Lula com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa (Foto: Ricardo Stuckert)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva transferiu ontem, em seu discurso de encerramento da cúpula do G20, a presidência do bloco para a África do Sul. Com a voz embargada, ele citou o ex-presidente sul-africano e Nobel da Paz Nelson Mandela, oferecendo a ajuda brasileira na cúpula de Johannesburgo, ano que vem.
"Depois da presidência sul-africana, todos os países do G20 terão exercido, pelo menos uma vez, a O Povo liderança do grupo", afirmou Lula aos líderes presentes na plenária do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio. "Será um momento propício para avaliar o papel que desempenhamos até agora e como devemos atuar daqui em diante. Temos a responsabilidade de fazer melhor. É com essa esperança que passo o martelo da presidência do G20 para o presidente (Cyril) Ramaphosa."
Ao oficializar a passagem da presidência, Lula disse que aquela não era uma transferência comum, mas sim "a expressão concreta dos vínculos históricos, econômicos, sociais e culturais que unem a América Latina e a África".
"A África do Sul poderá contar com o Brasil para exercer uma presidência que vá além do que pudemos realizar. Lembro as palavras de outro grande sul-africano, Nelson Mandela, que disse: ‘É fácil demolir e destruir; os heróis são aqueles que constroem’. Vamos seguir construindo um mundo justo e um planeta sustentável."
Antes, Lula celebrou os avanços da cúpula, que viveu momentos de incerteza sobre a assinatura do documento final, já que o presidente argentino, Javier Milei, dava sinais de que poderia não apoiar o acordo.
Em dois dias de cúpula, o Brasil lançou uma aliança global contra a fome e a pobreza com a adesão de 82 países, incluindo a Argentina. Lula também celebrou a início dos debates sobre taxação de super-ricos, outro tema que gerou intensas discussões
Ontem, os líderes do G20 aprovaram por consenso a declaração final. Houve a inclusão de última hora de duas palavras em dois parágrafos diferente. A declaração fala de "paz" na Ucrânia, pede o cessar-fogo na Faixa de Gaza, defende taxação dos mais ricos e aborda temas como Inteligência Artificial e igualdade de gênero.
O presidente argentino, Javier Milei, fez as ressalvas ao texto de forma oral. Assim, o documento foi aprovado sem objeções. As ponderações do argentino foram anotadas, mas não constam da versão final do documento de 22 páginas e 85 parágrafos.
Foto oficial
A
organização da cúpula decidiu ontem tirar uma nova "foto de família"
dos líderes do grupo, agora incluindo o presidente dos EUA, Joe Biden, o premiê
canadense, Justin Trudeau, e a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que
ficaram de fora da primeira foto feita na segunda-feira. Desta vez, porém,
ficaram de fora Milei e o chanceler russo, Serguei Lavrov - ambos estavam em
agendas paralelas.
Publicada originalmente no portal O Povo +
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