A festa é considerada patrimônio imaterial de Fortaleza (Foto: Fernanda Barros) |
Ocupar cada vez mais espaços fora dos terreiros tradicionais da umbanda e candomblé, para exaltar a resistência das religiões de matriz africana e fortalecer o combate à intolerância religiosa. A mensagem foi compartilhada entre cerca de 50 mil fiéis, estimativa dos organizadores, que foram ao longo desta quinta-feira, 15, no aterro da Praia de Iracema, em Fortaleza, para celebrar a rainha do mar Iemanjá e dar visibilidade às religiões durante a 12ª edição da festa da orixá no local.
Ao som de cortejos e rituais religiosos, as areias de um dos principais cartões-postais da Cidade receberam diferentes grupos religiosos de ancestralidade africana, que se distribuíram em 21 tendas no local ao longo do dia. A festa é considerada patrimônio imaterial de Fortaleza e está presente no calendário oficial dos festejos tradicionais do Ceará por meio da Lei 17.104.
Para o pai Iran, da Associação Beneficente, Cultural e Religiosa Afro-Brasileira do Ceará (Abecra), celebrar a orixá no espaço é uma conquista realizada através de uma luta contra o preconceito. “É uma maneira da gente dar visibilidade a uma religião que era vista como periférica e de pessoas negras, mas que hoje tem um público diverso. Estar aqui é uma vitória do povo de terreiro”, exalta.
Pai Iran afirma que o combate à intolerância vem de dentro de casa, a partir da educação com os filhos, mostrando para as crianças o significado da religião e quebrando os estereótipos da “demonização”. Assim como nos terreiros, Iran afirma que festejar na Praia de Iracema é uma forma de mostrar para outras pessoas a história e as origens e que a religião prega amor, paz e esperança.
Na edição deste ano, a festa de Iemanjá tem como tema “Patrimônio e Fé”. A celebração na Praia de Iracema teve início em 2013 com um conjunto de terreiros de umbanda de Fortaleza e Região Metropolitana e, desde então, a festa tem reunido adeptos da umbanda e do candomblé, bem como simpatizantes das religiões e o olhar de turistas presentes na Capital.
De acordo com o coordenador e membro do Fórum Permanente do Povo de Terreiro do Ceará, entidade responsável pela realização do evento, Miguel Ferreira Neto, o Pai Neto Tranca Rua, expandir a celebração de Iemanjá para vários locais da Cidade reflete na evolução e resistência da religião. “Estamos vindo da periferia e agora ocupamos vários locais. Por mais que haja ainda uma discriminação, nós vamos resistir. Esse é nosso lema, resistir para existir”, comenta.
Pela primeira vez no evento, o videomaker Gabriel Farias, 20, acompanha os rituais da religião apesar de ainda não ser adepto da umbanda. Ele afirma que ainda existe o preconceito a ser combatido. “Acho que poder ver a festa de perto pode gerar uma curiosidade das pessoas e até mesmo uma identificação. Quanto mais você traz essas religiões para esses espaços, mostra mais o que ela tem, mas não o que vemos de fora”, pontua.
Neste ano, as homenagens a Iemanjá ocorrem em três dias. Iniciada na noite da última quarta-feira, 14, na Praia de Iracema, a festa será encerrada no próximo sábado, 17, na Estação das Artes, no Centro de Fortaleza. Será a primeira vez que a celebração reunirá um ciclo de atividades no equipamento cultural para concluir a exaltação à rainha do mar.
Confira
a programação de encerramento:
13
horas – Roda de Conversa na sede do Coletivo Raízes da Periferia (90min)
14h30min
– Cortejo da sede do Coletivo destino Estação das Artes (30min)
15
horas – Roda de Conversa na Estação das Artes “Patrimônio, Fé e Luta: Iemanjá
nos conduz” (120min)
17
horas – Apresentação do Afoxé Filhos de Oyá (60min)
18 horas – Apresentação do Grupo Cultural Toque de Senzala (60min)
Com
informações portal O Povo +
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