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19 de maio de 2023

No Ceará, ministras anunciam investimentos e lançam programas

Os compromissos do trio de ministras se estenderam por Fortaleza,
São Benedito e Limoeiro do Norte (Foto: Reprodução/Governo do Ceará)

O Ceará concentrou ontem a agenda de três ministras do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), menos de uma semana depois da visita do presidente. De passagem pelo estado, Anielle Franco (Igualdade Racial), Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Nísia Trindade (Saúde) anunciaram investimentos e lançaram programas.

Os compromissos do trio se estenderam por Fortaleza, São Benedito e Limoeiro do Norte. Na Capital, em evento no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Anielle Franco deu largada a uma caravana participativa para a formação do "Plano Juventude Negra Viva no Ceará", uma das principais iniciativas da área sob sua gestão.

No interior cearense, Sonia Guajajara e Nísia Trindade participaram do encerramento do "Mês de Vacinação dos Povos Indígenas".

De lá, a ministra da Saúde seguiu para Limoeiro, onde vistoriou, ao lado do governador Elmano de Freitas (PT), o Hospital Regional do Vale do Jaguaribe e a Policlínica Judite Chaves Saraiva.

O roteiro de Trindade e Elmano teve sequência com a entrega da reforma do centro de emergência do Hospital Infantil Albert Sabin, onde a titular do ministério assinou portarias com investimentos no patamar de R$ 300 milhões e elogiou a estrutura de equipamentos de saúde adotada localmente.

Os recursos, de acordo com as autoridades, estão voltados para reduzir as filas de cirurgias eletivas e subsidiar a rede estadual de policlínicas pelos próximos anos.

"O modelo que foi criado aqui no Ceará é referência nacional hoje", pontuou Trindade, referindo-se às policlínicas.

Desde a posse de Lula no Planalto para um terceiro mandato, o estado já foi incluído na rota de ao menos oito integrantes da Esplanada, entre os quais estão Flávio Dino (Justiça), Camilo Santana (Educação) e Rui Costa (Casa Civil).

Na sexta-feira da semana passada, 12, Lula e uma comitiva de governadores e parlamentares também marcaram presença, cumprindo agenda em Fortaleza e na região do Cariri. Lá, o presidente assinou uma medida provisória para retomada de obras no setor da educação.

Com quadros cearenses compondo cargos importantes no MEC e em outras pastas, além da liderança do Governo na Câmara, a cargo do deputado José Guimarães (PT), as relações entre o Abolição e o Executivo federal têm se estreitado.

Em discurso no Hospital Albert Sabin, Elmano tratou de enfatizar o que, para ele, era um cenário apontado ainda durante a campanha eleitoral de 2022, quando apostou no alinhamento político com a União como trunfo na disputa.

"Tenho absoluta segurança daquilo que nós falávamos tempos atrás, de que com a eleição do presidente Lula e a nossa eleição, nós iríamos estar de mãos dadas para fazer mais pelo povo. Hoje é a demonstração concreta disso", ressaltou o governador, acrescentando que o Governo "está alterando o nosso teto" (de repasses para saúde).

"Temos R$ 136 milhões para o hospital do Vale do Jaguaribe. Teremos hospital de emergência de porta aberta para o povo da região. É importante para região e para Fortaleza, porque pessoas vão ser atendidas lá", informou.

Presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), o deputado estadual Evandro Leitão (PDT), um dos presentes ao evento no hospital, também frisou o protagonismo estadual neste momento.

"Isso é prestigio. O presidente Lula está olhando para o Ceará, como o governador acabou de falar. Está se reabrindo um diálogo institucional com o Governo Federal que, até então, infelizmente não existia. E agora, com todas essas ministras aqui, isso demonstra prestígio e é extremamente simbólico", avaliou o parlamentar em conversa com a reportagem.

