26 de junho de 2024

Eleições municipais no Ceará tem histórico de violência e provocação

Está na memória de todos os cearenses crescidos o motim dos policiais militares em 2012 (Foto: Deivyson Teixeira)

Um dos marcos das gestões dos últimos governadores do Ceará, sem dúvida, são as crises na segurança pública. O que os registros históricos recentes revelam é que nos anos de eleições municipais, as tensões escalam. Está na memória de todos os cearenses crescidos o dia 4 de janeiro de 2012, quando Fortaleza ficou sitiada com ataques por todos os lados, devido a uma greve de policiais militares. O então governador Cid Gomes cedeu à truculência do movimento grevista.

Apoiando e participando ativamente da organização da greve dos policiais estavam o Capitão Wagner - eleito vereador naquele ano -, o então Cabo Sabino - voltamos já a ele - e o Soldado Noélio, que chegou a ser eleito vereador em 2016.

Em 2020, foi a vez do governador Camilo Santana enfrentar sua crise de alta voltagem na segurança com uma nova greve de policiais militares num ano de eleições municipais. Dois personagens conhecidos, mais uma vez, estavam envolvidos no movimento: Capitão Wagner e Cabo Sabino. No auge da greve, o senador Cid Gomes levou um tiro, em Sobral, ao tentar passar por um bloqueio de policiais grevistas com uma retroescavadeira.

Santana enfrentou os policiais, pediu reforço federal, não negociou, puniu e não anistiou os líderes do motim. O Cabo Sabino foi um deles. Em 2021, Sabino foi expulso da Polícia Militar. Em maio deste ano, foi condenado pelo Conselho Permanente da Justiça Militar a nove anos e quatro meses de reclusão, em regime inicialmente fechado. Ele recorre em liberdade. O Capitão Wagner disputou o voto do fortalezense em Fortaleza, em 2020, mas perdeu a eleição para o prefeito José Sarto.

Este ano, o governador Elmano de Freitas está às voltas com sua crise de segurança, também em ano de eleições municipais. Desta vez, o crime organizado escalou neste junho sangrento. No mês da posse do novo secretário da Segurança do Ceará, Roberto Sá, houve a chacina de Viçosa, uma tentativa de chacina em Fortaleza, e mais mortes provocadas pela guerra de facções, que é contínua.

Os altos níveis de violência no Estado têm impacto direto no acirramento político eleitoral. Como cidadã, posso dizer o quanto é indigno tentar tirar proveito político das ações violentas do crime organizado . Por isso mesmo, achei de tom duvidoso, o fato de o prefeito José Sarto vir a público falar do quadro de saúde de crianças atingidas na tentativa de chacina na areninha do Barroso. Outros cidadãos internados no IJF recebem essa atenção do prefeito de Fortaleza, a ponto de ganharem posts nas redes sociais do gestor?

Não há cena mais curiosa do que adultos políticos passando-se por crianças imaturas às vésperas de uma eleição. A violência urbana é tarefa nacional e deve ressoar na União, governos estaduais, prefeituras e suas instituições. É necessário contê-la, desmantelar e punir componentes das facções, além de prevenir a entrada no crime de tantos jovens nas periferias de Fortaleza. Tudo isso é uma tarefa gigante. Não é admissível um gestor perder tempo com provocação e picuinha diante de um tema de tamanha gravidade.

Com informações portal O Povo +

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