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9 de abril de 2023

100 dias de Elmano: continuidade marcada por episódios diferentes

O desenho do governo Elmano abre espaço para antigos aliados (Foto: Reprodução/Twitter)

Embora se trate de governo de continuidade, os primeiros 100 dias de Elmano de Freitas (PT) no comando do Executivo estadual foram marcados por episódios que seus antecessores no cargo não tiveram de enfrentar. Entre eles, está o cabo de guerra com o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), em torno do aumento da passagem de ônibus na capital cearense.

Pelas redes sociais no início de março, o pedetista atribuiu ao governador parte da culpa pela majoração do valor, que passou a R$ 4,50, de acordo com o gestor, por causa da suspensão de repasses do Estado.

Elmano rebateu as falas de Sarto, negando compromisso firmado com esse objetivo e afirmando que o prefeito tentava transferir responsabilidades, numa polêmica que se arrastou por semanas e colocou os dois em rota de colisão.

Já rompida desde as eleições de 2022, quando os trabalhistas escolheram Roberto Cláudio como candidato ao governo, a relação entre PT e PDT se deteriorou de vez, levando uma parcela dos deputados estaduais da sigla para o campo da oposição ao sucessor de Camilo Santana (PT).

Antes dessa disputa, porém, o impasse entre os dois partidos tinha influído no desenho do secretariado de Elmano, que acenou, na montagem da equipe, para uma recomposição com o PDT no pós-eleição ao indicar nomes da legenda para o primeiro escalão.

Mesmo que tenha sido bem-sucedido em obter uma maioria na Assembleia Legislativa (Alece) que vem lhe garantindo folga nas votações até aqui, Elmano tem encontrado um bloco oposicionista mais organizado, vocal e diverso, engrossado pela presença de RC e do entorno de Sarto.

Desde o começo do ano, o ex-prefeito de Fortaleza mantém uma rotina de críticas quase semanais a pontos específicos da agenda do novo governo, sobretudo na área econômica. Foi assim com o fechamento de fábricas e aumento do ICMS, mas também com a extinção da Fundação Regional de Saúde (Funsaúde), aprovada pela Alece – os concursados da instituição foram incorporados aos quadros do Estado.

Outro alvo de investidas do pedetista, o recuo de Elmano quanto à criação do Fundo Estadual de Sustentabilidade Fiscal (Fesf) acabou por municiar adversários, que exploraram o tema nas tribunas – o projeto que instituiu o mecanismo foi apresentado pelo governador no bojo de um pacote enviado à Alece ainda em fevereiro e aprovado no mesmo mês.

Para o deputado estadual Carmelo Neto (PL), “a impressão é de que não há coesão nos rumos do governo”. Como exemplo, cita o vaivém a respeito do fundo. “O Fesf foi aprovado dia 15 de fevereiro e revogado na última quinta (30/3)”, aponta.

Também deputado estadual, Guilherme Sampaio (PT) avalia que, apesar de eventuais correções de rumo, não houve interferência na condução do que era compromisso de primeira hora do governo Elmano nesses 100 dias.

“Penso que o Governo acerta nas prioridades: o combate à fome, o enfrentamento ao principal gargalo na saúde, através da política para eliminação das filas em cirurgias, a meta de universalização do tempo integral nas escolas estaduais e as medidas tomadas para garantir o equilíbrio fiscal do estado”, enumera o petista.

Recém-chegada à Alece, Larissa Gaspar (PT) reforça entendimento de que Elmano se mantém no curso definido por sua campanha vitoriosa nas urnas, em 2022.

“O Governo aprovou o projeto Ceará sem Fome”, declara, “que está em fase final de planejamento para ser implementado e será o maior programa de combate à insegurança alimentar da história do estado”.

Além disso, continua a parlamentar, Elmano “garantiu investimento de R$ 159 milhões para fortalecer a agricultura familiar, com aquisição de tratores, cisternas e sementes, entre outras ações”.

Gaspar menciona ainda a convocação de 2 mil aprovados no concurso do Funsaúde, com a previsão de chamada dos demais nos próximos três anos.

Agenda em Brasília e diálogo com Camilo marcam largada

Uma das constantes do governador Elmano de Freitas (PT) nesses 100 primeiros dias foi a agenda frequente em Brasília. O alinhamento entre as gestões estadual e federal já é um dado novo da paisagem política recente.

Antes, apenas Cid Gomes (PDT), então governador, havia desfrutado dessa interlocução privilegiada, ainda com Dilma Rousseff (PT) à frente do Planalto – Cid seria ministro da Educação da petista, função hoje desempenhada por Camilo Santana (PT).

Camilo, aliás, tem sido um personagem importante não apenas como fiador da candidatura de Elmano no ano passado, mas como figura a quem o chefe do Executivo estadual vem procurando ouvir frequentemente quando diante de bolas divididas.

Seja em visitas ao ministro, seja nas vindas de Camilo ao Ceará, os aliados trabalham juntos nesse começo de administração em que as arestas políticas exigem mais experiência e jogo de cintura.

Exemplo dessa afinação é a previsão de que Elmano esteja na comitiva que vai à China com o presidente Lula, em compromisso programado para esta semana.

O diálogo facilitado com o Governo Federal se explica por dois motivos: a presença de um núcleo cearense na Esplanada, com Camilo e Izolda Cela, e o fato de que o presidente é do seu partido.

Essa configuração favorável tem franqueado ao petista acesso a recursos, como os repasses já liberados por Camilo para obras na área de educação no Estado.

Desenho do governo Elmano abre espaço para antigos aliados

Eleito ainda no primeiro turno em outubro de 2022, Elmano de Freitas (PT) tentou acolher grupos diferentes no desenho do secretariado. Um deles foi o do PDT, partido com a maior bancada na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).

Outro bloco com presença na administração é o de parlamentares que não conseguiram se reeleger. É o caso dos ex-deputados estaduais Tin Gomes (PDT), Leonardo Araújo (MDB) e Audic Mota (MDB), contemplados com espaços na gestão.

Um terceiro segmento com entrada no governo é o de antigos aliados, a exemplo de Waldemir Catanho (PT), braço direito da deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT), de quem Elmano foi secretário e a quem tentou suceder em 2012.

A própria deputada, segundo relato de fontes ao O POVO, já apresentou indicados para integrar o Abolição, sobretudo na área da cultura, cuja chefia está hoje dividida entre Tiago Santana, irmão de Camilo, e Luisa Cela, filha da ex-governadora Izolda Cela.

Opositores de Elmano criticaram uma parte dessas nomeações, principalmente de quadros políticos, cujo ingresso no Executivo foi facilitado, segundo eles, por uma reforma administrativa que ampliou o número de secretarias.

Um desses adversários a se manifestar publicamente foi o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB), que chegou a avaliar que há excesso de secretarias e que isso seria um retrocesso em relação a governos anteriores.

Com informações portal O Povo +

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