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13 de dezembro de 2023

O movimento de Cid para seguir relevante, por Érico Firmo

O senador articula o apoio a Elmano e Camilo para não ser engolido por Elmano e Camilo (Foto: Erika Fiuza)

O fundamento da briga de Cid Gomes e seu grupo para deixarem o PDT é o apoio formal ao governo Elmano de Freitas (PT). Por quê? Pelos belos olhos do governador ou do ministro Camilo Santana (PT)? Não. Cid sabe que os prefeitos e deputados pedetistas querem ser governistas. É assim para todas as bancadas majoritárias e ainda mais para prefeitos do Interior. Isso é mais antigo do que andar para frente. O senador articula o apoio a Elmano e Camilo para não ser engolido por Elmano e Camilo.

O movimento, antes, para tornar o PDT governista e, agora, para liderar esse grupo numa travessia até um abrigo seguro na base governista, tem esse objetivo de não ser “anexado” pelo camilo-elmanismo.

Cid foi o líder político que projetou Camilo. Hoje, para ele há três opções:

1) submeter-se à liderança do ministro da Educação — que é sempre muito deferente em relação ao senador;

2) opor-se a Camilo, algo que parte do PDT escolheu fazer, mas não está no horizonte do senador, pelo contrário, ou

3) constituir uma força aliada, mas que não se confunda com o camilismo.

É isso que ele tenta fazer para ter a relevância que almeja — e isso exige que seja governista — mas continuar como líder de um grupo.

Por isso, o anúncio de que Evandro Leitão irá para o PT frustrou o senador.

Movimentos coordenados

Cid tem dito e repetiu que a intenção é levar todo o grupo unido para o mesmo partido. Por que são todos melhores amigos? Não. Trata-se justamente de manter a relevância e não permitir que o grupo se esfacele. Por isso o senador manifestou frustração por Evandro ter decidido sozinho o caminho.

Por que a surpresa?

Não há razão para surpresa de Cid. Evandro se moveu para sair antes do PDT de todo mundo. Quando Cid liderou a reunião que deu carta de anuência a ele, não estava na pauta a saída dos demais. O acirramento que tornou inviável o convívio pedetista se deu exatamente a partir dali.

No fim de novembro, a repórter Isabelle Maciel, aqui do O POVO, perguntou a Evandro se o plano dele era acompanhar Cid e o restante do grupo. Foi bastante evasivo. Não descartou, tampouco demonstrou intenção de tomar uma decisão conjunta. “Vamos conservar, vamos dialogar”. Para Cid ter ficado contrariado, só se nem a conversa houve.

Dois grupos

Nos movimentos de Evandro e Cid, uma coisa está evidenciada ao menos desde o ano passado: há o grupo de Camilo e o grupo de Cid, as duas principais forças do governismo. Evandro é parte do grupo de Camilo.

Só mais um filiado?

Se havia dúvida do quão abertas estão as portas do PT para Evandro Leitão, ele posou para foto ao lado de Lula um dia após pedir filiação. Os petistas repetem que há outros pré-candidatos, há disputa interna e ritos. Mas, a cúpula fez uma escolha. A questão é que, no PT, a base precisa concordar.

Não gostou

Aliás, Cid deixou clara insatisfação em ter sido convidado para ir para o PT — pelos jornais, salientou — mas com o recado de que o restante do grupo não seria bem-vindo.

“Eu recebi pessoalmente convite. Quer dizer, pessoalmente pelos jornais, convite para eu ir. Mas não poderiam abrigar (no PT) as pessoas que estão comigo. Óbvio que isso não faz sentido”.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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