar Alexandre de Moraes. E anuiu com isso. Está lá na denúncia. Nós estamos diante de um fato muito grave contra a democracia", acrescentou.
No Palácio do Planalto, Lula foi comedido ao comentar o assunto. "O que eu posso dizer é que, neste país, no tempo em que eu governo o Brasil, todas as pessoas têm direito à presunção de inocência. Se provarem que não tentaram dar golpe e que não tentaram matar o presidente, o vice e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ficarão livres e serão cidadãos que poderão transitar pelo Brasil inteiro", respondeu, ao ser questionado por jornalistas.
Segundo Lula, "se na hora que os juízes forem julgar, chegarem à conclusão que são culpados, eles terão que pagar pelo erro que cometeram". "O processo vai para a Suprema Corte, e eles terão todo o direito de se defender. Não posso comentar mais nada do que isso."
Publicado originalmente no Correio Braziliense
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