Desde a redemocratização a direita nunca venceu em Fortaleza (Fotos: Fco Fontenele e Aurélio Alves) |
O tom foi o mesmo dos últimos meses e o discurso foi de que "a campanha, independente desse resultado, já foi um sucesso". A fala agradou à plateia, que ovacionou André nas cerca de duas horas que permaneceu lá e até puxou coro de "governador, governador" - algo impossível para ele nos próximos quatro anos, pois tem 26 e a idade mínima para o cargo é 30 anos.
Com o microfone na mão, André pregou a paz entre os eleitores e prometeu uma turnê nos bairros com "o bloco do 22" para agradecer "a cada um dos eleitores". "Conseguimos mostrar que, não só Fortaleza, mas o Estado do Ceará está nessa nova agitação, rumo à mudança, rumo à prosperidade, rumo a algo nunca vivido antes", declarou, após uma rodada de selfies com a multidão ao som do principal hit da campanha.
Sem André no palco, o discurso apresentado pelo pai dele - e deputado estadual -, Alcides Fernandes (PL), não tinha nada de novo para quem acompanha o candidato. Pastor Alcides mencionou, em sua fala, a agenda conservadora que deu projeção ao filho nas eleições para deputado estadual e deputado federal.
Ao mesmo tempo que reconheceu e anunciou a derrota de André Fernandes aos eleitores, Alcides declarou: "Nós não queremos liberação de aborto, não queremos liberação das drogas, não queremos ideologia de gênero".
O discurso também agradou aos presentes, mesmo sendo uma fala bem avessa ao que o filho André apresentou ao longo de toda a campanha. Mas faz parte de uma faceta de André não vista nos últimos meses. O mesmo perfil que não trouxe a público apoiadores-símbolo desse discurso, como - e principalmente - o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Polido nas palavras, o candidato derrotado se projeta a partir de agora como uma das principais lideranças da direita cearense em todo o Estado. Sabidamente, mantém a postura para não perder o capital político conquistado, ao defender a vacinação básica e combater o feminicídio publicamente - temas antes condenados por ele enquanto deputado.
Na mesma postura já traçada por outros políticos em um passado recente, como Capitão Wagner (UB), André sinaliza uma postura menos radical daqui por diante, mais centro-direita, enquanto apoiadores próximos - como seu pai - alimentam os extremismos já defendidos publicamente.
O
observado na noite deste domingo, 27, após a derrota, só desperta dúvidas sobre
o destino político de André Fernandes. Alinhado, agora, com políticos de
história no Estado, como Roberto Cláudio e Capitão Wagner, e com enorme capital
político conquistado, qual faceta André vai manter? Como ele deve sustentar a
postura de líder desse espectro político no Estado? O moderado ou o radical de
extrema-direita? André voltará a mencionar o nome de Bolsonaro, depois que as
urnas não lhe garantiram a cadeira do Paço Municipal?
Com informações portal O Povo +
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