Vitor Valim (PSB), Gledson Bezerra (Podemos), Roberto Pessoa (União Brasil), Ivo Gomes (PDT) e Felipe Pinheiro (PT) administra os cinco maiores municípios do Ceará (Foto: Reprodução/Google)
Os pequenos municípios dão a musculatura de qualquer projeto com pretensões além do poder regionalizado. O esqueleto depende em boa medida de um cinturão de municípios mais populosos: Caucaia, Juazeiro do Norte, Maracanaú, Sobral e, em pouco menor medida, Itapipoca.
O segundo maior município do Estado, o maior do sul cearense — e do Interior —, o maior PIB depois de Fortaleza, o maior da zona norte e, fechando a lista dos cinco mais populosos após a Capital, o município do litoral oeste.
Os cinco municípios somam 1.210.337 de habitantes. Somados a Fortaleza, os seis municípios reúnem mais de 40% da população do Ceará. Além do tamanho da população governada, do poder político e da influência daí decorrentes, o contingente é determinante na fatia recebida do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Os recursos são, em muitos casos, a maior parte do dinheiro de que dispõem as gestões municipais.
O Governo Federal é obrigado a transferir para os municípios 22,5% dos recursos arrecadados pelo Imposto de Renda (IR) e pelo Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). O Tribunal de Contas da União (TCU) utiliza justamente os números populacionais para definir os valores repassados aos municípios.
Com exceção de Itapipoca, todos os maiores municípios em população, e eleitores, também integraram a lista de maiores Produtos Internos Brutos municipais. A ordem é Maracanaú (6,33%), Caucaia (5,34%), São Gonçalo do Amarante (4,43%), Sobral (2,77%) e Juazeiro do Norte (2,62%). Os números dizem respeito à participação de cada cidade no PIB do Estado, conforme dados do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) de dezembro de 2023.
A grande população também atrai interesse de deputados. Os parlamentares priorizam as bases eleitorais ao enviarem emendas ao orçamento — quanto mais eleitores, maior a atenção dispensada pelos congressistas.
Em 2020, a oposição estadual foi a grande vitoriosa nesses municípios. Elegeu prefeitos em Caucaia, Juazeiro do Norte e Maracanaú, apesar da derrota em Fortaleza. Hoje, os três prefeitos oposicionistas se aproximaram do poder estadual, embora as sucessões estejam em aberto. E o prefeito da Capital rompeu com o governador.
Sem
Valim, disputa em Caucaia se transforma em dúvidas
O prefeito Vitor Valim anunciou que não disputará a reeleição em Caucaia (Foto: Reprodução/Google) |
O anúncio do atual prefeito de Caucaia, Vitor Valim (PSB), de que não irá tentar a reeleição também causou surpresa diante da expectativa de uma candidatura forte do gestor. Eleito pela oposição e com guinada brusca ao governismo, Valim se filiou, no ano passado, ao PSB, na asa de Eudoro Santana, e recebeu acenos do governador Elmano de Freitas (PT) e do ministro Camilo Santana (PT), apesar do impasse com o PT municipal de Caucaia, que defendia lançar candidatura própria.
Valim justificou a desistência como uma decisão "pessoal e familiar" após a morte da filha mais velha, Sofia Valim. A jovem morreu em dezembro do ano passado aos 19 anos após precisar de um transplante de fígado. "O fato de não ir para a reeleição foi uma decisão pessoal e ao mesmo tempo familiar. A perda da minha amada filha Sofia me fez repensar minha vida", disse o prefeito". Valim contava ainda com a maioria esmagadora da Câmara Municipal, são 22 dos 23.
Sua ausência no pleito abre uma vaga importante no segundo maior colégio eleitoral do Estado e o único, além de Fortaleza, que pode ter segundo turno. Os nomes ventilados para ser o sucessor de Valim são vários, como citados por aliados do prefeito: o secretário de Desenvolvimento do Ceará, Salmito Filho (PDT); a deputada estadual Lia Gomes (PDT), irmã do senador Cid Gomes (PDT); e até a secretaria de Proteção Social, Onélia Santana (esposa de Camilo), e a ex- governadora Izolda Cela (sem partido).
