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12 de novembro de 2024

Projeto do PT é mais Tasso que Cid, por Érico Firmo

Os ex-governadores Ciro, Tasso, Camilo e Cid Gomes em imagens de arquivo do jornal O Povo

O projeto de poder do PT no Ceará começou em janeiro de 2022. O partido já estava no governo havia sete anos, com Camilo Santana. Mas, não era um Camilo realmente petista. Era uma ramificação do grupo Ferreira Gomes. No começo daquele ano, o partido começou a filiar prefeitos. Ao longo de 2021, o então governador dizia que só iria tratar de eleição em 2022. Fez isso já a partir dos primeiros dias do ano. “Camilo agora resolveu ser articulador”, ouvi na época de um petista graúdo, que ria sobre a mudança de postura. Realmente, Camilo passou sete anos mergulhado na gestão e pouco envolvido na linha de frente das negociações políticas. As que tentava não davam muito certo, como movimentos para tentar aliança entre PDT e PT em Fortaleza em 2016 e 2020, ou quando quis emplacar Élcio Batista ou Nelson Martins como candidato a prefeito. Nisso, entre outras coisas, Camilo é bem diferente de Elmano de Freitas (PT). O atual governador é, desde sempre, mais enfronhado no PT. Sempre gostou mais de política, e nunca deixou de estar envolvido desde que tomou posse.

Em 13 de janeiro de 2022, escrevi sobre a mudança do hoje ministro. “Interessante notar quem era Camilo ao chegar ao poder em janeiro de 2015. Era um produto do laboratório político dos Ferreira Gomes. Tímido, sem grande oratória, não propriamente carismático, sem liderança própria. Escolhido ele como poderia ter sido uma das tantas outras alternativas. (...) Naquela época, era impensável Camilo sem os Ferreira Gomes. O governador era pouco mais que um apêndice. Hoje, o governador é maior que os Ferreira Gomes. Mais popular, sem dúvida. (...) O rumo que deu aos Ferreira Gomes foi de muito mais conciliação, em contraponto ao estilo conflituoso dos irmãos, sobretudo na fase final de Cid Gomes.”

Na época, escrevi ainda: “Em que Camilo é menor que os Ferreira Gomes? No poder político. Não tem um grupo claro e organizado. Não controla nem o próprio partido. Camilo deixa o governo, provavelmente, dentro de dois meses e meio. E demonstra que quer mudar isso no tempo que lhe resta no cargo.” Bem, ele fez isso e conseguiu com louvor. Ao menos para ele.

A forma de exercício do poder do projeto Camilo-Elmano é bem diferente, no fazer político, do que era feito na época de Cid Gomes. Os Ferreira Gomes eram chamados de oligarquia, mas havia compartilhamento de poder com as várias forças. Cid estava no auge da força em 2010 e, na campanha de reeleição, teve candidato a vice e dois candidatos a senador de outros partidos. Nos primeiros quatro anos de Cid, o partido não tinha a Assembleia Legislativa. O maior número de prefeitos era do PSDB, até 2011. A Prefeitura de Fortaleza era aliada, com o PT, que também estava na Presidência. O PT hoje tem Governo do Estado, Prefeitura de Fortaleza, está na Presidência da República e buscará a presidência da Assembleia Legislativa.

Não falo na visão de Estado e de políticas públicas. Mas, na forma de fazer política, na ocupação de espaços e no “hegemonismo”, o atual projeto se assemelha mais ao do PSDB de Tasso Jereissati, que chegou a ter governador, vice, presidente da Assembleia e os três senadores, além da amplíssima maioria dos prefeitos pelo Interior. Mas, o partido nunca teve a Prefeitura da Capital.

A postura dos Ferreira Gomes

Ciro Gomes (PDT) e Cid Gomes (PSB) romperam feia e publicamente, mas não têm leituras tão distintas do que o PT faz. A divergência é sobre o que fazer. Ambos veem a concentração de poder, e se incomodam. Cid protestou por o PT indicar o candidato a prefeito. Se Evandro fosse depender do lânguido envolvimento do senador na campanha, não conseguia ser suplente de vereador em São João do Jaguaribe. Porém, Ciro se contrapõe com toda energia, enquanto Cid, até agora, acha que o caminho mais viável é manter a aliança a um grupo político de poder quase absoluto e com um líder muito popular. Ciro, além de tudo, acha que o irmão se mete numa enrascada ao alicerçar a influência em prefeitos de pequenos municípios, dependentes demais que são do Governo do Estado.

Com informações portal O Povo +

Publicado originalmente no

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