16 de janeiro de 2024

Presidente do PDT faz análise da situação partidária no Ceará

Flávio Torres, presidente do PDT Ceará, no Jogo Político do O Povo (Foto: Fernanda Barros)

Em entrevista ao podcast Jogo Político, do O POVO, o presidente da comissão provisória do PDT no Ceará e o ex-senador, Flávio Torres, disse que ainda não sabe o número de prefeitos que deixará o partido. “Eu não sei e acho que pouca gente sabe. Eu acho que alguns deles ainda não sabem”. Em dezembro, 43 dos 54 prefeitos sinalizaram que poderão sair.

O primeiro ato de Torres ao assumir o PDT no Ceará foi constituir uma comissão para assessorá-lo sobre a situação dos municípios. É composta por André Figueiredo, Roberto Cláudio e os deputados estaduais Antônio Henrique, Cláudio Pinho e Queiroz Filho.

Eles estão revendo um a um os diretórios municipais constituídos por Cid Gomes enquanto ficou á frente do partido. Conforme Torres, todos devem mudar.

Torres ainda disse que os gestores dissidentes não deverão ter apoio do partido. Aliás, se depender dele, o partido terá candidato nos 184 municípios. Confira a seguir os principais pontos da entrevista:

"Uma troca de facas no pescoço"

Flávio Torres afirmou estar ocorrendo "uma troca de facas no pescoço" entre os trabalhistas e o PSB. A questão é sobre reciprocidade em duas capitais do Nordeste: o PDT apoiará a reeleição do prefeito João Campos (PSB) no Recife desde que a legenda socialista apoie a reeleição de José Sarto (PDT) em Fortaleza

Neste momento, o apoio socialista a Sarto é improvável, com a legenda na esfera de influência do ministro Camilo Santana (Educação) e do governador Elmano de Freitas, ambos petistas. Atualmente, o PSB está sob controle do ex-deputado estadual Eudoro Santana, pai de Camilo.

"A Prefeitura mais importante que o PDT tem no Brasil é Fortaleza. Daí a questão com o PSB, porque a prefeitura mais importante que o PSB tem no Brasil é Recife. E Recife a vice é do PDT (Isabella de Roldão). Está havendo uma troca de facas no pescoço que é assim, 'se vocês não apoiarem o Sarto em Fortaleza, a gente não apoia o João Campos no Recife", afirmou Flávio Torres.

"Isso é para valer. É simples como isso. A proposta que o PDT fez ao PSB foi exatamente essa. Hoje não é momento de fazer uma federação. Será em 2026. Isso é o que está dando zebra, aparentemente. Está começando mal, está fazendo água", complementou.

Irmãos divididos

A intenção de ter candidato passa por Sobral. Inclusive Sobral. O racha em família dos Ferreira Gomes atingirá o município. Cid Gomes e Ciro Gomes poderão estar em campanha de lados opostos.

Aliança em Juazeiro

Em Juazeiro do Norte, o PDT conversa com o prefeito Glêdson Bezerra. Há chances de haver aliança.

Caucaia

Flávio Torres comentou ainda a filiação de Zé Gerardo Arruda, que tem histórico de polêmicas e inclusive condenação pioneira no Supremo Tribunal Federal (STF). “Não me encabulo não. Rapaz teve os defeitos dele, pagou”.

O presidente da comissão provisória destaca que ele acrescenta ao PDT em Caucaia. “Deixa ele, a gente tem lá uma força. A gente não pode condenar as pessoas eternamente”.

10 prefeitos ficam

Flávio Torres afirmou que espera até o dia 4 de fevereiro para saber quem de fato sairá e quem fica no partido. A data estipulada é a programada para filiação do grupo do senador Cid Gomes ao PSB.

Questionado sobre quantos filiados deverão sair e quantos permanecerão, ele respondeu: "Eu não sei e acho que pouca gente sabe. Eu acho que alguns deles ainda não sabem".

Ele aguarda a oficialização das desfiliações para ter um quadro definido.

"Depois do dia 4 de fevereiro, que é a data, dessa vez é a terceira data que eles adiam. Estão dizendo que vão para o PSB. Tudo bem, quando eles forem, e quem tiver de sair, sair, nós vamos ter essa geografia real do partido no Ceará".

Deputados federais

Os quatro deputados federais pedetistas que podem sair do partido analisam com cuidado. Além do risco de perderem o mandato, não querem perder espaços em comissões da Câmara dos Deputados. Porém, segundo Torres, mesmo assim eles podem perder espaços. O fato de terem assinado a convocação para destituir André Figueiredo e terem participado de atos ao lado de Cid Gomes deu a sinalização de que pretendem sair e não estarão no partido nas eleições de 2026. Porém, para deputados, a janela de troca é só daqui a dois anos.

Deputados estaduais

No caso de deputados estaduais que quiserem acompanhar o ex-governador, disse Torres, o procedimento da agremiação será o de pedir os mandatos deles na Justiça Eleitoral. "Porque pediram para sair, a gente não expulsou. Não houve nenhuma declaração do André Figueiredo pedindo para eles saírem, eles pediram para sair."

Estes parlamentares só irão se filiar ao PSB "se forem doidos", acrescentou Torres. A pretensão de Cid é levar consigo por volta de 40 prefeitos e 10 deputados estaduais. Estes defendem aproximação formal com o governo de Elmano de Freitas, com consequências, inclusive, nas eleições municipais deste ano.

Já Torres, Ciro Gomes, Roberto Cláudio e José Sarto são partidários de posição antagônica ao Palácio da Abolição. Conforme Torres disse ao Jogo Político, a deliberação do PDT foi por uma posição de independência em relação à gestão Elmano, de modo a respeitar os que preferem aderi-la.

Desimpedidos pela legislação de mudanças partidárias, prefeitos já poderiam "ter saído ontem", conforme Torres, assim como o senador Cid, por serem mandatos majoritários. Já vereadores terão janela no mês de março até o começo de abril quando poderão sair sem risco de perder mandato.

Fidelidade de deputados "de saída"

Flávio Torres destacou também que a lei eleitoral brasileira que veta manifestações favoráveis de políticos a pré-candidatos de outras coligações. Neste contexto, o novo dirigente pedetista cita explicitamente a situação dos 14 deputados estaduais, aliados do senador Cid Gomes (PDT), que atualmente tentam justificar uma desfiliação do PDT. 

"Eles pediram para sair, mas tecnicamente continuam filiados no PDT", explica. "Portanto, se o partido lançar um candidato com o número 12, nesse município eles não podem subir no palanque de nenhum outro candidato que não seja o 12. Ele pode não apoiar o 12, mas não vai apoiar outro", diz, sinalizando que o PDT deve cobrar cumprimento da previsão legal.

Neste sentido, Torres destaca que o veto legal também se aplica a materiais de campanha e para o caso de Fortaleza, onde muitos cidistas desejam apoiar candidatura do PT. "Não podem constar em nada", afirma.

O novo presidente do PDT Ceará também destaca que nenhum dos 4 deputados federais aliados de Cid fez ainda qualquer sinalização real de que irá deixar o partido.

Com informações portal O Povo +

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