Eudoro Santana e Cid Gomes em reunião do PSB (Foto: Aurélio Alves)
A
volta dos que não foram
O assunto à mesa, evidentemente, são os termos da aliança com o PT. Em bom português: uma repactuação do contrato, considerado desfavorável tendo em vista o papel desempenhado por Cid nas duas últimas eleições. O fato de que estivesse ali afirmando com todas as letras que não havia definido qualquer rumo é um indicativo concreto de que continua aberto ao diálogo, ao menos em tese. Logo, se rompeu com Elmano, recuou. Se não rompeu, passou aos mais próximos uma mensagem desencontrada cuja leitura permitiu interpretações diversas, inclusive a de que ele não compunha mais o bloco governista. Das duas alternativas, a do recuo soa mais verossímil. É possível imaginá-lo, num gesto mercurial, mandando a aliança às favas após a escolha de Fernando Santana (PT) para a presidência da Assembleia, assim como é perfeitamente cabível que tenha reconsiderado a atitude talvez intempestiva e ponderado melhor a situação depois de ouvir gente de confiança.
A
reação do PT e a de Camilo
Houve, porém, reações diferentes ao hipotético rompimento de Cid. Uma do PT e outra de Camilo. Na legenda, a posição do senador foi tratada como contornável desde o início, como se intuíssem que ele não tivesse tantas opções, salvo manter-se atrelado ao bloco e tentar se viabilizar para 2026 numa costura direta com o ministro da Educação, como se Cid fosse um problema de Camilo, e não do partido. De fato, ouvi de um petista relato segundo o qual a investida contra Elmano não tinha força para dissuadir a base (leia-se, as lideranças do PT e o governador) da indicação de Fernando. Da parte de Camilo, por sua vez, a conversa se deu noutro tom. O chefe do MEC se mostrou visivelmente preocupado, a ponto de acenar, já numa primeira declaração, com o compromisso de apoiar o amigo para o Senado daqui a dois anos, a despeito do leque de governistas interessados nas duas cadeiras livres, a exemplo de Chiquinho Feitosa (Republicanos), José Guimarães (PT) e Eunício Oliveira (MDB). Resumo da ópera: o PT fez pouco caso do rompimento, enquanto Camilo tentou se blindar.
A
preocupação é 2026
Entre
petistas, no entanto, existe uma tácita preocupação quanto ao papel que Cid
poderia ter na oposição caso levasse adiante a disposição para o rompimento. O
motivo é claro: apenas ele, conforme avaliação de alguns, reuniria condições de
recompor o campo adversário, naturalmente não sobre as mesmas bases pré-cisão
entre PT e PDT, mas ainda assim com chances de chegar ao pleito coesionado em
torno de uma candidatura mais competitiva. Daí os muitos esforços, visíveis e
nos bastidores, para retê-lo perto do Abolição.
Publicada originalmente no portal O Povo +
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