Encontro dos Profetas da Chuva, em Quixadá, no Sertão Central ( |
O encontro, realizado no campus Quixadá do Instituto Federal de Ciência, Tecnologia e Educação (IFCE), é um dos mais tradicionais eventos do Sertão Central e marca o início do calendário cultural na região.
Para este ano, o indicativo principal do prognóstico foi de chuvas dentro da média do Estado a partir do fim de fevereiro. Até lá, segundo os profetas que compareceram ao evento, as precipitações devem ser irregulares.
Segundo o coordenador do evento e secretário da Cultura de Quixadá, Clébio Viriato, alguns profetas ainda estão otimistas e acreditam que as chuvas serão acima da média.
O prognóstico dos profetas é mais positivo que os indicativos de seca já mencionados pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que alerta para a presença do El Niño, fenômeno que aquece as águas do Oceano Pacífico e influencia negativamente nas chuvas do Ceará.
"Agora a gente há de compreender que o inverno pra Funceme é diferente do inverno do agricultor, dos profetas da chuva", explica Clébio. Para os agricultores, a chuva que ajuda nas plantações e enche cisternas já é considerada positiva. Órgãos governamentais levam em conta outros marcadores, como o aporte em grandes açudes.
"Eu acredito muito mais em quem é da terra, vive da terra, conhece as manifestações da natureza porque está ali convivendo com ela na sua intimidade", afirma Clébio. Nesta edição do encontro, 23 profetas compareceram para explicar o que preveem para a quadra chuvosa.
A maioria dos profetas são da região do Sertão Central, onde há tradição de observar a natureza para prever o tempo. No entanto, Clébio afirma que há esforços para fazer uma rede de observadores da chuva, incluindo representantes do Sertão dos Inhamuns, Cariri, Maciço de Baturité e Região Metropolitana de Fortaleza, com Maranguape.
Os profetas da chuva avaliam, ao longo do ano, uma série de sinais fornecidos por elementos naturais. A altura de terrenos onde formigas e cupins fazem seus ninhos e a posição de estrelas e nuvens em determinadas datas, por exemplo, são alguns indicativos.
A análise não é feita de forma aleatória, e segue critérios sistemáticos, bem definidos. Eles são passados, por tradição oral, ao longo das gerações, e aperfeiçoados no decorrer dos anos.
As
estimativas dos profetas das chuva podem ser consideradas, a seu modo,
complementares a análises das chamadas ciências exatas, como a realizada pela
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A Fundação
divulgará a sua versão do prognóstico na próxima sexta-feira, 19.
Com
informações portal O Povo +
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