Salmito e Lia tentam se desfiliar do PDT com futuro, possivelmente no PSB. Isso porque, após o anúncio de Valim, o PDT iniciou movimentação no município. O ex-prefeito Zé Gerardo Arruda, de família tradicional de Caucaia, anunciou filiação ao partido com intenção de voltar a ser candidato. As últimas pretensões eleitorais foram barradas pela Justiça. Zé Gerardo foi, quando deputado federal, o primeiro parlamentar na história condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na direita, a avaliação é que a ausência de Valim deixa um espaço no eleitorado com a possibilidade de ser aproveitada por novos nomes. É o que acredita o presidente do PL no Ceará, o deputado Carmelo Neto. A sigla iniciou série de encontros para aproximar os moradores de Coronel Aginaldo, pré-candidato do partido no município.
"Quando o prefeito que está no cargo não vai para a reeleição, isso divide parte do eleitorado. Isso com certeza abre um campo. Caucaia de fato precisa de uma liderança nova", ressaltou. Ele também deixou em aberto um possível acordo com o União Brasil, que também tem pré-candidato, o vice-prefeito Deuzinho Filho.
O prefeito e o vice vivem em pé de guerra desde 2022, quando Valim escolheu apoiar nomes petistas para o Governo do Ceará, Senado e Presidência. Enquanto isso, Deuzinho seguiu com nomes da direita. Entre acusações que vão desde de uso indevido de recursos a expulsão de gabinete, os dois romperam relação política e são abertamente adversários.
A
movimentação conta ainda com a pré-candidatura da deputada Emília Pessoa pelo
PSDB. Ex-vereadora, ela já tentou a prefeitura em 2020 e ficou na terceira
posição. Deve haver espaço ainda para um nome indicado pelo PSD, sendo cotados
ou o ex-prefeito Naumi Amorim, derrotado no segundo turno justamente por Valim,
ou sua esposa.
Prefeito tenta quebrar escrita em Juazeiro do Norte
Gledson Bezerra tentará ser o primeiro prefeito reeleito em Juazeiro do Norte (Foto: Reprodução/Google) |
Em Juazeiro do Norte, maior município do Interior do Ceará, nunca um prefeito conseguiu se reeleger, fato que o atual gestor Glêdson Bezerra (Podemos) quer deixar no passado. Ele confirmou que deve tentar reeleição em outubro.
Conhecida nacionalmente pelo turismo religioso, é justamente uma crença popular ligada ao Padre Cícero que impede a façanha de conseguir um segundo mandato. Corre pelo município que o próprio "Padim" — fundador e prefeito por mais de uma década — teria dito que ninguém seria reeleito no Município. Coincidência ou profecia, ninguém até o momento conseguiu ir para o segundo mandato consecutivo, desde que houve a possibilidade, em 1997.
Até que houve quem ocupasse duas vezes a cadeira de prefeito, caso de Raimundo Macedo, o Raimundão, de 2005 a 2008, e depois de 2013 a 2016. Entretanto, entre uma gestão e outra, governou Manoel Santana (PT), derrotado justamente por Raimundão na tentativa de reeleição em 2012. Nem apoio de grandes caciques, como o senador Cid Gomes (PDT) e o à época governador Camilo Santana (PT), conseguiu dar um segundo mandato seguido a Arnon Bezerra (antes no PTB, hoje no PDT), em 2020.
Glêdson foi eleito em 2020 como uma das estrelas da oposição. Venceu numa costura ligada a nomes conservadores, como o do senador Eduardo Girão (hoje no Novo). O Podemos, no entanto, deu uma guinada ao governismo quando Bismarck Maia, prefeito de Aracati, assumiu a presidência do partido no Ceará.
Houve rumores que o prefeito deixaria o grupo, mas a movimentação não foi confirmada até o momento, com ele, inclusive assumindo cargo de primeiro vice-presidente. O prefeito também terá que remontar sua chapa, já que o vice-prefeito, Giovanni Sampaio (PSB), se colocou como pré-candidato. "A minha chapa será a de Camilo e Elmano, inclusive, estando meu nome pelo PSB à disposição para a disputa", disse o vice em outubro do ano passado.
O próprio Glêdson fez acenos ao governismo. Apoiou Camilo a senador em 2022, ao mesmo tempo em que votou em Capitão Wagner (União Brasil) para governador e Jair Bolsonaro (PL) para presidente. Tem feito críticas ao governador Elmano de Freitas (PT).
O vice-presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Santana (PT), é cotado para concorrer. Glêdson o apoiou em 2022 e tem dito que havia firmado acordo para que o parlamentar retribuísse o apoio à sua reeleição. Não é que vem acontecendo.
