Guardiões da Galáxia e Aquamen são as apostas da Marvel e DC para 2023 (Foto: Reprodução/Twitter) |
Em maio de 2008, era lançado nos cinemas internacionais o primeiro filme de "Homem de Ferro", estrelado por Robert Downey Jr. Produção de estreia de uma trilogia de sucesso, o filme deu um novo recomeço às produções cinematográficas que envolviam as histórias de super-heróis, nicho até então dominado pelos mutantes da franquia de "X-Men" durante o início dos anos 2000.
O herói bilionário que vestia uma armadura de ferro e morava em uma torre gigante no centro de Manhattan logo conquistou o público de diversas idades, mas principalmente aqueles que acompanhavam as histórias em quadrinhos criadas por Stan Lee e ansiavam por uma adaptação para as grandes telas.
"Eu acredito que sempre houve um interesse nas histórias de super-heróis porque são narrativas pelas quais muitos dos adolescentes, jovens e adultos cresceram lendo nos quadrinhos. Há também a jornada do herói, que tem toda uma história de superação, heroísmo, de buscar o melhor de cada um…Com o lançamento de 'Homem de Ferro', houve essa busca de tornar essas histórias não só um fenômeno isolado no calendário anual (do cinema), mas um fenômeno previsível e aguardado, com cinco, seis, 10 datas anuais e para que as pessoas fossem recorrentemente ao cinema assistir essas outras produções", detalha Márcio Sallem, professor e crítico de cinema.
Considerado o "pai" do Universo Cinematográfico da Marvel (UCM), o longa-metragem dirigido por Jon Favreau cativou o público e arrecadou cerca de 585,2 milhões de dólares no ano de estreia.
"A chegada de cineastas e produtores que eram fãs dos materiais originais e aprenderam com os erros de empreitadas anteriores foi, com certeza, um dos fatores que contribuíram para que as adaptações de HQs chegassem onde chegaram, com esse subgênero se livrando aos poucos do estigma que havia ganho após desastres como 'Batman & Robin' (1997), 'Aço' (1997) e 'O Fantasma' (1996).", explica Thiago Siqueira.
Podcaster e também crítico de cinema, Thiago detalha que a reviravolta no consumo dos filmes de heróis se deu com a introdução de "universos compartilhados", que levavam o público a pensar e querer acompanhar a história para além de um único filme.
"A aposta da Marvel Studios com o formato de 'Universo Compartilhado', que estava basicamente ausente do cinema mainstream há muitos anos, intrigou a audiência e ajudou a criar um suspense de filme para filme. As pessoas queriam não só assistir aquela aventura específica, mas também ter mais uma peça do quebra-cabeça sendo montado a cada longa-metragem", conta o colaborador da plataforma de podcast do Cinema com Rapadura.
Assim como Thiago, Márcio Sallem afirma que a fórmula Marvel de construir um "universo compartilhado" em suas produções cinematográficas foi o que prendeu o público e transformou os filmes de super-heróis em sucesso absoluto. "De certa forma, o UCM mudou sim o cinema. O universo compartilhado era algo que, até então, ninguém havia experimentado dentro de uma arte tão cara como é o cinema".
A
fórmula ainda encanta?
Com o sucesso de "Homem de Ferro", o público foi apresentado aos principais heróis da Marvel, com os filmes de "Thor" e "Capitão América: o primeiro Vingador", ambos lançados em 2011, e reunindo-se como grupo em "Os Vingadores", de 2012, que arrecadou US$ 1,518 bilhão na bilheteria mundial.
No mesmo ano, a DC lançou "Batman: o Cavaleiro das Trevas Ressurge", com direção de Christopher Nolan, que alcançou US$ 1,081 bilhão em vendas. Em 2013, a DC Comics, subsidiária da Warner Bros Entertainment, lançou "Homem de Aço", apresentando Henry Cavill no papel do lendário Super-Homem.
A partir de então, o UCM deu início às fases, com a primeira trazendo o último filme da trilogia de "Homem de Ferro", os primeiros de "Homem-Formiga" e "Guardiões da Galáxia", além das sequências de "Thor: O mundo sombrio", "Capitão América e o Soldado Invernal" e "O Vingadores: Era de Ultron".
