De acordo com os dados, uma a cada seis pessoas compartilhariam a informação falsa mesmo sabendo que não se trata de conteúdo verdadeiro (Foto: Reprodução/Quinho) |
De acordo com os pesquisadores, a mera identificação da autoria da mensagem faz com que o público acredite mais facilmente no conteúdo e, consequentemente, o compartilhe. Além disso, conteúdos em vídeo têm mais chance de serem repassados pelos usuários. A taxa média de tendência de compartilhamento de conteúdos reconhecidos como falsos no WhatsApp ficou em 8%. Quando a fake news é distribuída em forma de card, as chances sobem para 10%, e disparam para 31,75% quando estão na forma de vídeo.
Foram avaliadas 84 pessoas, que tiveram sua atividade cerebral monitorada por meio de um equipamento de eletroencefalograma (EEG). Os pesquisadores também utilizaram o software RealEye para registrar o movimento dos olhos. O grupo escolhido para a pesquisa foi determinado a partir da diversidade de gênero, idade, posicionamento político e nível educacional, para entender o impacto das fake news em diferentes indivíduos.
Os participantes do estudo foram submetidos a três diferentes blocos de conteúdos. No primeiro, foram expostos a quatro mensagens de WhatsApp, sendo duas com indicação da fonte da informação e duas sem qualquer fonte. No segundo bloco, foram quatro cards gráficos e, no terceiro bloco, assistiram a três vídeos produzidos por parlamentares, com um minuto de duração cada vídeo. Após a exposição aos conteúdos, os voluntários foram questionados sobre o impacto dos conteúdos e se compartilhariam ou não o material.
Durante a visualização dos conteúdos, os participantes tiveram as ondas cerebrais Theta, Beta, Alpha, Delta e Gamma monitoradas, assim como o movimento dos olhos, para avaliar quais foram os principais pontos de atenção. A pesquisa demonstrou que os vídeos desinformativos, por sua natureza multimídia, têm uma capacidade maior de engajar a audiência, tanto no nível cognitivo quanto no afetivo.
Esse formato combina imagens, sons e narrativas de forma a criar um impacto mais profundo, como foi demonstrado pelos picos de atividade nas ondas cerebrais beta e gama dos participantes durante a exposição aos vídeos.
Um dos integrantes da equipe que realizou o estudo, José Jance Grangeiro, jornalista, advogado e pesquisador do Mestrado em Comunicação Digital (IDP) e do Doutorado em Direito (UnB) ressalta o impacto dos vídeos na difusão de desinformação. “Os vídeos estimulam diversas áreas do cérebro simultaneamente, o que intensifica a retenção e o impacto emocional da mensagem”, comentou.
“A pesquisa comprovou que de fato existem gatilhos mentais que estão representados nas ondas (cerebrais). A desinformação consegue abrir portas no seu cérebro, reforçar estereótipos religiosos, políticos e, mesmo que se reconheça aquela informação como falsa, ela é compartilhada, pois a pessoa precisa ter uma recompensa social… Desinformação traz um impacto significativo no cérebro das pessoas, elas acreditando ou não. Mesmo quem não acreditou, ficou reflexivo sobre o tema ou em dúvida da própria realidade”, destacou Jance ao Correio.
Os pesquisadores pensam em aprofundar ainda mais os estudos. “A desinformação é um dos elementos do ‘tecnoautoritarismo’, quando agentes do Estado tentam utilizar as tecnologias de informação e de dados ou as plataformas de rede social para aumentar ou diminuir os direitos das pessoas”, completou o pesquisador.
Publicada
originalmente no portal Correio Braziliense
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