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26 de abril de 2023

Cid usa giz e lousa para criticar juros e pede saída de Campos Neto do Banco Central

O senador Cid Gomes (PDT) durante sessão da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado  (Foto: Reprodução/Twitter)

O senador Cid Gomes (PDT-CE) usou giz e um quadro escolar para criticar a alta taxa de juros no Brasil, tema foi debatido ontem (25/04) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Na ocasião, o parlamentar pediu a exoneração do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ouvido pela comissão.

O presidente do BC sofre forte pressão política em relação à taxa básica de juros, em 13,75% desde agosto de 2022. O índice é alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados do governo. Em tom de crítica, Cid Gomes disse que o Brasil poderia ter cifras bilionárias nos cofres públicos se praticasse outro tipo de taxa de juros.

Com os recursos, segundo o pedetista, seria possível aumentar os valores do Bolsa Família, de programas habitacionais e do salário mínimo. Porém, o parlamentar alega que o "governo faz papel de Robin Hood às inversas".

"O Robin Hood tirava dos ricos para distribuir entre os pobres. O governo brasileiro, leia-se Banco Central, tira dos pobres e do Orçamento da União R$ 510 bilhões para concentrar na mão de ricos", declarou Cid Gomes.

Logo depois de usar o quadro negro, o senador deu ao presidente do BC um boné com a logomarca do Santander, banco privado em que o atual presidente do Banco Central atuou por 18 anos. Cid defendeu que a instituição não está cumprindo o dever constitucional de perseguir inflação baixa a pleno emprego.

“No Banco Central, as pessoas vêm do mercado financeiro e voltam para o mercado financeiro”, iniciou o senador. “Com todo respeito, presidente, me perdoe, mas, nessa hora, eu queria lhe fazer uma sugestão. Pegue seu bonezinho e peça para sair”, acrescentou.

Na mesma audiência, Cid mencionou um suposto apoio de Campos Neto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.

“O Brasil está ficando em uma situação em que você vê pessoas que eram simpatizantes do governo Bolsonaro elogiando a sua presença. Pessoas que desejaram uma mudança para o Brasil, criticam a sua posição. A política, por mais que o senhor não deseje, está presente nessas questões. O senhor fez manifestações públicas em defesa do presidente Bolsonaro, vestindo camisinha amarela, declaração pública, notória”, disse o senador.

Ao responder o senador, o presidente do BC afirmou que não é o juro que faz dívida pública ser alta, mas sim a dívida que faz juro ser alto.

"Tentativas de controlar juro de longo prazo não tiveram sucesso", repetiu, citando o caso da Argentina. "O mandato do BC dado pelo governo é perseguir uma meta de inflação de 3%, também dada por governo", respondeu.

Campos Neto argumentou que o Brasil não tem apenas 6 milhões de "rentistas" investidores, como afirmara Cid. Segundo ele, 40 milhões de pessoas que têm algum fundo de pensão também são rentistas.

O presidente do BC repetiu que reduzir a Selic "na canetada" teria efeitos muito ruins para o poder de compra da moeda. Segundo ele, não há "bala de prata"para a política monetária no combate à inflação.

"Se fosse fácil resolver problema com canetada, já tínhamos feito. Se fizermos uma queda de juros artificial, vamos passar mensagem de que remuneração não esta adequada ao risco. As pessoas iam investir em outro lugar, o real iria desvalorizar, e ia começar um processo de expectativas crescentes de inflação", afirmou Campos Neto.

O presidente do BC disse que, embora a inflação tenha caído, ela ainda é alta e precisa ser combatida. "Em 2022 a inflação fechou em 5,8%, mas teve o efeito das desonerações de telecomunicações e energia elétrica. O núcleo de inflação terminou em 9,75%", afirmou. "É importante ver núcleos de inflação desacelerando", acrescentou.

Campos Neto repetiu que o BC tem uma preocupação grande com juro real alto e seus efeitos no tecido da sociedade. Mais uma vez, ele disse que o Brasil precisa ter uma taxa de juros mais alta devida ao volume de crédito direcionado que retira potência da política monetária. "Os juros mais altos devido ao crédito subsidiado elevam custo para toda economia, inclusive para pobre", reafirmou.

Com informações portal O Povo +

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