33ª edição do Cine Ceará começa hoje

Com mais de 80 filmes, entre curtas e longas-metragens, o Cine Ceará terá solenidade de abertura no Cineteatro São Luiz (Foto: Divulgação/Secult)

"Nunca foi fácil fazer um evento do porte do Cine Ceará. É um dos grandes festivais de cinema do Brasil - isto não é dito por mim, mas pela mídia em geral. Sempre é difícil. Mas chegamos à 33ª edição com um festival robusto e consolidado não só do calendário cultural do Ceará, mas do Brasil e em um contexto ibero-americano".

O discurso de Wolney Oliveira, cineasta e diretor do Cine Ceará, aponta para históricos vividos pelo evento. Mesmo diante de dificuldades de captação de recursos em diferentes anos, o festival permanece e chega à sua 33ª edição neste sábado, 25, com programação até 1º de dezembro.

Com mais de 80 filmes, entre curtas e longas-metragens, o Cine Ceará terá solenidade de abertura no Cineteatro São Luiz a partir das 19 horas, com homenagens a Bete Jaguaribe e George Moura. A programação começa às 14 horas no Cinema do Dragão, onde serão exibidos quatro dos 15 curtas que competem na Mostra Olhar do Ceará.

Ela se junta às outras duas competitivas da edição (a Ibero-americana de Longa-metragem e a Brasileira de Curta-metragem). O festival também conta com debates e exibições especiais, sendo elas "Estranho Caminho", "Iracemas", "Mais Pesado é o Céu" e "Memórias da Chuva". O acesso à toda a programação é gratuito e informações sobre a retirada de ingressos estão disponíveis no site do evento.

Um dos destaques deste ano é o recorde no número de produções cearenses em exibição. Ao todo, participam 29 obras, sendo 12 longas-metragens e 17 curtas. "O Ceará hoje é uma potência e podemos dizer isso porque é um dos principais produtores de audiovisual da região Nordeste, e muito disso se deve ao Cine Ceará, que foi fundamental na articulação das políticas públicas do Estado junto com o trabalho da Casa Amarela Eusélio Oliveira", indica Wolney Oliveira.

Ele também destaca que o Cine Ceará "sempre trabalhou no tripé formação, produção e difusão", o que o consolidou como uma vitrine do audiovisual cearense - a exemplo da Mostra Olhar do Ceará. Além disso, ressalta que o festival sempre "teve uma preocupação política", no sentido de que "o audiovisual brasileiro deslanchasse e que fossem criadas leis que ajudassem na produção do cinema nacional".

A longevidade do evento é comprovada quando se observa a permanência de 33 edições. Depois de dificuldades vividas no governo de Jair Bolsonaro e com a pandemia, os principais desafios seguem sendo a captação de recursos. Para manter o Cine Ceará, é preciso ter grandes parceiros.

Diferentemente de outras edições, a deste ano é realizada em novembro e não em setembro. A escolha foi estratégica: diante da transição de governos a nível nacional e estadual, a organização percebeu que seria necessário maior tempo para captar recursos. Para o próximo ano, as perspectivas são melhores, com a reestruturação do Ministério da Cultura e novos editais para o setor cultural.

"A captação de recursos nunca é fácil, mas apesar disso estamos fazendo o maior Cine Ceará de todos os tempos em relação ao tamanho da programação e à abrangência", detalha.

Coordenadora do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza (Unifor), Bete Jaguaribe acompanha o Cine Ceará desde quando ele era realizado sob formato de mostra. Hoje, avalia que o festival assume um "lugar importantíssimo no campo do audiovisual brasileiro". Ela destaca como o evento atravessou períodos de crise no setor, especialmente sob o governo de Jair Bolsonaro.

Em sua análise, o Cine Ceará conseguiu incorporar a característica de adaptação a diferentes contextos, se transformando ao longo do tempo. No início, poucos filmes eram exibidos - diferentemente do que é visto hoje, "o que reflete a atividade do campo audiovisual no Ceará", com muitas obras que "chegam para entrar nas mostras principais".

Houve, assim, o aumento da "oferta de qualidade" e a ampliação de sentidos alcançados pelo evento. Para Bete Jaguaribe, que também é doutora em sociologia e jornalista, é evidente o "amadurecimento" pelo qual o Cine Ceará passou ao longo das edições. "Os festivais de cinema não se dão por si só, eles expressam a produção, sendo uma vitrine do que é produzido", compreende.

A profissional, que também é diretora de Formação e Criação do Instituto Dragão do Mar (IDM) e da Escola Porto Iracema das Artes, aponta a importância do festival para a formação a partir da quantidade de longas-metragens presentes nesta edição.

"Isso nos informa como o campo está ativo, e se relaciona também com a configuração de formação que o Ceará tem, que é bastante diferenciada dos estados do Norte e do Nordeste. Essas experiências de formação contribuem muito para o fortalecimento da produção e da reflexão do audiovisual do Ceará", analisa.

Um ponto também levantado é para a necessidade cada vez maior de contemplar a diversidade nas produções, seja no conteúdo ou nos integrantes, para haver maior inclusão. A característica se estende a todos os festivais - e a acessibilidade dos próprios eventos também precisa ser considerada.

Outra personalidade homenageada nesta edição é a cineasta, produtora e jornalista Verônica Guedes, diretora-executiva do For Rainbow - Festival de Cinema e Cultura da Diversidade Sexual e de Gênero. A relação da profissional com o evento é de longa data, desde os primeiros anos do festival, e chegou a integrar a equipe de organização.

Assim, ela se sente honrada com a lembrança especial e afirma que nutre um grande carinho pelo festival. "Eu me sinto em casa", indica. Ela ressalta a importância da continuidade do Cine Ceará para as produções audiovisuais cearenses, mas enfatiza que "ainda estamos muito longe de alcançar o que queremos para o cinema brasileiro em termos de apoio".

33° Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema

Quando: sábado, 25, a sexta-feira, 1º de dezembro

Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 - Centro) e Cinema do Dragão (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)

Programação: www.cineceara.com

Gratuito

Com informações portal O Povo +

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