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3 de julho de 2023

Lula comemora independência do Brasil na Bahia

Lula também participou da Caminhada de Dois de Julho
no bairro da Liberdade, em Salvador (Foto: Filipe Araujo)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou das comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia. Ao lado da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, ontem, o chefe do Executivo esteve na cerimônia de obliteração de selos comemorativos da data e participou do desfile cívico em uma caminhonete aberta de onde cumprimentou e tirou fotos com apoiadores ao longo do trecho.

Lula ainda participou da Caminhada de Dois de Julho que partiu do Largo da Soledade, no bairro da Liberdade, em Salvador. À tarde, o presidente viajou para Ilhéus, onde participará hoje da cerimônia de início das obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol I).

Em rápida declaração, o presidente afirmou que "quem lutou e morreu foram os baianos para conseguir a independência do Brasil". "Eu vim à Bahia e hoje é o dia em que a Bahia se transforma na capital do Brasil. A gente precisa compreender que Salvador vira capital provisória pela manifestação exuberante do povo baiano. Dom Pedro gritou 'independência ou morte', mas quem lutou e morreu foram os baianos para conseguir a independência do Brasil."

E emendou: "O Brasil recuperou a alegria, recuperou a democracia. Isso faz bem para a alma do povo brasileiro. O sucesso da Bahia se vê pela generosidade do povo baiano. Esse 2 de julho é a consagração da Bahia como capital histórica do Brasil".

Acompanharam o petista a ministra da Cultura, Margareth Menezes, e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

2 de julho: como a "Mulan baiana" protegeu a independência do Brasil

O Dois de Julho leva milhares de pessoas às ruas de Salvador. Neste ano a Independência do Brasil na Bahia completa 200 anos (Foto: Elói Corrêa)

É celebrado, neste domingo (2/7), os 200 anos da Independência do Brasil na Bahia. A data conta com manifestações populares em Salvador e celebra a participação do povo baiano na expulsão das tropas portuguesas do Brasil em 2 de julho de 1823, quando a então Província da Bahia aderiu ao movimento da independência brasileira. Segundo os historiadores Ricardo Carvalho e Lina Aras, é impossível detalhar a importância do Dois de Julho sem abordar o papel das mulheres no movimento.

Carvalho detalha que a figura de Maria Quitéria, uma mulher que se vestiu de homem para compor o exército baiano na expulsão dos portugueses, é frequentemente comparada a história de Mulan, personagem da Disney — em que uma garota também finge ser homem para lutar em uma guerra.

"(É) a Mulan brasileira. Mesmo à revelia dos pais, ela consegue se disfarçar de homem, usar a farda de um cunhado e adotar o nome fictício de soldado Medeiros", explica.

Nascida em 1792, Maria Quitéria cresceu em uma região conhecida como São José da Itapororoca (atual cidade "Maria Quitéria", a 129 km de Salvador). Seu pai, Gonçalo, era um pecuarista. A mãe dela morreu quando Maria Quitéria ainda era adolescente.

"Quitéria desenvolveu habilidades necessárias a uma vida de combate", conta o historiador. "Em 1822, ela ouviu notícias sobre a guerra de independência da Bahia e resolveu partir para o campo de batalha", detalha o historiador.

Já em ação, a primeira missão de Maria Quitéria foi organizar a defesa da ilha de Maré, na Baía de Todos os Santos e, logo depois derrotar os portugueses na Batalha de Pirajá, em Salvador. Essas estratégias visaram impedir a entrada das tropas inimigas pelo mar e por terra.

Após oficialização da independência do Brasil na Bahia, em Dois de Julho de 1823, o historiador Ricardo Carvalho lembra que Maria Quitéria foi recebida pelo imperador D. Pedro I como heroína da guerra de independência. "Como reconhecimento, ela ganhou o título de Alferes dado por Dom Pedro e recebeu um soldo até o final da vida", afirma Carvalho.

Ao lado de Maria Quitéria, Maria Felipa também está no livro de heróis nacionais pela participação na luta de expulsão dos portugueses. Nascida na ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos, ela era negra e escrava liberta. Maria Felipa liderou, em janeiro de 1823, um grupo de mulheres para derrotar soldados e queimar embarcações portuguesas.

Figura mártir da independência, a freira Joana Angélica, segundo o professor Carvalho, morreu em defesa dos brasileiros. Em 1822, ela reagiu à invasão das tropas portuguesas ao Convento da Lapa, em Salvador, em foi assassinada com um golpe de baioneta na cabeça.  

Para Lina Aras, historiadora da Universidade Federal da Bahia (Ufba), relembrar a participação feminina na independência é importante para incluir mulheres na reprodução de fatos históricos.

"Muitas mulheres foram silenciadas, elas sequer aparecem (na história do Brasil). Quando falamos sobre o Dois de Julho, levantamos discussões sobre a necessidade de falar de mulheres em cada contexto histórico", defende.

A historiadora também explicou que, além das heroínas citadas, a participação feminina no Dois de Julho deve considerar as mulheres anônimas. "As mulheres participaram da independência de várias formas, como em vigia da tropa inimiga e na alimentação dos soldados brasileiros".      

Segundo Lina, relembrar o Dois de Julho sob o olhar feminino perpassa pela ideia de que as mulheres devem ser autônomas e responsáveis por suas próprias decisões. "A autonomia para defender seus direitos e seguir seus sonhos", indica a historiadora.

Com informações portal Correio Braziliense

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