13 de julho de 2024

Reflexão sobre as críticas a estatua da Beata Benigna por Amélia Coelho

Recorte da imagem da Beata Benigna divulgada pelo Governo do Ceará

No dia 24 de outubro de 1941, Benigna foi brutalmente assassinada, vítima do machismo em sua forma mais cruel e bárbara. Aos 13 anos, Raul Alves ignorou completamente a vontade de Benigna de dedicar-se à vida de orações e não namorar. Ele tirou sua vida impiedosamente, um ato que hoje seria reconhecido como feminicídio.

Em 8 de julho de 2024, uma imponente estátua de Benigna, com 26 metros de altura, foi finalizada em Santana do Cariri, Ceará. A obra, aguardada com imenso entusiasmo, rapidamente se tornou alvo de críticas ferozes e até de piadas cruéis. O motivo? A aparência estética do rosto da estátua.

Críticos alegam que a imagem de Benigna não é "bonita": seus cabelos não são claros, seu nariz não é afilado. Em outras palavras, ela não atende aos padrões de beleza europeus, impostos sobre as mulheres.

Isso nos força a uma reflexão urgente e perturbadora: essas críticas são apenas sobre estética, ou refletem o racismo e o machismo profundamente enraizados em nossa sociedade?

Será que a imagem de Benigna, uma jovem brutalmente assassinada pelo machismo, agora enfrenta novo ataque – desta vez, por não corresponder aos padrões de beleza convencionais?

Para ser uma santa venerada, será que é preciso ser "linda" segundo esses padrões arbitrários e excludentes?

O rosto da estátua de Pe. Cícero ou de qualquer outra imagem masculina sofreu alguma censura em decorrência de sua estética?

Ou esta pressão pela estética adequada é só sobre as mulheres e meninas?

Leia também:

Montagem da estátua da Beata Benigna, em Santana do Cariri, é finalizada

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