17 de setembro de 2023

Brasil deve retomar cooperação com Cuba em áreas como saúde e agricultura

Lula durante encontro com o Presidente da República de Cuba, Miguel Díaz (Foto: Ricardo Stuckert)

O Brasil deve retomar a cooperação com Cuba em áreas como a farmacêutica e agrícola, disseram ministros que participam da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que está na cúpula do G77 + China, que acontece em Havana.

Segundo as ministras da Saúde, Nísia Trindade e da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, os países devem fazer parcerias na linha de biofármacos e no desenvolvimento de vacinas, além de medicamentos para doenças crônicas como Alzheimer e diabetes, e novos remédios para gastrite com base no uso da cana de açúcar.

Elas disseram, ainda, que a cooperação pode trazer vantagens aos dois países, uma vez que hoje o Brasil tem um déficit de US$ 20 bilhões com a importação de medicamentos. "Então, tudo o que vier agregar desenvolvimento, pesquisa, conhecimento tecnológico é o que nos interessa. Por isso essa lógica do ganha-ganha é tudo o que nós desejamos", disse Nísia Trindade, em nota divulgada pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.

Ela disse também que há intenção ter cooperação em áreas mais abrangentes como a bioeconomia, por exemplo, e que o memorando de entendimentos firmado em 2022 com o governo cubano será retomado.

Já o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, informou que os países devem manter parcerias principalmente na agricultura familiar, e em temas como genética de espécies agroalimentares, bioinsumos, alimentação animal, agricultura de conservação, sistemas alimentares tradicionais, fertilizantes, agroindústria, acesso à água. Ele destacou que deve assinar um memorando de entendimentos com o Ministério da Agricultura de Cuba.

Também participaram da viagem técnicos da Embrapa, do Conab e do Incra, para participar de encontros com cubanos para trocar conhecimento.

Lula afirma que embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba "é ilegal"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu Cuba e chamou de "ilegal" o embargo econômico dos Estados Unidos à ilha. O presidente brasileiro, que vai se encontrar com o presidente norte-americano, Joe Biden, nesta semana em Nova York, condenou a inclusão de Cuba na lista de países patrocinadores do terrorismo mas evitou cobrar formalmente o país caribenho da dívida com o Brasil.

"Cuba tem sido defensora de uma governança global mais justa. E até hoje é vítima de um embargo econômico ilegal. O Brasil é contra qualquer medida coercitiva de caráter unilateral. Rechaçamos a inclusão de Cuba na lista de Estados patrocinadores do terrorismo", afirmou Lula, ontem, na reunião de cúpula do G77 China.

Em 2009, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o governo brasileiro emprestou US$ 658 milhões (R$ 3,2 bilhões) para financiar obras no Porto Mariel. Cuba interrompeu o pagamento das parcelas da dívida em 2018, sob alegação de que não tem recursos para quitar a dívida, que gira em torno de R$ 2,5 bilhões. Nesse período, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, endureceu a política de embargo ao país. A crise se intensificou nos anos seguintes, em consequência da pandemia de covid-19, que resultou no enfraquecimento do turismo — importante atividade econômica cubana.

Além de criticar o embargo a Cuba, Lula voltou a cobrar dos países ricos o prometido financiamento de projetos nos países em desenvolvimento, que possibilitem o enfrentamento das mudanças climáticas, provocadas, historicamente, pelos países industrializados. "Vamos promover a industrialização sustentável, investindo em energias renováveis, na socio-bioeconomia e na agricultura de baixo carbono. Faremos isso sem esquecer que não temos a mesma dívida histórica dos países ricos pelo aquecimento global", declarou.

Após o evento, Lula teve uma reunião bilateral com o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel. Havia a expectativa de que os dois presidentes tratassem, nesse encontro, da renegociação da dívida da ilha com o Brasil. Mas, segundo interlocutores, o tema não entrou na pauta, uma vez que o assunto está sendo discutido entre técnicos que levantam o valor do passivo. Antes de embarcar para Nova York, Lula ainda fez uma rápida visita a Raul Castro.

Com informações portal Correio Braziliense

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