Evandro Leitão discursa entre ex-pré-candidatos Larissa e Guilherme (Foto: Aurélio Alves) |
Havia expectativa de que os demais pré-candidatos, com exceção da deputada Luizianne Lins (PT), se retirassem para apoiar Evandro, o que de fato ocorreu. A própria Luiziane não levou a disputa até o fim, mas os apoiadores dela se abstiveram, sinalizando que a divisão persiste no partido.
Logo no início da manhã, o assessor de assuntos municipais do Governo do Ceará, ex-deputado Artur Bruno, informou que não iria submeter a pré-candidatura aos delegados. Ele não tinha apresentado chapa, o que resultou em não ter nenhum representante para dar suporte as pretensões.
Outros pré-candidatos também chegaram cedo ao hotel Oásis Atlético, na avenida Beira Mar, onde ocorreu o encontro, como o presidente do PT municipal, Guilherme Sampaio. A deputada estadual Larissa Gaspar (PT) chegou, circulou entre os militantes, e, apesar de pregar diálogo e unidade, no primeiro momento, ainda falava em aguardar para o início do encontro a decisão de retirar a candidatura. Ela não teve o número de delegados necessários para manter a candidatura. Seriam necessários 10% dos 200 delegados, mas só tinha quatro. Faltaram 16.
Apenas Luizianne e Evandro subscreveram as pré-candidaturas, apontado a desistência dos demais três pré-candidatos. Confirmou-se, então, a polarização entre as duas pré-candidaturas tidas desde o início como as principais.
Luizianne fez apenas breve participação no encontro. Chegou acompanhada da chapa e outros apoiadores. Saiu do auditório onde o encontro era realizado sem dar entrevista e não retornou, embora ainda estivesse no hotel. Ela chegou pouco após as 10h30min. Evandro chegou aproximadamente meia hora depois. Ele disse que só falaria com a imprensa após o resultado.
Na chegada tanto de um como de outro houve discussão com a equipe de credenciamento, que tentava fazer o controle de acesso. Apenas previamente autorizadas e com crachá podiam acessar o salão do encontro.
Cenário
e posição do grupo de Luizianne
O clima entre os filiados era que não havia como "virar voto" e a escolha do candidato já tinha sido definida com a correlação de forças do dia 7 de abril. Evandro, apoiado por quatro chapas, somou 59% dos votos e tinha ao seu lado 118 delegados dos 200 disponíveis. Luizianne, com apenas uma chapa, conseguiu 58 delegados. A estratégia de 20 anos atrás, quando houve reviravoltas no processo que permitiu a Luizianne ser candidata em 2004, já era tida como inviável.
Mesmo assim, o grupo de Luizianne queria demarcar sua tese. Antes do encontro, os delegados já tinham se reunido com a deputada. Em meio ao encontro, a chapa pediu tempo para mais conversas. Houve uma pausa e os delegados se reuniram com a deputada. Após cerca de meia hora, ao retornarem, eles apontaram que iam seguir na mesma posição, com a defesa da pré-candidatura de Luizianne e com orientação de voto nela.
"Vai ter votação, nós vamos votar", disse o ex-vereador Deodato Ramalho, apoiador de Luizianne. Ele disse que a posição do grupo seria de expressar a preocupação com o fisiologismo no PT. Ele demonstrou incomodo com alguns dos convidados que, segundo ele, apoiaram o "fora Dilma", chamaram Lula de ladrão e disseram que o PT era quadrilha. Ele não citou nomes, mas ressaltou não se referir a Evandro.
"Amanhã é outro dia, mas a posição dos nossos delegados será de deixar claro que temos esse problema que temos de resolver". E acrescentou sobre os novos aliados. "Essa gente aí, muitos deles, não estou falando do Evandro Leitão, estou falando no geral, não aguentam uma pesquisa de opinião pública desfavorável. Nos apunhá-la pelas costas. Aliás, não é nem pelas costas, é pela frente mesmo", disse.
Discursos
e defesas
Ao discursar em defesa da candidatura, Evandro foi apaziguador. Fez acenos a Luizianne, com frases para ressaltar o trabalho da petista. Falou sobre o processo de conhecer internamente o PT após filiado e ressaltou o desejo de “seguir com o projeto político” de Camilo Santana e Elmano de Freitas. O deputado deu contornos de uma fala de quem queria ser a cara do partido.
“Estou colocando meu nome à disposição de vocês delegados para que nós possamos fortalecer a nossa democracia, não apenas interna, mas também externa através de um projeto que eu quero construir coletivamente com cada um de vocês”, disse. E acrescentou: “Eu não terei condições de fazer nada sozinho, vou precisar de cada um de vocês, vou precisar do esforço, da dedicação e a expertise de cada um de vocês, por isso eu vim aqui pedir a confiança de cada um de vocês”.
O discurso pela candidatura de Luizianne foi feito pela professora Adelaide Gonçalves. Ela fez a defesa de Luizianne em 2004 e repetiu em 2024. "O tempo é outro, a cena é outra, as questões são outras. O facismo está a espreita e não é novo. Agora estão mais furiosos e estão no nosso calcanhar", disse. Ela ressaltou o histórico de Luizianne dentro do partido, filiada histórica.
