18 de novembro de 2024

Após rompimento, aliados de Cid veem futuro incerto

Cid já tinha criticado anteriormente a concentração de postos de poder do PT (Foto: Edilson Rodrigues)

O rompimento do senador Cid Gomes (PSB) com o governo de Elmano de Freitas (PT) ainda é recente e a reação no meio de político segue de espanto, sem que tenha sido mensurado qual deve ser o impacto na relação dos aliados do senador com a gestão estadual. A saída de Cid da base do petista teve como "gota d' água" a indicação de Fernando Santana (PT) para concorrer a presidente da Assembleia Legislativa (Alece) sem diálogo nem com ele nem com deputados próximos.

A projeção era que um nome do PDT, da ala mais ligada ao governo, ocupasse a vaga, mas Fernando foi apresentado como a opção da base governista para suceder Evandro Leitão (PT), eleito prefeito de Fortaleza. Cid já tinha criticado anteriormente a concentração de postos de poder do PT. Com a indicação do petista na Assembleia Legislativa, a sigla teria Governo Federal, Governo do Estado, vaga no Senado e Prefeitura da Capital, além da Assembleia.

Nos bastidores, comenta-se que Cid já tinha conversado com Camilo Santana (PT) e o ministro da Educação iria fazer parte da reunião com Elmano. Porém, o encontro aconteceu, de forma relativamente rápida, apenas com o governador e o senador. Cid não teria conseguido mudar o entendimento de Elmano e então anunciou a saída.

"Há um tempo ele já vinha se sentindo excluído das decisões e, enfim, ele resolveu que não fazia mais sentido continuar fazendo parte do grupo", disse a deputada estadual Lia Gomes, irmã de Cid, à coluna Vertical, do O POVO, assinada pelo jornalista Carlos Mazza. "Ele já vinha se pronunciando que não concordava com essa hegemonia", acrescentou.

A deputada destacou o protagonismo de Cid para a ascensão ao poder da atual estrutura de poder. "Ele sentiu que não estava sendo respeitado como alguém que teve papel crucial para a formação desse grupo".

Depois da reunião com Elmano, Cid telefonou para deputados aliados para deixá-los a par da situação e informar a decisão. Em nenhum momento, conforme os relatos, o senador pediu algo dos parlamentares quanto a posicionamento frente ao governo, nem cobrou apoio na decisão.

Assim como outros membros do grupo, Lia Gomes falou que é precipitado falar nas consequências da decisão. "É algo ainda muito recente, tivemos essa conversa anteontem, e agora ele chamou ontem só para comunicar, para que os deputados não soubessem por outras fontes. Mas não se aprofundou, isso será em outro momento", disse à Vertical.

Deputados foram informados da decisão e a maioria tem evitado fazer comentários públicos sobre o caso. Ainda pedetistas, eles tinham intenção de sair do partido e rumar para o PSB, tendo conseguido decisão favorável para desfiliação, no aguardo de avaliação final do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os deputados fazem parte da base governista e alguns até ocupam, ou ocuparam, cargos na gestão de Elmano. Robério Monteiro havia assumido como titular dos Recursos Hídricos e Salmito Filho foi secretário do Desenvolvimento Econômico. Agora, os parlamentares não sabem se o plano de filiação ao PSB segue de pé.

Falou-se sobre a expectativa de uma reunião de Cid com o grupo, mas deputados e prefeitos disseram não ter sido informados, até este domingo, de nada marcado.

A posição ainda é incerta também para os chefes dos Executivos municipais. São poucos os prefeitos que fazem oposição ao Governo do Estado, em uma dinâmica da necessidade de recursos e articulação de projetos. O PSB ficou com a maior quantidade de prefeitos eleitos no Ceará: foram 65.

Um deles é Alex Nunes (PSB), que teve 31.126 votos, 66,49% dos sufrágios em Tianguá. "Acredito que não", respondeu ao ser consultado se haveria mudança quanto ao seu posicionamento em relação ao governo Elmano. Ele defende Cid Gomes e o deputado Júnior Mano (de saída do PL) como opções para o Senado em 2026. Cid não deixou claro se vai buscar reeleição como senador.

Chegou-se a especular nas rodas políticas que o senador estaria articulando a saída do PSB, partido ao qual se filiou no início deste ano, após deixar o PDT na esteira de uma série de divergências com as instâncias estaduais justamente por causa do apoio a Elmano.

O destino cogitado seria o Podemos, não sendo a primeira vez que a movimentação é especulada. O partido é hoje uma sigla auxiliar do grupo, que recebe aliados de Cid além do PSB. Porém, por enquanto, nada foi definido, conta o presidente do Podemos no Ceará, o prefeito de Aracati, Bismarck Maia.

Ele pondera que não é "perfil" de Cid tomar ações de forma abrupta e avalia que o senador dará "tempo" para pensar com "paciência" . "Mas seria uma honra", disse sobre uma possível chegada de Cid ao partido junto de aliados.

Publicada originalmente no portal O Povo +

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