6 de maio de 2024

Paralelos entre a francesa Joana D'arc e a brasileira Maria Quitéria

As "Revolucionárias" é a premissa da socióloga Isabelle Anchieta (Foto: Reprodução/Editora Planeta)

De períodos históricos e localizações geográficas diferentes, a francesa Joana Darc e a brasileira Maria Quitéria são unidas por algumas características em comum, dentre elas o rompimento dos impasses culturais e a luta por uma utopia nacional. Essa é a premissa do livro "Revolucionárias", da socióloga Isabelle Anchieta, lançado em abril.

A obra é dividida em duas partes, cada uma focando em uma das heroínas. Mais do que a narração da história, é levantado ainda o questionamento sobre a própria revolução dessas mulheres, com a pergunta: "Até que ponto a sociedade que proíbe, de certa forma, deseja a subversão feminina?".

Segundo a autora, na introdução, Joana Darc e Maria Quitéria se distinguem mais do que muitos homens que lutaram ao lado delas. Enquanto a primeira ofuscou os demais cavaleiros e o rei da França, quando se pensa na Guerra dos Cem Anos, Maria Quitéria foi o único soldado reconhecido ainda em vida pelo imperador Dom Pedro I.

O paradoxo estaria neste ponto. "A sociedade que cria controles do feminino é a mesma que autoriza o desvio de algumas mulheres, quebrando, de tempos em tempos, as regras por ela impostas. Seus efeitos podem parecer esporádicos e temporários, mas reverberam no tempo, ecoam", escreve Isabelle Anchieta.

Para a construção do livro, foram realizadas pesquisas documentais e de campo. Foram quase dois anos de estudos, em diversas cidades, museus, arquivos na França e no Brasil, por onde passaram as figuras históricas. No entanto, o intuito não é uma "rememoração histórica", mas sim uma análise sociológica.

"Entrelaço esses conhecimentos como meios para abrir reflexões sociológicas atuais e pertinentes, usando as imagens como guias, ainda que traiçoeiras", cita Anchieta.

Dentre os temas discutidos, com base nas biografias, está a polarização social, o nacionalismo, a religião, a estereotipização dos outros, a intolerância, as disputas por reconhecimento, as contradições nas relações entre homens e mulheres, a liderança carismática, a expressão de si e o heroísmo (imperfeito).

Breve resumo sobre as revolucionárias

Joana Darc é hoje canonizada. Ela integrou o exército francês aos 17 anos acarretando um período um notável sucesso para França, na Guerra. Foi capturada em maio de 1430, aos 18 anos, pelo exército anglo-borgonhês. Em 1431, foi levada para julgamento e morta, acusada de bruxaria e heresia.

Já a baiana Maria Quitéria foi a primeira mulher a assentar praça numa unidade militar das Forças Armadas Brasileiras e a primeira mulher a entrar em combate pelo Brasil, em 1823. Dentre os feitos, ela teria se vestido de homem, chamada de 'soldado Medeiros', para participar das lutas independentistas em seu Estado.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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