Camilo e Elmano com Evandro Leitão no ato de filiação ao PT (Foto: Aurélio Alves)
Luizianne Lins é a expressão mais destacada do PT a.C. O que a legenda era antes da ascensão de Camilo. Ou, mais especificamente, antes de 2022, quando ele assumiu a liderança da articulação política do grupo. O estilo camilista e a formação de um grupo em torno dele já vinha de algum tempo. Mas, até ali, o senador Cid Gomes (PSB) tocava a política e Camilo governava o Estado. No começo de 2022, o hoje ministro mergulhou nas articulações, inclusive no PT. E as coisas mudaram de vez.
Os dois PTs dividiram o mesmo espaço na votação de domingo da forma talvez mais intensa até hoje. Houve estranhamentos. Não que haja blocos monolíticos. Até porque um dos expoentes do PT d.C., o deputado De Assis Diniz, tem décadas de PT, dos primeiros anos, e viveu praticamente todas as fases. E sabe fazer a confrontação quando necessário.
O estilo Evandro causa estranheza na militância luizianista, mais tradicional. Na sede da Avenida da Universidade, ele pingava de suor com o calor do ambiente lotado. Os aliados, por sua vez, puxaram palavra de ordem tantas vezes usada para Luizianne: “É pra lutar, é pra vencer, é o Evandro candidato do PT”, com adequação à métrica para substituir “Luizianne” por “Evandro”.
O deputado busca mostrar costume e não se sai mal. Parece se divertir, inclusive. Nas redes sociais, eleitores do PT tradicional reagem ao que consideram desvirtuamento do partido.
A questão é que, com esse modelo, o PT se tornou vitorioso pela primeira vez no Ceará. Com o estilo e o apoio do então governador Cid Gomes, que escolheu Camilo em 2014 quando nem o partido falava em ter candidato. Mas, principalmente, foi com esse estilo que Camilo se consolidou, foi reeleito e emplacou Elmano. Até então, a sigla acumulava derrotas.
Mais que isso. Exceção feita a 2002, quando José Airton por muito pouco não venceu, o PT em roupagens tradicionais nunca passou nem perto de vencer eleição estadual. Salvo no ano já mencionado, o partido nunca tinha conseguido nem segunda colocação em disputa pelo Governo do Ceará. Por isso, uma vez no poder estadual, Camilo começou a arquitetar uma nova ordem petista. Introduziu estilo diferente. É natural. E, pelo Interior, o choque não foi tanto.
Todavia, se o PT nunca havia sido vencedor no Estado, em Fortaleza possui histórico de marcantes vitórias, sempre com mulheres. São esses dois paradigmas que se confrontam para decidir o futuro petista na Capital.
Polarização
dentro do PT
Tal qual na política nacional, a disputa no PT Fortaleza ficou polarizada entre Evandro e Luizianne. Os demais nomes apostavam na hipótese de serem terceira via. Mesmo quem já havia sido bem-sucedido em outras disputas internas, como Guilherme Sampaio, acabou com desempenho com pouca capacidade de influenciar a decisão.
Divisões
Luizianne
reclamou de “influências externas que invadiram a integridade dos processos
internos do PT”. A candidatura apoiada por Camilo e Lula, ficou evidenciado em
2022 na eleição de Elmano, é capaz de se tornar a força a ser batida. Mas, para
os adversários, o clima interno petista é motivo de esperança.
Publicado
originalmente no portal O Povo +
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