Governador do Ceará, Elmano de Freitas, em entrevista exclusiva para OPOVO/CBN (Foto: Aurélio Alves) |
O governador Elmano de Freitas talvez tenha tentado despistar, mas o princípio que rege a mudança no seu secretariado é fundamentalmente político, salvo uma ou outra exceção. Ou seja, orienta-se para o projeto de tentativa de reeleição, desde já uma realidade para o petista.
Afinal, trata-se de uma dança das cadeiras que afeta 13 postos, é verdade, mas o grosso da reforma se dá pela necessidade do Abolição de ajustar sua máquina para o cenário pós-eleições de 2024. Isso inclui ampliar espaços de aliados e reduzir o de outros, acomodar mais nomes vinculados a algumas lideranças do que a outras.
É do jogo partidário. Daí que o redesenho da estrutura do primeiro escalão se resuma basicamente a três elementos: fortalecimento do PSD e de Domingos Filho; reaproximação entre Elmano e o senador Cid Gomes (PSB) a partir da indicação de quadros próximos do ex-governador para compor a equipe; e a remontagem do núcleo decisório da gestão sob chave mais "camilista", com o deslocamento da dupla Max Quintino (Pecém) / Waldemir Catanho (Detran) e o embarque de Chagas Vieira (Casa Civil) e o remanejamento de Nelson Martins (Articulação).
Abolição:
novo mapa do poder
A rigor, então, o governador redistribuiu o poder entre aliados cujas forças se atualizaram no último pleito. É o caso de Domingos, dirigente do PSD e pai de Gabriella Aguiar (vice-prefeita eleita), mas também o de Cid, que, mesmo não sendo mais o grande artífice do bloco (hoje esse papel é de Camilo Santana), ainda é muito influente para ser deixado de lado.
Some-se a isso o protagonismo da vice-governadora Jade Romero (MDB), que chega a uma vitaminada Secretaria de Proteção Social (SPS) parte em razão do capital que acumulou neste ano (na defesa de Evandro Leitão para o Paço e de Onélia Santana para o TCE), parte pela relevância de Eunício Oliveira no conjunto de membros do arco de sustentação.
Eis, portanto, as grandes novidades do freio de arrumação de Elmano: consolidar os laços com essas figuras de peso ("amarrar", como se diz no jargão), vacinando-se contra qualquer hipótese de descontentamento (já manifestada por Cid) que possa atrapalhar o andamento da campanha de logo mais; e potencializar as atribuições de Jade, que passa ao comando de uma "super-pasta" cujo guarda-chuva contempla os principais projetos na área social do governo de Elmano.
A
marca de Camilo
Não há dúvida, porém, de que a condição de possibilidade da reforma se assenta numa alteração que a antecedeu, que é a reformulação na Casa Civil. Nomeadamente, o retorno do "chaguismo" ao Abolição, para usar termo cunhado por colega para se referir a essa projeção mais expressiva do gestor do Executivo nas redes, mantendo diálogo aberto e em todos os canais disponíveis e operando sob a lógica da agenda positiva. Funcionou lá atrás - num contexto muito específico, o da pandemia.
Não se sabe como será com Elmano. Dito isso, convém observar que o eixo estratégico da administração foi refeito à imagem de Camilo, a despeito da participação de um ou outro ator mais ligado ao atual governador do Estado.
Publicado
originalmente no O Povo+
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