Élcio Batista, que se prepara para suceder Tasso Jereissati na presidência do PSDB cearense ainda em 2023 (Foto: Reprodução/Twitter) |
O PSDB organiza uma espécie de renascimento. Em especial na perspectiva cearense, onde já foi o partido a ser batido, o maior, com mais prefeitos, mais vereadores, mais deputados etc, além do comando firme da política local que era exercida por um grupo que tinha à frente Tasso Jereissati. Os tempos são outros, há personagens novos no jogo e o Tasso de hoje já não é aquele de antes, o que faz uma diferença brutal para a briga de sempre pelo poder.
No entanto, é este mesmo Tasso Jereissati que comanda o esforço de renovação tucana, décadas depois do auge de exercício de poder e após finalizar um segundo mandato de senador num contexto em que demonstrou pouca influência na decisão de voto do cearense na histórica disputa eleitoral de 2022. Foi ele o responsável direto pelo convite de filiação ao vice-prefeito de Fortaleza, Élcio Batista, e, ainda presidente da executiva estadual neste momento, lhe cabe liderar outras conversas que buscam injetar sangue novo numa sigla que envelheceu mal. Aqui e no plano nacional, como demonstram as últimas performances nas urnas.
Aposta-se muito nas perspectivas de futuro do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que hoje comanda a executiva nacional e chegou a ensaiar, ano passado, uma candidatura à Presidência. Jovem, cheio de ideias modernas, uma síntese pessoal do que os tempos atuais exigem, a começar pela homossexualidade assumida de maneira corajosa e transparente, ele fracassou na ideia de furar a polarização que levou Lula e Bolsonaro a ocuparem quase todos os espaços da última disputa presidencial, mas, acabaria vitorioso no projeto de última hora de voltar ao comando do Palácio do Governo gaúcho, de onde movimenta-se agora no sentido de reorganizar sua caminhada nacional.
Tasso é entusiasta do projeto Eduardo Leite, entende que ele tem o perfil ideal para o comando de um choque político na intensidade que o PSDB está a exigir, mas, no plano estadual, parece enfrentar um desafio maior. O partido ainda não tem um espaço claro na política cearense, critica o início da gestão do petista Elmano de Freitas, sem que isso dê clareza a uma postura oposicionista, e, pior, não dispõe, objetivamente, de força suficiente para incomodar o governante de plantão. Faltam tucanos nas Câmaras de Vereadores, na Assembleia e nas bancadas cearenses no Congresso.
Não é um dado qualquer. Trata-se, recorramos à memória, daquele partido que um tempo atrás saia das urnas com todas as vagas ao senador em disputa em seu poder, com uma bancada estadual de 18 deputados eleitos e com filiados seus ocupando 10 das 22 vagas disponíveis para os representantes cearenses na Câmara Federal. Aconteceu em 1998, para citar uma situação concreta, valendo ainda o registro de que, na ocasião, Tasso conquistava reeleição como candidato a governador, num tranquilo primeiro turno e com 62% dos votos.
Élcio
Batista, que se prepara para suceder Tasso Jereissati na presidência do PSDB
cearense ainda em 2023, sabe bem que uma realidade bastante diferente o
aguarda. É marca principal do momento a falta de força numérica e inexistência
de unidade interna, o que lhe impõe o desafio de correr em duas frentes
simultâneas para organizar as coisas na perspectiva de chegar à próxima
temporada eleitoral, já no ano que vem, mais próximo do passado de glórias do
que desse presente de incertezas que ele herdará.
Publicado originalmente no portal O Povo +
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