Após anúncio de André Figueiredo, o vereador Adail Júnior afirmou que o partido “desunerou” (Foto: Divulgação/PDT) |
Partidos que foram mais poderosos do que o PDT é hoje declinaram de forma intensa. E ficaram bem menores do que corre o risco de se tornar a agremiação que hoje abriga o prefeito José Sarto.
Como disse o vereador Adail Júnior à colega aqui do O POVO, Luíza Vieira, o PDT “desunerou”. “Pronto, só outro”, explicou o vereador. “Se não formar outro PDT ele não segue. Não sei quem tem que sair, só sei que tá desunerado, quem conhece mel de abelha sabe que tem comprar um novo”.
De fato, o futuro do PDT passa pela reorganização do partido e está evidente que não ficarão todos que estão hoje dentro da legenda.
Os partidos hegemônicos no Ceará desde a redemocratização, antes do PDT, nunca definharam ao serem derrotados nas urnas. Foram processos internos que os minaram.
O
caminho que fez os partidos declinarem
As primeiras eleições diretas quando a ditadura militar estava ruindo foram para governador, em 1982. Naquela época, o maior partido do Ceará era o PDS. Começou a deixar de ser quando o governador Gonzaga Mota saiu para apoiar as Diretas Já, e se filiou ao PMDB. Este passou a ser o partido da vez e elegeu Tasso Jereissati governador, em 1986.
O PMDB perdeu o posto em 1990, quando Tasso e o então prefeito de Fortaleza, Ciro Gomes, saíram para se filiar ao PSDB. O partido manteve-se hegemônico ao longo das décadas seguintes. Não perdeu a condição nem ao ser derrotado na eleição de 2006, quando sofreu uma fratura interna entre Tasso e o então governador Lúcio Alcântara. A briga talvez tenha sido até mais explícita do que foi a do PDT em 2022.
O PSDB, apesar disso, ainda saiu das eleições de 2006 com a maior bancada estadual e a segunda maior bancada federal. Tinha enorme presença em prefeituras. Lembra a situação do PDT após 2022. Essa condição se manteve porque Tasso levou o PSDB a aderir ao governo Cid Gomes, que derrotou Lúcio. O PSDB definhou a partir da eleição de 2010, quando houve o rompimento e Tasso foi derrotado na busca de reeleição para o Senado.
A partir dali e desde então, o maior partido do Ceará é aquele que abriga o grupo Ferreira Gomes. Já era a segunda maior força quando o grupo ingressou no PPS, atual Cidadania, em 1997. Em 2005, o clã rompeu com a direção nacional e se desfiliou, indo para o PSB. O que restou do PPS foi reduzido a praticamente nada.
Em 2013, a família e os aliados saíram do PPS e ingressaram no Pros. A passagem foi efêmera. Em 2015, mudaram-se do Pros para o PDT, novamente deixando a antiga sigla relegada à quase inexistência.
O
que restará agora do PDT
Mesmo que o grupo majoritário do PDT se retire agora, o partido não estará reduzido a nada. A saída dos Ferreira Gomes de PPS, PSB e Pros se deu por divergências com a direção nacional. No âmbito local, o grupo estava unido, e saiu em bloco. Agora, o PDT terá uma bancada de três deputados, o prefeito da Capital e pelo menos um deputado federal. Cabe num fusca, como afirma a deputada Lia Gomes? Sim. Mas, ao menos na capital, ainda precisaria ao menos de uma topique para levar a bancada de vereadores.
Publicado originalmente no portal O Povo +
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