Mesmo não confirmando a pré-candidatura, o petista troca farpas públicas com o prefeito. Uma das questões foram obras públicas no Município com recursos estaduais. O prefeito questionou a demora na liberação de valores. Fernando saiu em defesa do governador.
"O prefeito de Juazeiro ataca o governo do governador Elmano e o ex-governador Camilo. Não adianta o prefeito querer se esconder atrás de ataques. O prefeito não consegue organizar a Prefeitura e fica querendo jogar a responsabilidade em nós, essa é a verdade", disse o deputado.
O
deputado também tem mobilizado reuniões com líderes no Município. No encontro
mais recente, três ex-prefeitos, deputados e presidente da Câmara Municipal
estiveram presentes.
Em
Maracanaú, Roberto Pessoa tem hegemonia de 20 anos e agora próximo ao governo
Roberto Pessoa foi eleito na oposição, mas aderiu ao governo petista (Foto: Reprodução/Google) |
Há décadas como segunda maior economia do Estado e polo industrial, Maracanaú tem visto a disputa pela Prefeitura se acirrar. Roberto Pessoa (União Brasil) é um forte nome a ser batido, líder do grupo que está gerindo a cidade desde 2005. Ele colocou seu nome à disposição do partido para tentar a reeleição e buscar o quarto mandato. O prefeito assumiu de 2005 a 2013.
Em 2012, fez o sucessor na prefeitura de Maracanaú: Firmo Camurça, hoje deputado estadual pelo União Brasil. Camurça foi reeleito em 2016, com Pessoa na vice. O grupo do atual prefeito também teve um bom desempenho no último pleito. A filha, Fernanda Pessoa (União Brasil) foi eleita como a deputada federal mais votada no Município, com mais de 27 mil votos. Camurça foi o deputado estadual mais votado pelos maracanauenses.
O prefeito, eleito como oposição, aproximou-se do atual governador Elmano de Freitas e é apoiado pelo PT de Maracanaú, que, inclusive, faz parte da gestão municipal. Nailton Marques é secretário de Juventude e Lazer, sendo também membro da Executiva Estadual petista. Já foi vice-presidente municipal por uma gestão. A Câmara Municipal é composta por 21 vereadores, sendo 19 declaradamente parte da base de apoio.
A adesão de Pessoa à base governista estadual, no entanto, não vem impedindo o deputado Júlio César Filho, o Julinho, de articular e tentar se viabilizar como nome da oposição contra o prefeito. Pré-candidato, ele diz procurar diálogo, não só como diretório municipal, como com outras "forças partidárias", que também demonstraram querer disputar a gestão com Pessoa.
"Estou também como pré-candidato pelo PT no município de Maracanaú. Estamos dialogando com o PT municipal. Outras forças partidárias, que também lançaram suas pré-candidaturas no sentido de unir uma coalizão de oposição, apresentando um nome único viável, no caso, pelo PT, para enfrentar a chapa capitaneada pelo Roberto Pessoa, que já está aí há cerca de 20 anos no poder", disse o deputado.
Outros dois nomes demonstraram interesse no município: Lucinildo Frota (PNM) e Junior Mano (PL). O PL, no entanto, não deve ter acordo com o PT. De ambos os lado, há negativas de que as siglas possam seguir juntas.
Quando circulou um suposto acordo entre Junior Mano e Julinho, o PT de Maracanaú publicou nota declarando que a costura era falsa. "Dessa forma reafirmamos nossa posição e compromisso com as lutas populares em Maracanaú, e repudiamos qualquer tentativa de indivíduos ou grupos políticos que desejam usar nosso partido para benefício próprio", disse o texto.
Sob
nova direção, o PL já bateu o martelo sobre não fazer aliança com o PT.
"Deixo claro que o PL no Ceará não aceitará nenhum tipo de aliança com o
PT", disse o presidente da sigla no Ceará, o deputado estadual Carmelo
Neto.
Em
Sobral, Família Ferreira Gomes dividida e oposição organizada
Ivo Gomes tem sido reservado na escolha de um nome para sua sucessão (Foto: Reprodução/Google) |
Sobral é um dos municípios onde há incertezas. O atual prefeito é o único entre os gestores das maiores cidades do Ceará que não pode tentar reeleição e terá de indicar um sucessor. O próprio prefeito Ivo Gomes está em um limbo partidário, em processo de deixar o PDT para o PSB, ao lado do irmão, senador Cid Gomes.