Ministra Nísia Trindade destina mais de R$300 milhões para a Saúde do Ceará

A ministra Nísia Trindade lado do governador Elmano e da secretária Tânia Mara em Limoeiro do Norte (Foto: Reprodução/Governo do Ceará)

Em visita ao Ceará, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou mais de R$333,6 milhões para a Saúde do Estado. Do montante, R$136 milhões serão destinados ao Hospital Regional do Vale do Jaguaribe (HRVJ). Valores também serão direcionados ao atendimento oncológico, realização de cirurgias e custeio de policlínicas regionais.

Ao lado do governador Elmano de Freitas e da secretária da Saúde, Tânia Mara Coelho, a ministra visitou o HRVJ e a Policlínica Judite Chaves Saraiva, ambos em Limoeiro do Norte, na manhã dessa quinta-feira, 18. Na ocasião, a titular do MS assinou três portarias destinando os valores para o Ceará. Veja detalhamento:

A destinação de parte do investimento ao custeio de policlínicas é um reconhecimento do papel dessas unidades. "Além da atenção primária e de alta complexidade, temos com as policlínicas uma resposta importante com relação a atendimento de especialidades e procedimentos", analisou, sobre a rede assistencial cearense.

"Uma das portarias que assinamos é de alta complexidade envolvendo nove hospitais na área de oncologia. Por fim, não menos importante, uma portaria destinando recursos para a ampliação do teto MAC em Fortaleza, que envolve o custeio de quatro policlínicas e nove equipamentos hospitalares", detalhou a ministra.

Após a visita a unidades de saúde cearenses, a ministra elogiou o modelo de regionalização criado no Estado, com hospitais regionais e policlínicas, e afirmou que a diretriz é "referência nacional". Nísia disse que o Ceará foi "precursor" e "ainda vai inspirar muitos trabalhos".

Conforme o governador Elmano de Freitas, a visita da ministra representa a parceria do Governo Estadual e Federal. Segundo ele, o Hospital Regional do Vale do Jaguaribe ofertará uma "emergência de porta aberta" para a população da região, diminuindo a pressão para Fortaleza.

"A disponibilização de recursos para ampliarmos o tratamento contra o câncer no Interior do Estado, o que nos permite, portanto, ampliar os serviços de saúde e melhorar a qualidade do serviço", comemorou Elmano.

Durante a tarde, Nísia participou da entrega do Centro de Emergência e do novo Núcleo de Gestão e Atendimento ao Cliente (NGAC) do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias). A emergência da unidade inclui um novo setor de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Infantil com 16 leitos (14 padrões e 2 de isolamento).

O Centro de Emergência conta com 49 leitos, sendo 17 de observação, 27 de enfermaria, um de isolamento e quatro pontos de cuidado na sala vermelha. Outra novidade é o Núcleo de Gestão e Atendimento ao Cliente (NGAC), que reúne os serviços de marcação e recebimento de exames, agendamento de consultas e cirurgias e gerenciamento dos atendimentos na emergência. Além disso, integra os sistemas de gestão de leitos e de altas, otimizando a rotatividade dos pacientes internados.

Ceará sedia lançamento da Caravana Participativa do Plano Nacional Juventude Negra Viva

A ministra Anielle Franco encontro no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza (Foto: Reprodução/Governo do Ceará)

Pioneiro no Brasil, o Ceará foi palco do primeiro encontro da Caravana Participativa para construção do Plano Juventude Negra Viva, nesta quinta-feira, 18. O projeto tem como objetivo visitar todas as unidades federativas do País para a formulação de políticas públicas voltadas ao combate à violência contra a população negra. Durante os encontros, movimentos sociais poderão dar suas contribuições para a elaboração do Plano.

O encontro, sediado no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, contou com a presença da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo, Yuri Silva, o secretário nacional de Juventude da Secretaria Geral da Presidência da República, Ronald Luiz dos Santos, da vice-governadora Jade Romero, e das secretárias da Igualdade Racial, Zelma Madeira, e da Juventude, Adelita Monteiro.

