Lula acompanha a passagem das tropas, ao lado dos comandantes militares (Foto: Carlos Vieira) |
Durante o desfile, Lula precisou se sentar diversas vezes, demonstrando o incômodo da dor no quadril. Desconforto que, na quarta-feira passada, o fez transferir todos os compromissos para o Palácio da Alvorada. Mesmo demonstrando incômodo, Lula seguiu com rigor o protocolo da comemoração.
A despolitização da data faz parte da estratégia do governo de desvincular do bolsonarismo os símbolos nacionais. Diferentemente dos últimos quatro anos, o evento não teve discursos de autoridades nem provocações às instituições ou adversários. Lula seguiu o protocolo militar de abertura do desfile e chegou ao evento no Rolls Royce presidencial, ao lado da primeira-dama, Janja da Silva.
Apesar de ovacionado pelo público, que lotou as arquibancadas, o desfile seguiu o tom protocolar. Mas a despolitização não significou que Lula não tenha passado recados. Mesmo com a fisionomia cansada, o presidente — assim como o público — aplaudiu muito o personagem Zé Gotinha, símbolo da retomada da política pública de vacinação, desencorajada no mandato do antecessor.
Alinhado à estratégia do governo de reconstruir a unidade e diminuir a polarização, seis soldados indígenas da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, de São Gabriel da Cachoeira (AM), perfilaram em frente à tribuna de honra e, em seus idiomas originários, entoaram as frases “Viva a independência do Brasil. Tudo pela Amazônia. Selva!”.
Lula também tirou fotos de mãos dadas com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e com os chefes das três Armas, os comandantes do Exército, Tomás Ribeiro Paiva; da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno; e da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, buscando demonstrar a mudança na relação institucional do Planalto com os militares.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, disse que o objetivo do dia era “devolver o Sete de Setembro ao povo brasileiro como uma data da democracia”.
A inusitada presença, registrada pelo Correio em meio à plateia, do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro do governo de Bolsonaro, ajudou a reforçar o lema de união do novo governo.
Na tribuna Lula sentou-se estrategicamente cercado por todas as nove ministras mulheres do governo, uma resposta às críticas que vem recebendo por causa da redução da participação feminina na Esplanada.
Saldo
Sem o clima de comício do ano passado, o público em Brasília foi menor do que em 2022, segundo informações da Polícia Federal e do Exército. A Secom divulgou estimativa preliminar de cerca de 50 mil pessoas na Esplanada. Boa parte desse público recebeu bonés e bandeiras promocionais com as cores do país.
Além da ausência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que viajou para Alagoas, também não compareceram os ministros recém-anunciados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), da cota do Centrão. Do gabinete de Lula não assistiram ao desfile os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Flávio Dino (Justiça), Carlos Lupi (Previdência Social) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional).
Após o desfile, o presidente Lula e outras autoridades se manifestaram nas redes sociais. “Feliz de assistir a um desfile de 7 de setembro tão bonito como o de hoje. Um show de democracia, soberania e união”, postou Lula.
“Após tudo que se viu e viveu nos últimos tempos, o 7 de Setembro ganha novo significado. O Brasil e suas cores não podem ser sequestrados por movimento político-ideológico nenhum”, disse o ministro do STF Gilmar Mendes.
Na
sequência, Lula embarcou para a Índia, onde participará da 18ª Cúpula de chefes
de Estado e governo do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e
a União Europeia. O encontro acontece entre os dias 9 e 10.
Com
informações portal Correio Braziliense
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