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24 de dezembro de 2023

Os dilemas do Vaticano de Francisco

Papa Francisco durante celebração neste domingo no Vaticano (Foto: Alberto Pizzoli)

A fé é escolha íntima. Vocação que bilhões de pessoas compartilham — e outros tantos desconhecem. Com Deus, deuses, Deusa ou deusas, com igrejas, templos, terreiros, mesquitas ou sinagogas. Com padres, lamas, sacerdotes, profetas, pastores, rabinos, babalorixás. 

Uma fé, por mais íntima que seja, tem o poder de unir ou separar povos. Justifica pazes e guerras. Acolhimentos ou inquisições. Muda a história da humanidade.

No desenrolar dos milênios, a Igreja Católica foi a fundamentação teórica de dogma. Conceito que se confunde, se mistura, com conservadorismo. Cabe aos papas, infalíveis, regrar a sociedade a servir a Deus conforme feito por milênios.

A instituição Igreja Católica Apostólica Romana perdeu espaço. Ganhou concorrência. Maior país católico do mundo, o Brasil é hoje uma nação majoritariamente evangélica. A população conservadora migrou para dogmas mais individualistas, com a teologia da prosperidade, e para templos mais próximos, a cada esquina.

Veio assim um papa novo. Para trilhar um caminho desconhecido. A Igreja vacila, distante dos fiéis que mais carecem dela. Tenta se dobrar a várias correntes — uma fé mais social, ligada aos direitos humanos; uma fé mais tradicional, fincada no conservadorismo.

O documento "Fiducia supplicans", publicado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, autoriza uma bênção não litúrgica para casais homossexuais e pessoas divorciadas (no civil). Assim, reconhece e abraça quem considera pecadores. Acolhe sob o mesmo teto, na base cristã do amor ao próprio.

Dá pouco, porque serve também a quem quer que a Igreja nunca mude. Nunca cresça. Nunca evolua.

Com informações portal O Povo +

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