Durante a solenidade de lançamento da Caravana, a ministra Anielle Franco afirmou que o projeto surge para pensar não somente no combate à violência, como também sobre a garantia dos direitos fundamentais aos jovens negros.

“Quando a gente pensou o Juventude Negra Viva, consideramos vários eixos e demos uma aprimorada, eu diria. Era um programa que já tinha, além do conhecimento, algo muito bem articulado. Mas a gente queria trazer cultura e educação, porque não é só combater o genocídio da população preta, é pensar também a partir dali o que devemos fazer. Nossa ideia é, além de percorrer todos os estados do País e estar ali conversando com a juventude, dar esses espaços concretos futuros para como iremos seguir a partir daí”, conta.

A ministra elencou os primeiros passos a serem dados para a consolidação do Plano Juventude Negra Viva, destacando a importância do levantamento de dados sobre a violência oriunda do racismo estrutural.

“Os pontapés iniciais são, primeiramente, fazer o diagnóstico (por território), ir em todos os lugares, ouvir as demandas e pensar como que a gente pode fechar esse ciclo e construir a partir daí. A gente não consegue avançar sem ter dados e, como a boa professora que sou, pra gente saber onde está pior, precisamos avançar nessa coleta e saber a partir dali sobre a territorialidade e, por isso, a Caravana”, explica Anielle.

Ainda ao decorrer do evento, Anielle Franco relembrou a participação da irmã, a vereadora carioca Marielle Franco, assassinada a tiros em março de 2018, na luta pela seguridade dos direitos das mulheres e do povo negro.

“No meu projeto, as mulheres não sofrem violência política porque corajosamente colocaram seus corpos à disposição para fazer política pública para a gente, pra pensar educação, pensar saúde. E esse é o meu projeto político, e ele é o mesmo que a minha irmã defendia", continua Anielle.

"Se esse projeto estivesse em curso, há alguns anos atrás, a Mari provavelmente ainda estaria viva aqui hoje com a gente, lutando tanto quanto nós estamos para que as mulheres sejam livres, para que as mulheres sejam protagonistas de suas histórias, para que as mulheres chegassem e permanecessem em espaços de decisão", declara a ministra da Igualdade Racial.

Pioneirismo cearense na Caravana Participativa

Sobre a escolha do Ceará para sediar o primeiro encontro da Caravana Participativa, o diretor de Políticas de Combate e Superação do Racismo, Yuri Silva, elucida que a escolha se deu a partir do protagonismo e preocupação do Estado com o genocídio negro.

“O Ceará, além de ser um Estado muito importante para o Brasil e para o Nordeste brasileiro, ele tem demonstrado — tanto na gestão Camilo Santana quanto agora na gestão Elmano de Freitas e Jade Romero — compromisso com a redução da violência letal. É um Estado que tem sim dados delicados, mas, mais do que isso, tem um governo comprometido em apresentar soluções para essas questões”, afirma o diretor.

A vice-governadora do Ceará, Jade Romero, salientou a satisfação em receber a ministra e os secretários para debater iniciativas de incentivo à criação de política públicas para a juventude.

“O governador Elmano criou uma secretaria de Igualdade Racial, criou a primeira secretaria de Estado de Juventude, a primeira secretaria do Estado de Diversidade e a secretaria das Mulheres, da qual sou titular. Então temos aí uma série de políticas que estão sendo articuladas com essa transversalidade da questão racial, que é tão importante em todo o Brasil e também aqui no nosso Estado”, destaca Jade.

Também presente na ocasião, a secretária estadual da Igualdade Racial, Zelma Madeira, reforçou a importância da formulação de um projeto político antirracista e que trabalhe a inclusão da negritude nos espaços de poder.

