Mauro Vieira também reforçou o histórico apoio do Brasil ao reconhecimento da Palestina como Estado (Foto: Reprodução/AFP) |
Em discurso, Vieira criticou Israel e a comunidade internacional pela “clara insuficiência" da ajuda humanitária desde o início do conflito. “Deixe-me dizer isso em alto e bom som. É ilegal e imoral privar as pessoas de comida e água. É ilegal e imoral atacar comboios humanitários e pessoas que procuram ajuda. É ilegal e imoral impedir que doentes e feridos tenham acesso a suprimentos médicos essenciais. É ilegal e imoral destruir hospitais, locais religiosos e sagrados, cemitérios e abrigos”, disse.
Vieira participou da cerimônia de outorga ao presidente Lula do título de Membro Honorário do Conselho dos Curadores da Fundação Yasser Arafat. Na ocasião, o ministro afirmou que o Brasil manterá a contribuição para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA , na sigla em inglês).
Alimentos
chegam a Gaza em meio a bombardeios
A agência é a principal responsável por alimentar, educar, dar saúde e moradia para milhões de refugiados palestinos. Oito países cortaram verbas destinadas às atividades da organização, depois que o órgão foi acusado por Israel de colaborar com o grupo terrorista Hamas. A UNRWA iniciou uma investigação e afastou vários acusados.
O chanceler afirmou que a fome e a sede como arma de guerra equivalem a um castigo colectivo. “O rasto de destruição e morte entre pessoas inocentes que hoje assistimos não será esquecido. O sentimento de desespero pela vida dos recém-nascidos prematuros apanhados no meio de uma operação num hospital não será apagado. A imagem de pessoas famintas e desesperadas por comida e água sob fogo cruzado não desaparecerá das nossas memórias. A visão das crianças esqueléticas de Gaza a morrer de fome nunca deixará de assombrar as nossas mentes durante as gerações vindouras”, disse.
Antes da cerimônia, Vieira reuniu-se em Ramallah com o chanceler palestino, Riyad al-Maliki, e com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, para discutir a crise humanitária em Gaza. O encontro bilateral durou cerca de 20 minutos, segundo o Itamaraty, “Abbas agradeceu pelo histórico empenho e amizade do presidente Lula com a Palestina e pela coragem ao assumir o papel de referência global em defesa dos palestinos na atual crise”.
Israel
fora do roteiro
O ministro brasileiro começou sua viagem ao Oriente Médio na última sexta-feira e deve retornar nesta terça. A agenda também inclui visitas a Beirute, no Líbano, e Riade, na Arábia Saudita. Israel ficou de fora do roteiro, após declarar Lula como persona non grata. Os dois países estão com relações estremecidas devido às críticas aos ataques a civis palestinos na Faixa de Gaza.
Durante
viagem à Etiópia em fevereiro, o chefe do Executivo comparou a ofensiva militar
israelense em Gaza as ações de Adolf Hitler no
Holocausto, fala que desencadeou uma crise diplomática entre Brasil e
Israel. Segundo o Itamaraty, a ausência do país no roteiro do chanceler não foi
deliberada e a agenda teria sido programada em resposta a convites anteriores.
Com
informações Correio Braziliense
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