A
votação se preparava para ser realizada, quando um representante de Luizianne
subiu ao palco e anunciou que ela estava retirando a candidatura. A
movimentação aconteceu em nome de uma "futura unidade a ser construída sob
a liderança do Elmano (de Freitas), da deputada Luizianne, do presidente
Guilherme e do candidato Evandro Leitão. É assim que se faz". A fala foi
seguida de gritos e palavras de ordem.
Votação
e desdobramentos
Na votação, foram 141 votos a favor do nome de Evandro e 58 abstenções, justamente o número de delegados de Luizianne. Guimarães foi o primeiro a sair e o primeiro a informar a vitória de seu aliado. Um delegado deixou de votar.
"Agora é construir nossa unidade, pacificar o PT e, com os aliados, decidir Fortaleza. Agora o PT tem cara, tem um pré-candidato escolhido e nós vamos procurar, primeiro construir nossa unidade, em segundo escutar os aliados do governador Elmano de Freitas e, em terceiro lugar, apresentar um programa que seja capaz de reconstruir a cidade de Fortaleza”, disse.
Ele negou que Luizianne tenha feito condicionantes para retirar a candidatura e disse também não ter se reunido com ela. "Não houve condicionante, muito diálogo, ela fez a opção de retirar a candidatura, o que respeitamos. O PT, a partir de agora, tem um pré-candidato e nós vamos trabalhar para fazer uma disputa em alto nível", ressaltou.
Evandro discursou e deu entrevista coletiva, novamente citando a deputada. “Primeiro dizer que a deputada Luizianne, disse agora há pouco e repito, ela é extremamente importante pela liderança que ela tem, pelo que ela representa para Fortaleza e para o Estado do Ceará e para a política do nosso País. Então, eu irei atrás dela", iniciou.
E seguiu: "Ela é fundamental em todo esse processo. Então, com certeza eu irei atrás dela e dizer que, de forma muito humilde e respeitosa, irei seguir todos os passos que o PT determina, que ele busca dar como parâmetro", ponderou Evandro.
O pré-candidato informou que usará, a exemplo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o “L de Leitão” como marca. Segundo ele, a “unidade” estabelecida durante esse trabalho, que definiu seu nome para a disputa, será também construída junto aos partidos aliados.
“Não se faz gestão se não for com grupo, além do projeto, com o grupo de pessoas, com o grupo de partidos. E esses todos partidos aliados vamos buscar conversar, dialogar, para nós construirmos juntos uma cidade que teremos o orgulho de morar aqui, que os fortalezenses teremos orgulho”.
Evandro considera que o partido “sai mais forte de todo esse processo”. O parlamentar colocou na conta de todos a “responsabilidade de manter a união” na legenda.
“Mas também saber que, todos que somos, da responsabilidade de manter essa união no partido, manter a união de todas as chapas, de todos os militantes, de todos os delegados e que nós perpassamos isso. Agora, [a responsabilidade] de nós estarmos construindo coletivamente, todos nós juntos, um projeto para Fortaleza”, projetou o pré-candidato petista.
Busca
de Luizianne
A ponte com a deputada deve ficar a cargo de Evandro, agora como pré-candidato, como ressaltou Guilherme. “Cabe agora ao Evandro a responsabilidade política de procurar a Luizianne e todas as lideranças que estiveram na campanha dela e convidá-los a se integrarem na campanha dele”.
O presidente petista ressaltou que o apoio de Luizianne é importante e os apoiadores dela serão buscados para participar da campanha do petista. “A Luizianne é uma liderança política muito madura e tem um grau de responsabilidade política com o projeto do PT também muito forte. Minha expectativa é que ela esteja presente na campanha, na minha opinião, é muito importante para a campanha do Evandro a participação dela. Todo mundo sabe que ela é querida dentro e fora do PT”, avaliou.
O
presidente municipal celebrou o encontro e rebateu críticas de possíveis
interferências na votação. Ele citou transparência na condução e que todas as
correntes participaram.
A
decisão do PT
A primeira etapa do processo interno do partido aconteceu há 15 dias, em 7 de abril. Quase seis mil filiados compareceram às urnas para votar nas chapas.
Evandro confirmou favoritismo e conseguiu 118 delegados, com o apoio de quatro chapas. Os grupos foram articulados por nomes de peso como os deputados federais José Airton e José Guimarães, líder do Governo Lula na Câmara dos Deputados.
Individualmente, a chapa que apoia Luizianne Lins foi a mais votada, com 1.686 votos, convertidos em 58 delegados. Mas, Evandro teve apoio de quatro chapas que, somadas, conseguiram mais da metade dos delegados (3.445). Ele somou 59% dos votos.
O deputado estadual em exercício e vereador licenciado Guilherme Sampaio conseguiu eleger 20 delegados. Larissa Gaspar teve 4. O assessor especial Artur Bruno não apresentou chapa.
Após
a eleição dos delegados, Luizianne agradeceu o apoio, mas apontou “influências
externas invadiram integridade do processo”.
Com
informações portal O Povo +
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