Logo, notou-se que as histórias de super-heróis se manteriam em destaque nas produções cinematográficas por um longo período, com filmes tanto da Marvel, quanto da DC. "Há o desgaste, pois acabam sendo as mesmas histórias, o mesmo formato, mas isso ocorre em todo tipo de gênero. Eu vejo que a saturação é uma alternativa sempre viável para novas formas de contar aquelas narrativas ou de ter novas abordagens, novos ângulos para os enredos", detalha Márcio Sallem, que também é professor de cinema.
"Tentou-se emular a mistura de ação e humor que a Marvel fez de sua fórmula inicial em vários longas de ação. A questão do universo compartilhado foi uma benção e uma maldição, com os estúdios correndo atrás para conseguir implementar esse formato. A Marvel Studios o implementou bem e houve um ótimo crescimento que culminou em 'Vingadores: Ultimato' (2019).", afirma Thiago Siqueira.
O podcaster também comenta que nas outras empresas a reprodução da "fórmula Marvel" não obteve bons resultados: "A Warner com a DC tentou replicar esse sucesso com o chamado 'Snyderverso' e se atrapalhou em narrativa e tom, além de diversos outros problemas internos. O mesmo aconteceu com Sony e Fox. Até a Universal, com o chamado Dark Universe, tentou copiar o formato, com resultados catastróficos.".
Em 2016, a DC lançou "Esquadrão Suicida", que trazia a narrativa de anti-heróis, e "Batman vs Superman: A Origem da Justiça", este acumulando US$ 873 milhões em bilheteria. Nos anos seguintes, a principal rival da Marvel no segmento de super-heróis lançou "Mulher Maravilha" e "Liga da Justiça", ambos em 2017, "Shazam" (2019), "Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa" e "Mulher Maravilha 1984" em 2020, além de "Liga da Justiça de Zack Snyder" e "O Esquadrão Suicida", ambos de 2021, encerrando com "O Batman", que estreou em 2022.
A maior bilheteria da DC, até então, é com "Aquaman", lançado nos cinemas no ano de 2018. Com produção executiva de Zack Snyder, o filme apresentou Jason Momoa, conhecido principalmente por interpretar Khal Drogo em "Game of Thrones", como o meio-humano e meio-atlante, herdeiro do reino submerso de Atlântida.
Já a Marvel, manteve-se firme na narrativa de filmes construída a partir de fases. Atualmente, o Universo Cinematográfico se encontra na fase cinco, que teve início com o lançamento de "Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania" em fevereiro deste ano, e já está com as produções que vão fazer parte da fase seis em desenvolvimento. Em média, seis novos filmes estrearam em cada fase. O UCM atingiu o ápice na fase três, quando foram lançados 11 longas entre os anos de 2016 e 2019.
Com o grande número de produções que tem como narrativa os super-heróis, foi possível notar a redução do interesse do público com os filmes. "Na história do cinema, sempre tivemos 'ondas' de gêneros de sucesso, quase sempre culminando com obras que faziam uma reflexão sobre os filmes anteriores, como faroeste, musicais, fantasia… A questão é que nem a própria Marvel tem conseguido recentemente replicar a fórmula inicial e talvez seja necessário dar um passo para trás e repensar o formato. O cansaço do público ocorre quando há um esgotamento do gênero e do interesse", comenta Thiago.
Criador do Cinema com Crítica, Márcio Sallem concorda que existe a exaustão com o gênero, mas que as novas formas de consumo podem ter interferido na busca pelas produções cinematográficas de heróis. "Há sim um certo cansaço do público, mas eu vejo que boa parte do público que acompanhou nos últimos 15 anos amadureceu, e com o amadurecimento vieram também diversas circunstâncias que interferem diretamente na forma que era consumido esses filmes. Além da pandemia da covid-19, a massificação do streaming acabou criando uma possibilidade de acompanhar as narrativas, tirando as pessoas da sala de cinema, mas deixando-as em suas próprias casas. Então, há um cansaço natural, porém, a modificação dos padrões de consumo interferiram na qualidade, na frequência e no atendimento desses filmes".
O
que estreia em 2023:
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Guardiões da Galáxia Vol. 3 (4 de maio)
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Homem-Aranha através do Aranhaverso (1º de junho)
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The Flash (15 de junho)
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Besouro Azul (17 de agosto)
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Kraven, o Caçador (5 de outubro)
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As Marvels (9 de novembro)
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Aquaman: O reino perdido (25 de dezembro)
Com
informações portal O Povo +
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