22 de outubro de 2024

Eleição mistura religião, futebol, política e muito mais, por Érico Firmo

Mascotes de Ceará e Fortaleza, rivalidade levada para a política (Foto: Edimar Soares)

A última semana de campanha costuma ser nervosa e esta tem ingredientes muito particulares. As pesquisas mostram muito equilíbrio. Pelo caminhar das coisas, haverá incerteza até o dia da eleição sobre quem será eleito prefeito de Fortaleza.

Pesquisas não substituem a votação e a apuração e não antecipam a eleição. Elas são termômetros de intenção de voto, que devem ser observadas como referenciais. Mas, mesmo pesquisas de véspera estão sujeitas a mudanças de última hora, ondas na reta final. No primeiro turno em Fortaleza, o Datafolha já indicava um percentual significativo de eleitores de José Sarto (PDT) e Capitão Wagner (União Brasil) dispostos a trocar de candidato. Além do mais, uma obviedade, pesquisas erram. Elas possuem margem de erro, mas também nível de confiança — a chance de a pesquisa errar para além da margem.

Ocorre que, pelo que as pesquisas estão mostrando, não precisa ter mudança de última hora, em alguns casos nem margem de erro. O cenário é indefinido para valer e em qualquer perspectiva.

Apoiadores costumam entrar num “já ganhou” mais para empolgar o público. Porém, não dá para dizer quem será eleito. O nervosismo, portanto, será grande até domingo.

Parece-me evidente que André Fernandes (PL) tem eleitores mais empolgados. Ele tem mais carisma e anima mais os apoiadores. A campanha dele, então, parece ter mais adesão na rua.

Porém, o eleitor que não coloca bandeirinha e adesivo no peito também vota. Às vezes vota até sem gostar tanto do candidato, mas pela malquerença pelo adversário.

Por exemplo, em 2020, Capitão Wagner tinha mais capacidade do que Sarto de animar o eleitorado, mas não foi eleito. Não quer dizer que ocorrerá a mesma coisa. A capacidade de empolgar é um trunfo eleitoral e tanto. Arregimenta cabos eleitorais de graça — como a campanha de Fernandes muito destaca. Mas, não significa que vai vencer.

Se as pesquisas não antecipam o resultado, com amostragens, recortes de segmentos demográficos e geográficos, avalie quem quer projetar quem será o vencedor com base em bandeirinhas ou adesivos que vê nos carros.

Nessa campanha nervosa, como poucas vezes eu vi, misturaram-se assuntos que costuma-se recomendar que não sejam debatidos. Fala-se que futebol, religião e política não se discute. Claro, discute-se, e muito, mas envolve paixões e pode dar briga. O que ocorre em Fortaleza é uma mistura disso tudo como não lembro de ver em nenhuma campanha. A religião já está enrolada na política miúda tem muito tempo, mas o futebol tem uma novidade nesse nível, talvez pela origem clubística de Evandro Leitão (PT).

Dirigente da Leões da TUF manifestou apoio a Evandro, o que teve reação com nota do conselho deliberativo do Fortaleza contra o petista. Ao mesmo tempo, pastores evangélicos se posicionaram contra o uso de igrejas para campanha.

São componentes que jogam às alturas o potencial inflamável e tenso no momento decisivo de uma eleição equilibradíssima.

Jogo em Caucaia

Pesquisa AtlasIntel, contratada pelo O POVO, mostra liderança com certa folga de Naumi Amorim (PSD) pela Prefeitura de Caucaia. Era previsível a dificuldade de Waldemir Catanho (PT), que foi para o 2º turno por uma inacreditável vantagem de oito votos sobre a terceira colocada, Emília Pessoa (PSDB). Naumi teve o apoio de Emília e do quarto colocado, Coronel Aginaldo (PL). A possível vitória em Caucaia pode fortalecer muito o grupo de Domingos Filho (PSD), que caiu em número de prefeitos, mas pode dar um salto na importância e no tamanho da população governada.

Publicada originalmente no portal O Povo +

Leia também:

Pastores rejeitam uso de igrejas na campanha política em Fortaleza

 


 

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