Centro Cultural funcionará na antiga Estação Ferroviária de Juazeiro do Norte (Foto: Ascon/GMJN) |
O Governo Municipal de Juazeiro entregou na noite de ontem (08/09), em parceria com o Centro Universitário Unileão, o Centro Cultural Daniel Walker que funcionará na antiga Estação Ferroviária de Juazeiro do Norte. No ato inaugural, a gestão municipal promoveu uma exposição de carros antigos e, a partir do próximo dia 16, terá uma exposição de xilogravuras do curador, Chico Bruno.
De acordo com a história do local narrada por Roberto Júnior,
coordenador de Documentação e Memória, também historiador da Secretaria de
Cultura de Juazeiro, o prédio ficaria localizado nas imediações de onde hoje é
a avenida Dr. Floro, desejo das lideranças políticas de Juazeiro da época
[década de 20], mas Padre Cícero não concordou com essa visão de construir a
estação onde hoje é a avenida, e o equipamento foi alocado no chamado Alto do
Seminário à época, um ponto muito distante do centro.
Segundo jornais do período, a estação ficava a 1,5 km da
cidade. Isso porque a visão do Padre Cícero de lutar pela causa era em virtude
da possibilidade de ocorrer o desenvolvimento de um bairro em torno da estação,
e foi o que aconteceu; na década seguinte, após a inauguração da estação, já
haviam indústrias operando na localidade.
Os trilhos faziam percurso de Missão Velha direto para
Barbalha e em direção ao Crato; não passavam por Juazeiro. Somente a partir de
1921 é que se localiza em mapas a expansão da rede de viação cearense,
contemplando os trilhos dentro do município de Juazeiro. A cidade já tinha
posição de destaque na região. Porém, a luta árdua de Padre Cícero junto a
Floro Bartolomeu, que adquiriu cotas de ações da rede de viação cearense para
possibilitar uma voz ativa ao município dentro da companhia (na época ela era pertencente
à esfera estadual, mas operada pelo governo federal), foi crucial.
Com a chegada do paraibano Epitácio Pessoa à presidência,
tornou-se possível o diálogo mais próximo com a instância federal, e o desvio
de rota dos trilhos contemplou a cidade de Juazeiro.
O coordenador de Documentação e Memória, comenta também a
respeito da história da estação, afirmando que o Dr. Moreira da Rocha, à época
governador do Estado do Ceará, veio para o lançamento da pedra fundamental da
estação ferroviária [única placa de equipamento público juazeirense com o nome
de Padre Cícero enquanto prefeito]. E relata que na década anterior a de 1920,
Juazeiro estava sitiada pelo Estado, o governo de Franco Rabelo, militar e
político, pretendia destruir a cidade. Roberto Júnior diz que em um espaço de
pouco mais de 10 anos de história, houve uma guinada muito grande em favor da
nossa cidade, e reitera, "fruto do trabalho árduo das pessoas que
construíram Juazeiro nas suas primeiras décadas de história", finaliza.
Para Roberto Júnior, a inauguração do Centro Cultural Daniel
Walker, é um momento de muita felicidade e muito esperado. Ele cita que quem
conhece seu trabalho de 10 anos, sabe que enquanto historiador, ele já falava
sobre essa problemática da Estação Ferroviária. Comenta que "apesar de as
estações serem bens valoradas como patrimônio histórico pelo IPHAN a nível
nacional, a maioria das estações está em estado de abandono pelo Brasil afora e
Juazeiro está indo na contramão, revitalizando esse patrimônio que tem uma
relevância arquitetônica ímpar e que também tem um significado histórico muito
grande", encerra.
O prefeito Glêdson Bezerra expressa alegria em inaugurar o
prédio e comenta que quem passava pela estação ferroviária de Juazeiro e
conhecia a história sentia falta de um local tão importante e histórico,
inaugurado pelo Padre Cícero, estar em tais condições: abandonado e sucateado.
O gestor também frisou que mesmo as pessoas não tendo conhecimento acerca da história do prédio, sabem da importância cultural e histórica dele, e guardam memórias afetivas. Glêdson comenta sobre a satisfação de entregar a população juazeirense um prédio tão bonito, que estava abandonado em uma área central da cidade.
Ele diz que é "uma sensação muito positiva,
de dever cumprido de poder entregar esse prédio que vai mesclar o novo com o
antigo, preservando o paisagismo e o máximo possível da sua coloração original,
além do piso que se manteve próximo do implantado no ano de fundação do
equipamento". Também frisou sobre o ambiente restaurado ser climatizado e
com banheiros com acessibilidade, com o objetivo de preservar a história, mas
dentro das normas exigidas para oferecer conforto à população e a quem visita.
O prefeito destaca que "o Centro Cultural gerará
emprego, renda e será um ponto turístico, além de um ambiente acolhedor,
possibilitando o encontro de famílias, o desenvolvimento do sentimento de
pertencimento à cidade e o respeito aos nossos próprios, nossa história e a
tudo que é determinante para que uma sociedade se desenvolva com o respeito aos
equipamentos públicos e à cidade".
Junú Freire, artista e morador do bairro
Franciscanos diz que "você falar de cultura é falar de história, um dos
elementos fundamentais pra gente, quando a gente vê por exemplo a minha
história, a história da minha família, passa por essa construção da estrada de
ferro, meu bisavô, um negro do Triunfo - Pernambuco, veio
pra cá na
estrada de ferro trabalhar e aqui ficou. Então eu fico emocionado, fico muito
feliz com a restauração desse prédio e espero que a Secretaria de Cultura, de
Educação e as outras instituições que trabalham com arte e cultura aqui, tragam
programações pra cá e esse cuidado e esse carinho para manter."
Ele também comenta que vários outros espaços já trazem a
programação comercial de voz e violão, "mas a programação do artista que
vai tocar e tem o seu próprio trabalho, só vai ser garantida se esses órgãos
tiverem essa atenção, porque senão vira mais um espaço que vai estar
reproduzindo uma programação artística que nem sempre é cultural, pode ser uma
programação de entretenimento que já tem em vários outros lugares",
reitera Junú.
Deborah Macêdo, natural de Aurora, mas moradora de Juazeiro
há 18 anos, comenta que gostou da inauguração do prédio e que há muito tempo
essa estação estava fechada. "A gente mora aqui por trás do SAME [Serviço
de Atendimento Médico Especializado], e às vezes a gente tinha até medo de
passar aqui por conta da escuridão e agora depois dessa reforma vai ficar muito
bom pra gente que mora aqui nos arredores, é um ponto turístico da
cidade".
A popular também falou sobre a espera de que a cafeteria do
Centro Cultural tenha preços acessíveis para que todas as pessoas possam
frequentar e usufruir do que tem a oferecer. Ela reforça que "é um ponto
turístico que a gente pode vir final de semana e finalzinho da tarde com os
filhos da gente pra passear, um lazer".
Com informações Assessoria de Comunicação do Governo Municipal de Juazeiro do Norte
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