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7 de dezembro de 2024

Bolsonaro admite ter discutido "hipóteses" com comandantes após eleição de 2022

Na entrevista exclusiva à Rádio Gaúcha Bolsonaro se esquivou de responder diretamente sobre medo de prisão (Foto: Reprodução/RG)

Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista exclusiva à Rádio Gaúcha, nesta sexta-feira (6/12). Entre diversas declarações polêmicas, o ex-presidente confirmou que discutiu “hipóteses” dentro "das quatro linhas" com comandantes das Forças Armadas após as eleições de 2022 e que, mesmo inelegível, garante que será o candidato em 2026.

Perguntado logo no início do programa sobre a participação dele no planejamento de um golpe de Estado em 2022, de acordo com 884 páginas do inquérito da Polícia Federal (PF), Bolsonaro respondeu: “A minha participação foi a mesma de vocês (repórteres): zero”. 

“Primeiro que não acredito em golpe”, continuou. Ele disse que os depoimentos presentes no inquérito “não ligam a nada” e que a investigação da PF trata-se de “uma perseguição sem tamanho” contra ele. “Eu não acredito em golpes, da minha parte zero, e nem por parte da acusação que cai sobre esses militares.”

Em dois minutos de entrevista, ele se exaltou e aumentou o tom de voz: “A Polícia Federal tá mentindo descaradamente, uma vergonha essa parte da Polícia Federal”.

Sobre não aceitar o resultado das eleições, o ex-presidente esclareceu as ações que teve após a vitória de Lula. “Acabaram as eleições, nós vimos algumas inconsistências e peticionamos o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), tá ok? Qual foi a resposta no dia seguinte? Indeferimento e uma multa de R$ 22 milhões para o Partido Liberal. Nós nos reunimos e falamos: ‘vamos fazer o quê?’. Se nós recorrermos, a multa pode passar para R$ 200 milhões e até mesmo (pode) ser caçado o registro do partido (...). A partir do momento em que eu não posso mais recorrer à (Justiça) eleitoral, o que nós fizemos? Onde nós poderemos conseguir uma alternativa dentro das quatro linhas da nossa Constituição para a gente questionar o resultado (das eleições)?”

As “quatro linhas”, segundo ele, seriam “Estado de sítio, Estado de defesa, GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e intervenção federal”. Bolsonaro confirmou, também, que, na reunião que teve com comandantes do Exército e da Aeronáutica, em 7 de dezembro de 2022 — ele diz não se lembrar da data —, “em nenhum momento” foi mencionada a palavra ‘golpe’. “Quem fala golpe é a Polícia Federal. O que o comandante do Exército diz é o seguinte: foram conversadas hipóteses sobre sítio, defesa e GLO (Garantia da Lei e da Ordem).”

Ele não quis explicitar como foi a reunião do dia 7 de dezembro, mas falou que para “golpe você não faz plano, golpe não tem GLO, estado de defesa”.

O plano de assassinatos de opositores

Na entrevista, Bolsonaro foi questionado sobre o suposto plano de matar Lula, Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), escrito e impresso em uma impressora do Palácio do Planalto, de acordo com a PF. Perguntado sobre o fato de ter participado de várias reuniões com as pessoas responsáveis pelo plano, Bolsonaro insistiu que a “minuta do Golpe” não foi divulgada e que para ele "é novidade" o plano "para matar alguém”.

“Desconheço e não consigo imaginar que alguém teria feito um plano disso aí. Jamais passaria pelo meu crivo matar quem quer que seja.” No entanto, ele admitiu que “foi conversado sobre possibilidades dentro das quatro linhas, e aí tinha tudo: sítio, defesa, GLO, interferência federal, tinha tudo”. Com a impossibilidade de seguir os planos, ele disse, “acabou, ninguém levou avante essa proposta”.

Questionado se temia ser preso, Bolsonaro se esquivou de responder diretamente. “Qual é a acusação contra mim? O que tem de prova contra mim?”, disse.

Além disso, o ex-presidente falou sobre questionamento feito em 2018 em relação a disparo de mensagens em massa para captação de votos. “Eu sou um candidato sem grana, que disparo que nada”, afirmou. “Eu não podia falar que o Lula, por exemplo, defendia aborto; que o Lula defendia ladrão de celular para tomar cervejinha; que o Lula era amigo de ditadores, como Chaves, Maduro, Ortega, entre outros...”

Sobre estar inelegível, ele disse que “nem deveria ter sido condenado, mas o TSE era parcial, agora o TSE tá equilibrado”. Assim, deu a entender que busca reverter a decisão, e, quando perguntando sobre um possível sucessor para 2026, disse: “Não, sou eu mesmo, física ou politicamente, sou eu mesmo”.

“O plano A sou eu, o plano B sou eu também, o plano C sou eu, a não ser depois da minha morte física ou política em definitivo, que eu vou pensar em possível outro nome”, finalizou.

Jair Bolsonaro também comentou sobre a reforma de R$ 900 mil em uma casa dele em Angra dos Reis, e disse que pagou a quantia via PIX.

Publicado originalmente no Correio Braziliense

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