Em sua extensão, o Castanhão abrange 20 municípios cearenses (Foto: Gil Magalhães) |
Concluído em 2002, no leito do rio Jaguaribe, o Castanhão,
maior açude para múltiplos usos da América Latina, tem suas águas utilizadas
para diferentes finalidades, entre elas a agricultura irrigada e atividades
como pesca, piscicultura e lazer. Nos últimos anos, o açude esteve em volume
crítico, termo que classifica reservatórios que têm volume inferior a 30% da
sua capacidade total. Entretanto, no último mês, o volume do Castanhão passou
de 1669,14 hm³ a 2010,03 hm³, o que equivale ao volume de mais de 800 mil
piscinas olímpicas. Com o aumento, o reservatório passa a ser considerado “em
alerta”.
Segundo o secretário dos Recursos Hídricos do Ceará, Robério Monteiro, os impactos do aumento de volume são principalmente econômicos, uma vez que o Castanhão libera água para atividades produtivas na região do Vale do Jaguaribe. "O acúmulo de água com 30%, que é o valor que temos hoje, é maior do que quase todos os açudes cheios. A reserva do açude é muito boa. Por isso a importância dele para a segurança hídrica do nosso Estado", explica.
Em sua extensão, o Castanhão abrange 20 municípios cearenses, porém, a sua influência se prolonga ainda mais. Quando necessário, as águas do reservatório também são alocadas para o abastecimento hídrico da Região Metropolitana de Fortaleza. Atualmente, devido à boa recarga dos açudes Pacajus, Pacoti, Riachão e Gavião, as águas do Castanhão não estão sendo enviadas à Capital.
“Com a Região Metropolitana de Fortaleza independente do Castanhão, pois seus reservatórios estão cheios, existe o uso múltiplo de água na região. Mas é importante ter parcimônia e saber utilizar com cuidado, pois é uma região frágil e com pluviometria incerta,” alerta Monteiro.
Apesar do bom cenário, a previsão repassada à Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) é de que o volume de chuvas tenha uma redução. Como explica o analista de recursos hídricos da Cogerh, Krishna Martins, a expectativa é de redução do aporte, ou seja, o volume de água em alguns açudes não deve crescer na mesma proporção.
Outro aspecto colocado por Krishna é a possibilidade de que ocorra o fenômeno climático El Niño, quando as águas do Oceano Pacífico equatorial ficam mais quentes do que a média histórica, o que pode reduzir as precipitações no Ceará. A possibilidade deve ser confirmada ou descartada pela Funceme entre novembro e dezembro deste ano.
“É por isso que a gente comemora, mas ao mesmo tempo recomenda cautela, porque a gente está no semiárido, então as chuvas são bastante irregulares espacialmente e temporalmente", coloca o analista.
Por isso, ele ressalta que o uso de água deve ser cauteloso, pensando na possibilidade de que a condição atual não se repita no próximo ano. “O Castanhão estava crítico. Hoje ele está no limiar entre crítico e em alerta. A gente tem que fazer uma alocação de água no segundo semestre bastante ponderada,” considera.
Com informações portal O Povo +
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