28 de março de 2023

Um resumo dos quase 100 dias de Lula, por Beatriz Cavalcante

A retomada da conversa com os governadores é apontado como ponto positivo do Governo Lula (Foto: Evaristo Sá)

Os 100 dias do governo Lula estão se aproximando, no dia 10 de abril, e aí vai um resumo do que aconteceu. A bandeira de cara mais forte do petista foi a mudança de Auxílio Brasil para voltar a Bolsa Família, no valor de R$ 600 mais adicionais de R$ 150 ou R$ 50 para crianças, além de ampliar as exigências de participação.

Por falar em volta, o Casa Verde Amarela tratou logo de já retomar as obras para Minha Casa, Minha Vida, finalizando as entregas pendentes.

Da parte social, teve R$ 372 milhões para construção de 40 Casas da Mulher, programa federal para distribuição de absorventes em escolas públicas e para mulheres em situação de rua, e 1 milhão de vacinados com a bivalente em apenas cinco dias. Além do aumento real do salário mínimo, e a promessa de mais uma elevação para 1º de maio.

Mas logo de início veio a crise dos golpistas do dia 8 de janeiro, além do enfrentamento do genocídio Yanomami, devido a consequências do garimpo desenfreado. Logo em seguida houve liberação da cobrança de R$ 29 bilhões em multas ambientais barradas no governo Bolsonaro.

Mais recentemente ainda as facções se fortalecendo no Rio Grande do Norte e essa estranha ameaça do PCC a autoridades, em que ainda é necessário um olhar para saber onde esta história vai parar.

Na área econômica, as demonstrações públicas contra Roberto Campos Neto, devido aos juros altos, em que a Selic permanece no patamar de 13,75% ao ano, sem perspectiva de baixa.

A inflação dos alimentos, que até então permanecia alta, também começa a arrefecer, atingindo um dos elementos de campanha do presidente, a picanha. Mas o índice geral é impactado neste começo de ano pelos aumentos escolares e do grupo transportes. Outro ponto é que a suspensão do embargo à carne bovina brasileira pode reverter esse dado.

Vieram ainda a alta no valor da merenda escolar, em 40%, e os R$ 600 milhões pra redução da fila de cirurgias. Além do reajuste também das bolsas da Capes e CNPq em 44%.

Dos gargalos que a serem olhados, pois impactam preços de transporte de mercadorias e no público, o diesel voltou a cair de valor, acumulando redução de cerca de 7% nesses meses, no menor valor em um ano. Neste cenário, houve a reoneração dos impostos federais à gasolina e ao etanol.

No mercado internacional, as relações entre países se intensificaram. China colocou o brasil na lista prioritária para o turismo, por exemplo. Já as reservas internacionais voltaram a crescer em janeiro e fevereiro.

Também teve o lançamento do programa de compra de alimentos da agricultura familiar, a partir das compras governamentais, com o objetivo de dobrar a renda dos agricultores que recebem um salário mínimo.

A conversa com os governadores foi outro aspecto que voltou, sem jogo de discursos de embate entre as partes. Logo de início o Haddad fechou acordo com os estados para compensar as perdas do ICMS de 2022, transferindo R$ 26,7 bilhões parcelados em quatro anos.

Porém, um anúncio atropelado foi o da redução da taxa máxima de juros do crédito consignado para os aposentados, indo de 2,14% para 1,70%. A medida desagradou bancos públicos e privados, que anunciaram que não iriam mais conceder os empréstimos. Agora, voltam a discutir alta, mas ainda abaixo do percentual anterior, o que deve ser definido hoje, terça, 28.

No último dado de emprego medido pelo Caged, foram 83 mil empregos gerados em janeiro, acima dos 34 mil de igual período do governo anterior, puxado pela construção civil, que teve mais de mil obras paradas retomadas. Porém bem abaixo dos últimos resultados do ano passado.

E no mês da mulher, foi anunciada multa 100 vezes maior que o maior salário da empresa que pagar de forma desigual homens e mulheres. Além da polêmica volta dos Mais Médicos, que diz que vai priorizar os profissionais brasileiros, mas não fala em revalida para atuação dos estrangeiros no País.

A última polêmica que consigo citar nestas linhas é a intervenção do governo Lula na Petrobras. Além da promessa de mexer na política de preços, já está revendo a suspensão da venda dos ativos, incluindo a refinaria de asfalto no Ceará, a Lubnor.

Publicado originalmente no portal O Povo Online

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