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24 de abril de 2023

Como Cid se tornou alvo de "sartistas", por Carlos Mazza

Antes a maior liderança do PDT, o senador Cid virou alvo de críticas de lideranças da Capital (Foto: Reprodução/Twitter)

Até pouco tempo atrás liderança inquestionável do PDT no Ceará, o ex-governador e hoje senador Cid Gomes (PDT) passou a virar alvo de colegas de partido nos últimos dias. Na última última quinta-feira, 20, a questão saiu da futrica de bastidores após o deputado estadual Antônio Henrique (PDT) levar o assunto à tribuna da Assembleia Legislativa, fazendo uma série de críticas a obras concluídas ou inacabadas da gestão do senador.

Os principais alvos foram obras do Acquário e do Centro de Formação Olímpica (CFO), até recentemente objeto de defesa apaixonada por pedetistas. "Eu passo em frente a esse equipamento todo dia, olho para ele e procuro ver uma pessoa entrando ou saindo e, infelizmente, a gente não consegue ver", disse. "Eu gostaria, se alguém aqui puder me dizer, de saber o que é que de fato acontece ali para realmente fazer jus ao investimento".

Sinal dos tempos

Surpreendentes por si só, os ataques contra Cid se tornam mais curiosos quando se percebe o contexto, o teor e a origem das críticas. Logo de cara, vale ressaltar que alvos das opiniões do deputado não parecem "aleatórios": nos bastidores da política local, grandes obras como a do CFO e (principalmente) do Acquario são consideradas há anos como os calcanhares de Aquiles do pedetista - esta última sendo chamada até de "fratura exposta" da gestão. Existe, portanto, um nível de elaboração na escolha dos alvos.

Aliado próximo do prefeito José Sarto (PDT), Antônio Henrique é também considerado hoje uma espécie de "herdeiro" da cadeira que o gestor ocupava na Assembleia Legislativa. A relação entre os dois é antiga e existe há várias décadas, desde quando o hoje deputado atuava como líder comunitário no bairro Parque Presidente Vargas, em Fortaleza, e pedia para Sarto como vereador da Capital.

É difícil imaginar, portanto, que críticas a pontos tão delicados para a gestão de Cid não contem com conhecimento ou algum tipo de "aval" do pedetista. Caso tal combinação de fato exista, se torna ainda menos factível que o irmão de Cid, o hoje "sumido" Ciro Gomes (PDT), também não esteja por dentro do ocorrido.

Sartistas não contam com Cid

Como a coluna já vem registrando há algumas semanas, a compreensão interna do PDT em Fortaleza é que aliados de Sarto já não contam mais com apoio do senador no projeto de reeleição do prefeito para 2024. Internamente, alguns deles já partem do pressuposto que Cid ou tentará apoiar outro candidato do PDT ou acabará apoiando candidato indicado pelo bloco do ministro Camilo Santana (PT) e do governador Elmano de Freitas (PT).

Em março, Cid destacou publicamente em entrevista o caráter provisório - para não dizer precário - da comissão provisória que chefiava o PDT de Fortaleza. Na ocasião, o senador também lembrou o peso da questão no processo de escolha de candidatura do PDT para 2024, sugerindo até que Sarto poderia não ser lançado para a disputa.

"O diretório do PDT Fortaleza não existe, é uma comissão provisória. Ou seja, cinco ou sete pessoas resolvem quem é, se não mudar até lá, quem é o candidato a prefeito de Fortaleza", diz Cid. "O que eu digo para ele (Sarto) é 'homem, cuide da sua administração. A possibilidade de reeleição, ou decisão se vai ser candidato ou não, depende fundamentalmente da avaliação que as pessoas fazem da sua administração", continua. "Se estiver bem, vão lhe botar em um andor para você ser candidato. Se não estiver, pode ter certeza que passam um trator em cima dele, arruma outro candidato e pronto".

Pouco mais de um mês depois, o PDT Fortaleza antecipou convenção municipal e recriou seu diretório permanente, confirmando Roberto Cláudio (PDT) na presidência do partido. Para bom entendedor, meio gesto já basta. 

Publicado originalmente no portal O Povo +

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