Onélia Santana em sabatina na CCJ da Assembleia Legislativa do Ceará (Foto: Fernanda Barros) |
Oficialmente, nove deputados puderam votar na comissão, com resultado terminando em sete favoráveis à indicação e dois contra. Outros parlamentares acompanharam no auditório lotado com assessores e nomes ligados à secretária que reagiam em resposta dela ou falas de aliados. A imprensa ficou do lado de fora da sala da comissão e a sessão não foi transmitida ao vivo, como costuma ocorrer com outras reuniões colegiadas. Em determinado momento, os jornalistas foram convidados a se retirar da sala.
Com base em gravação de trechos da sessão e transmissão ao vivo publicada nas redes sociais pelo deputado da oposição Carmelo Neto (PL), O POVO reconstitui partes da sabatina. Onélia discursou e prometeu "transparência e imparcialidade". "Sempre acreditei que a verdadeira força de uma conselheira está na capacidade de agir com imparcialidade, sem interesses pessoais e políticos”, disse.
Ela apresentou currículo, os cursos que fez e citou passagens por projetos e pela secretaria. "Minha experiência profissional como gestora pública me preparou para decisões colegiadas, estratégicas essenciais na corte de contas. As minhas decisões liderei com seriedade, firmeza, mantendo o meu foco nos aspectos técnicos e jurídicos", argumentou.
Onélia citou também a questão de gênero durante o discurso. "Tenho a convicção de que a minha condição de mulher em um ambiente político ainda predominantemente masculino, me fez quebrar barreiras e ajudar outras mulheres que lutam ao meu lado a abrir caminhos para as novas gerações”.
Com uma maioria de deputados da base, fato já explicitado com a assinatura de 40 deputados para indicação da secretária, três parlamentares fizeram mais questionamentos incômodos. “O Tribunal de Contas exige idoneidade moral, a senhora acredita que o indiciamento por compra de votos está em conformidade com esse requisito essencial para ocupar um cargo de tamanha responsabilidade?”, perguntou Carmelo.
Em outro momento, o parlamentar mencionou novamente a investigação da PF iniciada quando uma assessora da então primeira-dama foi presa em flagrante com R$ 50 mil em maços de dinheiro em envelopes em 2016. “Embora a ação tenha sido julgada improcedente, eu tenho uma dúvida: a senhora sabe de quem era aquele dinheiro vivo em espécie?”, perguntou. O deputado Alcides Fernandes (PL) também citou o mesmo tema.
Sargento Reginauro (União Brasil) pontuou que o momento não era uma discussão “de partidos ou de gênero”. Ele chegou a pedir vistas ao apontar a falta de um documento tido como essencial para o prosseguimento da sabatina. Houve um intervalo de 20 minutos e, quando retornou, o deputado questionou sobre Onélia, como conselheira, analisar as contas de aliados de Camilo Santana (PT), com quem é casada.
“São questões delicadas e técnicas que podem inviabilizar o trabalho dela como conselheira do TCE. Infelizmente, nós temos poucos deputados de oposição na Casa e a base do governo se restringiu mais a clamar a história e a carreira de Onélia Santana do que fazer uma sabatina”, resumiu depois.
“Eu sou uma pessoa limpa, entreguei ontem todas as minhas certidões. Nada consta em absolutamente nada, meu nome é limpo. E por isso eu exijo respeito. O que eu tenho visto nas redes sociais é fakes news, é distorcendo as realidades dos fatos. É, muitas vezes, você está sendo julgada ali nas redes sociais. O que tenho pra dizer é que meu nome é limpo, todas as certidões foram entregues, quem quiser pode olhar”, afirmou Onélia. E seguiu ao afirmar que vai seguir com “autonomia e isonomia”.
Ao defender Onélia, Osmar Baquit (PDT) lembrou da indicação de Patricia Saboya para o TCE. A ex-senadora foi casada com Ciro Gomes (PDT), irmão do então governador Cid Gomes (PSB). “O que vai valer é a postura da doutora Onélia lá no tribunal julgando com isenção. Isso aconteceu quando a Patrícia Saboya foi e está a Patricia aí fazendo um belíssimo trabalho no tribunal sem ninguém questionar uma vírgula", disse.
A deputada Jô Farias (PT) elogiou Onélia e disse ter um "profundo respeito e admiração". "Acompanhei e fiz o seu trabalho e fiz parte desde o início e talvez me emocione por você colocar a vida humana em primeiro lugar. Acompanhei o nascimento do Mais Infância, que você abraçou", disse. A parlamentar afirmou que a indicação de Onélia vai reparar a baixa presença de mulheres na Corte.
Onélia saiu da sabatina sem dar entrevistas após a aprovação. Ela deixou o local pela parte interna da Assembleia. O líder do governo e presidente eleito da Alece, Romeu Aldigueri (PDT) e o líder do PT, De Assis Diniz, responderam a questionamentos da imprensa. O plenário da Assembleia irá votar a indicação de Onélia Santana em sessão especial na manhã da sexta-feira, 13. A votação será presencial, e a projeção é de que haja uma aprovação folgada.
Publicado
originalmente no O Povo+
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