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20 de abril de 2023

A culpa do governo Lula sobre o 8 de janeiro, por Érico Firmo

General Gonçalves Dias no Palácio do Planalto em 8 de janeiro (Foto: Reprodução/ CNN)

Uma das características mais marcantes do bolsonarismo é a capacidade de construir versões e se convencer de que aquilo é verdade. Os ataques golpistas de 8 de janeiro foram produto do bolsonarismo. Nasceram do inconformismo com os resultados das eleições. Foram fomentados em acampamentos golpistas mantidos Brasil afora e tolerados pelas autoridades. As ideias germinaram com o silêncio do principal líder.

Os atos foram planejados e financiados por apoiadores do governo que chegou ao fim. Foram antecipados, de certa forma, em atitudes como a tentativa de atentado com bomba em caminhão perto do aeroporto de Brasília. Foram propagados nas redes bolsonaristas. E foram executados por bolsonaristas.

Houve erros do governo que estava no poder havia uma semana e era o alvo dos golpistas? Houve sim. Houve omissões? Claramente. Omissões intencionais e, portanto, criminosas? Vale investigar. Porém, jamais seria o foco principal da investigação o governo que foi vítima dos ataques. Como elenquei acima, há pessoas antes na fila de responsabilidades. Seria como culpar a pessoa que teve a casa arrombada por não ter trancas adequadas.

Porém, houve erros do governo, claramente. Antes dos ataques, mas o tempo era pouco desde a posse, convenhamos. Durante o 8 de janeiro, ainda que fosse difícil estar preparado para o que aconteceu. E há erros depois do 8 de janeiro.

As imagens, divulgadas ontem pela CNN, do general Gonçalves Dias, agora ex-ministro de Lula, caminhando entre os golpistas e orientando-os sobre a saída, são constrangedoras, potencialmente comprometedoras e precisam ser explicadas. A manifestação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) deixa muitas interrogações em aberto. A veiculação do vídeo fomenta teorias da conspiração de quem já deixa a imaginação fluir sem ter motivo.

Esse é um erro inequívoco do governo. Não foi pego de surpresa. Tinha posse do vídeo. Sabia da gravidade — levou à queda do ministro. Mas, o vídeo permaneceu oculto, enquanto outros eram divulgados. Não havia manifestação prévia sobre aquele episódio ali retratado. O governo recorreu ao método bolsonarista do sigilo sobre o que tem interesse público, a despeito dos vários pedidos para acesso ao conteúdo. Achou mesmo que ia manter em segredo para sempre?

Agora o que há é a justificada dúvida de que pode haver mais coisa nos vídeos. Que o governo divulgou o que convinha e manteve em sigilo conteúdos não por interesse público, mas do próprio governo.

Havia tentativa de impedir a CPMI, mas agora a própria base sabe que a investigação irá sair.

Publicado originalmente no portal O Povo +

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