“A gente precisa saber qual é o lugar da gestão e onde nós precisamos chegar. E, assim, tecer alianças e construir pontes onde for possível. E aqui é possível pensar o povo negro, não só como beneficiário de uma política, mas com capacidade de formulá-la. Nós estamos em uma disputa de projetos e o nosso é de uma política antirracista, que faça com que essa racialidade, da forma como ela é posta, tenha fim. E ela só tem fim quando nós conseguirmos a nossa humanidade como um povo negro, como um povo originário e como povos e comunidades de terreiro”, conclui Zelma.

Com Sonia Guajajara, campanha de vacinação dos povos indígenas no CE é encerrada

A ministra Sonia Guajajara na Aldeia Indígena Gameleira em São Benedito (Foto: Reprodução/Governo do Ceará)

Foi encerrado nesta quinta-feira, 18, o Mês da Vacinação dos Povos Indígenas (MVPI) no Ceará. Realizado na Aldeia Indígena Gameleira, localizada em São Benedito, o evento contou com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

A campanha de imunização, que foi iniciada em 19 de abril, foi capitaneada pelo Ministério da Saúde e teve como objetivo principal reverter o cenário de baixos índices de proteção desse segmento populacional em relação a todas as vacinas disponíveis no calendário. Dados da pasta apontam que, no ano passado, apenas 53% do público foi vacinado.

Sonia ressaltou a importância da criação do Ministério dos Povos Indígenas e da ocupação de outros órgãos por mulheres. “O ano de 2023 é um marco na história dos povos indígenas. Conquistamos um ministério, pela primeira vez que temos a Funai presidida por uma mulher indígena e agora temos a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) também comandada por um indígena”, pontuou a titular da pasta.

A ministra também apontou para cooperação realizada pelo Governo Federal com estados e municípios em prol da imunização do público indígena. “Por muito tempo nos olharam como problema. Então, agora iremos construir juntos. Articularemos ações junto aos estados e municípios, porque é na ponta que acontece a política pública”, afirmou.

A previsão inicial estipulada pelo Ministério da Saúde era de que mais de 210 mil doses fossem aplicadas no âmbito do MVPI. A pasta orienta a continuidade da imunização mesmo após o fim da campanha. Dados do Distrito Sanitário Especial dos Indígenas (DSEI) afirmam que, em um período de quatro meses, 92,6% das crianças; 92% das mulheres em idade fértil; e 86,3% dos idosos.

Mesmo sem ter comparecido à cerimônia, o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), enviou mensagem defendendo a importância da proteção conferida pelas vacinas. “Aqui no Ceará somos referência na imunização dos povos indígenas e iremos intensificar essa vacinação para que o nosso povo siga sendo protegido”, apontou.

Na esteira da fala do chefe do Executivo cearense, a secretária dos Povos Indígenas do Ceará, Juliana Alves, sublinhou que é dever da administração pública dar amparo a todos os segmentos da população.

“Antes de sermos indígenas, somos seres humanos. Estamos vivendo um novo cenário, estamos tendo uma reconstrução política brasileira. Nós, como Estado, temos a delegação de fazer com que nossos povos possam ser atendidos. Poder trazer autoridades das esferas municipais, estaduais e federais para dentro de um território indígena é muito importante”, disse a secretária.

Imunização no Ceará

O Ceará foi considerado como um estado de referência na esfera da campanha de imunização, afirmou o secretário especial da Sesai, Weibe Tapeba. Ele também agradeceu aos profissionais de saúde pelo serviço prestado às comunidades indígenas.

“Nós levaremos a saúde indígena aonde as comunidades indígenas estão. Essa é a nossa missão. Hoje, gostaria de agradecer, principalmente, aos profissionais de saúde que cruzam essas terras para levar imunização a cada um desses povos. Aqui, no Ceará, o resultado foi muito positivo. A intensificação da imunização levou a cobertura vacinal cearense acima da média da população brasileira”, apontou o secretário.

Segundo a Federação dos Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince), o Estado possui em seu território cerca de 36 mil indígenas, divididos em 20 povos que povoam 22 terras — estas, situadas em 19 municípios.

Com informações portal O Povo +

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