A disputa passa não por questões partidárias, como familiares. É o reduto dos Ferreira Gomes. O racha entre Ciro Gomes e os irmãos tem impacto maior em Sobral que em qualqier outro lugar. Inicialmente, Ivo defendia que o nome indicado deveria ser escolhido dentro do PDT, mas o jogo mudou com a escalada do racha no partido, que leva à saída do grupo governista.
Cid defende a manutenção da aliança histórica com o PT e aponta Ivo como líder "natural do processo". O prefeito tem sido reservado em comentar sobre o assunto, mas adiantou que o cenário político sobralense deve ter "secretário e vereador", ao mencionar que os candidatos já são cotados agora.
"Ninguém vai cair de paraquedas nessa eleição. Tem secretários, tem vereadores. No entanto, outras lideranças, o Cid que precisa ser ouvido, tem vereadores que precisam ser ouvidos, tem muita gente que precisa ser ouvida", ressaltou em entrevista à Tupinambá FM, no ano passado.
Entre os cotados, o chefe do Gabinete de Ivo, David Duarte. Ele foi assessor parlamentar da Liderança do Governo na Assembleia Legislativa do Ceará e consultor jurídico do PDT. O empresário Lúcio Feijão também chegou a ser ventilado. Nome defendido tem sido o da secretária executiva do Ministério da Educação (MEC), a ex-governadora Izolda Cela (sem partido). Ao O POVO, ela agradeceu as menções, mas disse não ter planos nem para uma futura filiação partidária, nem de ser candidata em 2024.
Na oposição, o cenário é mais encaminhado. O nome deve ficar também em família, ou o deputado federal Moses Rodrigues ou o pai dele, o deputado estadual Oscar Rodrigues, ambos do União Brasil. Pai e filho foram derrotados por Ivo na disputa por Sobral. Moses, em 2016, e Oscar, em 2020.
Presidente do União Brasil, Capitão Wagner, ressaltou o nome dos deputados e ainda de Lara Rodrigues, filha de Oscar e irmã de Moses. "A gente tá conversando com o Moses, tem o nome do Oscar (Rodrigues), tem uma irmã do Moses que é médica, mas com certeza Sobral a gente vai ter uma candidatura forte também", disse no ano passado.
Itapipoca,
PT tenta manter o poder em seu maior município no Ceará
Felipe Pinheiro é o único petista entre os maiores municípios e disputará a reeleição (Foto: Reprodução/Google) |
Desponta como sexto maior colégio eleitoral do Ceará o município de Itapipoca. O prefeito Felipe Pinheiro (PT) deve ir para a reeleição com apoio da cúpula petista, como de Camilo Santana, Elmano de Freitas e do deputado federal José Guimarães.
O gestor transita na cúpula petista há anos. Foi secretário adjunto do Gabinete do Governador e Assessor Executivo de Realizações Institucionais da Casa Civil no Governo Camilo, em 2018, e superintendente adjunto da Superintendência de Obras Públicas (SOP) em 2019. Também tem relação com o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão.
O prefeito, por meio da assessoria, confirmou que é pré-candidato. "A cidade tem acompanhado as evoluções nesses três anos e esperamos a continuidade desse projeto por uma Itapipoca cada vez melhor", afirmou.
Neste mês, a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV) no município aprovou a pré-candidatura à reeleição. "Tarefa que aceitei com muito entusiasmo na certeza de que estamos no caminho certo", disse ainda.
Poderá ter como adversária a vice. Dra Jocélia, após rompimento com o prefeito, migrou do MDB, pelo qual foi eleita, para PRD, sob a liderança do vereador de Fortaleza, Michel Lins. Ao O POVO, o parlamentar confirmou a intenção de candidatura da vice-prefeita, em busca de eleger "a primeira prefeita de Itapipoca".
Lins articula apoios à candidatura. "Isso não depende só da gente, nem só da Dra Jocélia lá, não só lá como todo o cenário político. Acredito que no mais tardar após o Carnaval as coisas devem estar se encaixando no lugar", disse.
O
tucano João Barroso também se movimenta. Ele foi prefeito por dois mandatos,
entre 2005 e 2012, e voltou à gestão em 2016, derrotando o candidato petista,
Dr. Dagmauro. Em 2020, perdeu para na tentativa de segunda reeleição. Mesmo
assim, mais da metade dos vereadores na Câmara Municipal, nove, foi eleita
filiada ao PSDB. O PT, partido do atual prefeito, conseguiu apenas dois.
Com
informações portal O Povo +
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