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12 de dezembro de 2024

Grupo de Camilo barrou Izolda para o TCE

É a segunda vez que Izolda Cela, uma das responsáveis pelo sucesso da educação cearense, é preterida por aliados no Estado (Foto: Fernanda Barros)

O grupo do ministro Camilo Santana (PT) barrou a escolha de Izolda Cela (PSB) para vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ex-governadora do Ceará, a pessebista havia manifestado intenção de pleitear assento de conselheira na corte, mas o nome definido pela base do petista foi o da secretária da Proteção Social do governo estadual, Onélia Santana, com quem Camilo é casado.

O martelo foi batido pelo ministro da Educação, de quem Izolda era secretária-executiva até antes das eleições de 2024, quando concorreu à Prefeitura de Sobral e perdeu – o vencedor foi Oscar Rodrigues (União Brasil). Para reduzir o mal-estar que se instalou no grupo após o processo que levou Onélia a ser apresentada como candidata ao TCE (a sabatina da secretária está prevista para hoje, na CCJ da Assembleia Legislativa), o prefeito eleito Evandro Leitão (PT) convidou Izolda para assumir a pasta da Educação de Fortaleza.

A ex-governadora, contudo, ainda não respondeu nem positiva nem negativamente. Izolda pediu tempo para considerar o convite. O gesto, segundo interlocutores, revela que a recusa a sua postulação para o TCE não foi digerida e que ela tenderia a rejeitar a missão de comandar uma secretaria na capital cearense. A coluna procurou a ex-governadora, mas não houve retorno.

Izolda preterida – de novo

É a segunda vez que Izolda Cela, uma das responsáveis pelo sucesso da educação cearense, é preterida por aliados no Estado. A primeira foi em 2022, quando, então ocupante do cargo de chefe do Executivo com a desincompatibilização de Camilo, sinalizou que concorreria à reeleição.

A gestora, porém, encontrou resistência no próprio partido, à época o PDT, que acabou lançando Roberto Cláudio para postular o Abolição – o ex-prefeito terminaria a disputa em 3º lugar. Duas semanas depois de perder a corrida interna para RC, Izolda anunciou desfiliação do PDT. Já neste ano, ingressou no PSB junto com o senador Cid Gomes.

Pela legenda, tentou a Prefeitura de Sobral, mas encarou desgaste da administração de Ivo Gomes, acentuado pela adoção da taxa do lixo. Em entrevista ontem em evento promovido pelo O POVO, a nº 2 do MEC descartou retornar para a função no ministério.

A decisão se dá logo após o bloco "camilista" alçar Onélia como potencial conselheira – a secretária não deve encontrar dificuldades para ter nome aprovado, salvo reviravolta, tal como uma desistência.

Constrangimento na base

A rejeição a Izolda para o TCE compromete a defesa da base governista em torno de Onélia, apresentada como candidatura única – não era, havia também a ex-governadora – e resultado de consenso – que não havia, já que muitos integrantes do arco de sustentação do governador Elmano de Freitas (PT) julgavam que a pessebista era tecnicamente mais preparada e politicamente mais bem posicionada no grupo.

A esse respeito, recorde-se que Izolda esteve sempre a serviço do bloco, cumprindo tarefas vitais para a construção do capital tendo como principal ativo a educação pública de qualidade. Finalmente, o veto a Izolda para o tribunal põe por terra ainda a tese segundo a qual as críticas à indicação de Onélia não passavam de machismo.

Moral da história

Se tudo já não parecia muito republicano (embora legal e tristemente comum), esses novos elementos envolvendo Izolda Cela tornam o enredo pior ainda, já que não se poderá mais sustentar que a indicação da secretária para a vaga no TCE se devia a critérios estritamente técnicos. Afinal, se o parâmetro fosse realmente esse, Izolda estaria sendo votada agora pelos deputados para conselheira

Publicado originalmente no O Povo+

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