Presidente de assembleia pediu desculpas a Lula por ataque da ultradireita (Foto: Vicente Nunes) |
Deputados do Chega, o partido de extrema direita de Portugal, interromperam o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia da República. Assim que o líder brasileiro começou a falar, os parlamentares exibiram cartazes com os dizeres “chega de corrupção” e começaram a bater nas mesas. Houve, então, uma resposta à altura: o plenário inteiro aplaudiu Lula longamente.
Diante
da agressividade dos deputados do Chega, no entanto, o presidente da
Assembleia, Augusto Santos Silva, pediu compostura aos parlamentares, alegando
que a casa estava recebendo um chefe de Estado de uma nação irmã de Portugal.
Lula voltou a falar, mas, sistematicamente, os deputados do Chega tentavam
tumultuar, sendo contidos por aplausos a favor do petista.
Após o discurso, Lula também respondeu os parlamentares. O presidente disse que protesto foi "essa cena de ridículo" e um "papelão". "Mas quem faz política ta acostumado a isso. Eu acho que essas pessoas quando voltarem para casa e deitarem a cabeça no travesseiro vão falar que papelão nós fizemos", disse aos jornalistas.
O
Chega tem a terceira bancada do Parlamento português e vem apresentado
crescimento nas intenções de votos com o forte apoio de brasileiros,
especialmente evangélicos, que vivem em Portugal. Além dos protestos no
plenário, os parlamentares organizaram uma manifestação do lado de fora do
Palácio de São Bento, uma joia da arquitetura portuguesa.
No último dia de visita a Portugal, numa data simbólica para o país europeu, que comemora neste 25 de abril 49 anos do fim da ditadura de António Salazar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a declaração mais enfática de defesa da Ucrânia, país invadido pela Rússia há mais de um ano. “Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia”, afirmou em discurso na Assembleia da República.
Lula,
que teve a fala contestada várias vezes por deputados do Chega, partido de extrema-direita,
ressaltou que o Brasil compreende a apreensão da Europa com o retorno da guerra
e reforçou que o Brasil acredita “em uma ordem internacional fundada no
respeito ao Direito Internacional e na preservação das soberanias nacionais”.
Mas insistiu na importância das negociações pela paz. “É preciso admitir que a
guerra não poderá seguir indefinidamente. A cada dia que os combates
prosseguem, aumenta o sofrimento humano, a perda de vidas, a destruição de
lares”, acrescentou.
Antes
mesmo de desembarcar em Portugal, Lula vinha sendo criticado por ter igualado
Rússia e Ucrânia, ao dizer que os dois países eram culpados pelo conflito.
Afirmou ainda que a União Europeia e os Estados Unidos alimentavam a guerra em
vez de negociarem a paz. O petista foi confrontado várias vezes pelas
declarações, inclusive pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza,
que reforçou o compromisso de seu país com a União Europeia.
Crises e diálogo
Lula lembrou que a guerra entre Rússia e Ucrânia provocou crises alimentar e energética em todo o mundo. “Todos nós fomos afetados, de alguma forma, pelas consequências da guerra. ?É preciso falar da paz. Para chegar a esse objetivo, é indispensável trilhar o caminho pelo diálogo e pela diplomacia”, assinalou. Ele lembrou que tanto Brasil quanto Portugal assumiram um compromisso absoluto com o multilateralismo. “Esse compromisso nos força a reconhecer que as ferramentas da governança global se têm mostrado inadequadas para fazer frente aos desafios atuais”, frisou.
Para ele, o Conselho de Segurança das Nações Unidas encontra-se praticamente paralisado. “Isso ocorre porque sua composição, determinada ao fim da Segunda Guerra Mundial, 78 anos atrás, não representa a correlação de forças do mundo contemporâneo. Por isso, defendemos uma reforma que resulte na ampliação do Conselho, de maneira a que todas as regiões estejam representadas de forma permanente, de modo a torná-lo mais representativo em seu processo deliberativo e mais eficaz na implementação de suas decisões”, disse.
O presidente afirmou ainda estar retomando a tradição diplomática do Brasil e renovando os compromissos com as instituições multilaterais. “Apoiamos o ingresso da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) como membro observador da Conferência Ibero-Americana, iniciativa que aproxima duas importantes esferas de diálogo e de concertação”, detalhou. E voltou a reforçar estar empenhado em avançar nas tratativas para o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, “criando vínculos ainda mais robustos entre nossas duas regiões”.
Sob aplausos, admitiu que sua nova jornada na Presidência da República não será fácil. “Mas o Brasil, assim como Portugal, é um país obstinado. Obstinado pela paz, obstinado pela justiça, obstinado pela inclusão social, obstinado pela liberdade. Trabalhamos juntos para a construção de um mundo mais justo, mais livre e mais próspero.”
Com informações portal Correio Braziliense
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