19 de julho de 2024

O desenvolvimento do turismo em Santana do Cariri após a Menina Benigna

Além dos 30 mil visitantes que já recebe por ano, a cidade agora projeta um aumento significativo no fluxo de romeiros e turistas (Foto: Fernanda Barros)

Um caso de violência contra uma menina de 13 anos no sítio Oitis choca o distrito de Inhumas, na pequena Santana do Cariri, a cerca de 500 quilômetros de Fortaleza. Aconteceu em 24 de outubro de 1941 , mas facilmente poderia ser registrado hoje — num Brasil em que todo dia morrem e nascem em rebento mulheres beatas de si. Benigna não queria ser santa.

Desde essa data, visitas ao túmulo e ao local do chamado martírio mobilizam a cidade inteira aos pés da "heroína da castidade", com uma legião que roga seu nome contra o maligno.

As romarias e peregrinações são acompanhadas por milhares de pessoas que pedem intercessão e fazem promessas à "santa de Inhumas" — aquela erguida ao altar com vestido de chita que, 80 anos depois, seria reconhecida pelo Vaticano e viria a se tornar a primeira beata cearense.

No sopé da Chapada do Araripe, a aura sagrada de um vale encantado envolve o município de pouco mais de 17 mil habitantes como se cada pedra também carregasse consigo um fragmento de santidade.

De um lado, a considerada capital da paleontologia abriga fósseis e uma riqueza geológica de importância científica reconhecida mundialmente; do outro, a devoção em torno da figura da mártir-sertaneja que, além da religiosidade, virou símbolo da luta contra a violência sofrida por meninas e mulheres.

Com a beatificação de Benigna, santanenses se preparam para transformações e percebem o turismo religioso como uma fonte para o desenvolvimento local, cuja dinâmica econômica já se destaca pelo turismo científico, mas também engloba atividades como a exploração mineral (puxada pela extração da pedra Cariri) e o comércio de artesanatos.

Além dos 30 mil visitantes que já recebe por ano, a cidade agora projeta um aumento significativo no fluxo de romeiros e turistas com a inauguração de um grande santuário em homenagem à beata.

O marco coloca Santana do Cariri ao lado de destinos religiosos já consagrados na região, como Juazeiro do Norte, com a figura de padre Cícero, e Barbalha, com a imagem de Santo Antônio.

Elevada aos altares, Benigna foi homenageada com um monumento de 26 metros de altura capaz de acolher mais de 100 mil romeiros — com áreas para oração, estacionamento, ambulantes e grandes celebrações.

O Complexo Turístico e Religioso de Benigna  recebeu cerca de R$ 15 milhões em investimentos numa parceria entre Governo do Estado, Prefeitura Municipal de Santana do Cariri e paróquia Sra. Sant'Ana - Diocese de Crato. Sob responsabilidade da Superintendência de Obras Públicas (SOP), a construção já está mais de 90% concluída e deve ser entregue ainda neste ano de 2024.

As peças foram esculpidas por uma equipe de artesãos da empresa MultiPlay Parks, do município de Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza (RMF), e transportadas ainda no fim do ano passado para Santana do Cariri.

O último pedaço a ser instalado na estátua gigante é o rosto de Benigna, justamente a parte do corpo que nunca foi definidamente reconstituída por falta de registros. A face que estampa a fé do povo santanense nasce a partir de um esforço mental entre memórias coletivas, documentos oficiais, discursos e narrativas do catolicismo.

Com informações portal O Povo +

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