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6 de dezembro de 2023

Artistas cearenses denunciam descaso em Conferência da Cultura

A secretaria de Cultura afirma em nota ter “total respeito à classe artística” (Foto: Divulgação/Secult)

Artistas cearenses relatam problemas durante a 4ª Conferência Estadual de Cultura do Ceará (CEC), atividade organizada pela Secretaria da Cultura do Estado (Secult CE). Ocorrido entre os dias 30 de novembro e 2 de dezembro no Sesc Iparana, o evento elegeu profissionais e propostas para representarem o Estado na Conferência Nacional de Cultura, que será realizada em março de 2024, em Brasília.

Com programação artística e cultural gratuita de música, teatro, dança, literatura e audiovisual, a CEC contratou artistas para se apresentarem. Alguns dos profissionais da cultura, no entanto, denunciaram a falta de organização por parte do evento, que resultou em atrasos e cancelamentos das performances.

“Minha participação estava marcada para às 17 horas, mas eu havia chegado uma hora antes no local para me organizar. (...) Eu já tinha ficado sabendo de outras pessoas que nos primeiros dias a programação atrasou bastante, já que tinha a votação da sociedade civil antes dos eventos dos artistas”, relembra a cordelista Julie Oliveira.

Prevista para participar do sarau de encerramento da CEC, a escritora detalha que o atraso nas apresentações dos artistas foram relatadas desde o início do evento. No sábado, 2, o momento literário que Julie participaria teve início somente às 20 horas, após serem realocados inúmeras vezes.

“O sarau seria no ginásio, mas ainda faltavam cerca de 60 pessoas para votarem, então isso demoraria mais uma hora para que a gente enfim pudesse se apresentar. Eu e outros dois escritores fomos caminhar, foi quando o pessoal do Sesc nos remanejou de local umas quatro vezes. Na última, queriam que a gente se apresentasse no refeitório, foi quando eu desisti”, conta.

Questionada pelo O POVO sobre a dinâmica do evento, a Secult CE explica que, por conta da amplitude da CEC, existiram “desafios” na conciliação dos debates com os momentos artísticos. “Este tamanho grandioso trouxe desafios para que fosse conciliada a programação natural, de debates e votações, com a programação artística. Houve atrasos, algumas programações artísticas tiveram que ser realocadas, bem como outras canceladas”, relata o órgão.

Autora de “A verdadeira história do Pavão Misterioso”, Julie explica que todo o contato com a organização foi feito com o “pessoal do Sesc”, que revelaram estar “obedecendo as orientações da Secult”. O evento foi realizado na sede de Iparana do Sesc Ceará, localizado em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza.

“Eles disseram que o cachê seria pago da mesma forma, porém não se trata de dinheiro, mas, sim, de tempo, preparação… Não é uma frustração por não ter me apresentado, mas pela falta de respeito e pelo tratamento que recebemos. Não veio uma pessoa da Secult para falar com a gente, não houve um cuidado com o artista da cidade", pontua Julie.

A secretaria de Cultura afirma ter “total respeito à classe artística” e revela ter “trabalhado incessantemente” para que o momento em Iparana tivesse representatividade e fosse democrático.

Reconhecendo as críticas, a Secult pede desculpas a quem “se sentiu desrespeitado”, revelando que irá entrar em contato com os artistas que tiveram suas apresentações suspensas e acrescenta. “Pesquisas serão feitas sobre a condução do evento, para que, também de forma democrática, todas as pessoas participantes possam fazer suas contribuições e para que a Secretaria possa avaliar suas ações, com o objetivo de melhorá-las”, aponta nota.

Leia a nota completa da Secult CE sobre a 4ª Conferência Estadual de Cultura do Ceará:

"A Secretaria da Cultura do Ceará elucida que a 4ª Conferência Estadual de Cultura do Ceará, realizada por esta Secretaria e o Conselho Estadual de Política Cultural do Ceará, foi um espaço democrático de participação social. Foram três dias intensos de trocas, debates e votações.

Mais de 600 pessoas estiveram presentes, cerca de 3 mil propostas foram discutidas — fruto de um trabalho de mobilização histórico, em que o Estado do Ceará despontou nacionalmente no número de Conferências Municipais realizadas. Deste montante, 60 pessoas delegadas foram eleitas e 14 propostas escolhidas para representar o Ceará na Conferência Nacional de Cultura que ocorre em março, em Brasília.

O importante e necessário debate — que ressaltamos: democrático — também têm importante contribuição para o Plano Estadual de Cultura do Ceará. A saber, a última Conferência Estadual ocorreu no ano de 2013.

O contexto se faz necessário para se entender o tamanho desta Conferência, uma das maiores Conferências Estaduais de todo o país. Este tamanho grandioso trouxe desafios para que fosse conciliada a programação natural, de debates e votações, com a programação artística. Houve atrasos, algumas programações artísticas tiveram que ser realocadas, bem como outras canceladas.

A Pasta enfatiza ainda seu total respeito à classe artística, para a qual trabalhou incessantemente para que esta Conferência Estadual tivesse representatividade de todo o território, bem como fosse democrática, histórica e frutífera. Afinal, o futuro das políticas públicas do setor é o que estava em discussão.

Pesquisas serão feitas sobre a condução do evento, para que, também de forma democrática, todas as pessoas participantes possam fazer suas contribuições e para que a Secretaria possa avaliar suas ações, com o objetivo de melhorá-las.

Por fim, a Secult reconhece as críticas, se desculpa com todas as pessoas que se sentiram desrespeitadas e afirma que fará contato direto com os agentes culturais que tiveram suas apresentações atrasadas ou canceladas." 

Com informações portal O Povo +

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