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29 de março de 2023

Dino e o papel de André Fernandes na Câmara, por Érico Firmo

Dino o levou o deputado cearense na chacota, mas mantendo aparência de civilidade (Foto: Bruno Spada)

Deputado federal mais votado do Ceará, André Fernandes (PL) teve até agora dois momentos em que foi notado na Câmara. Em um ficou tão zangado que quebrou o microfone. Para mostrar como ele é indignado, como ele é valente. Seria fofo se não fosse teatral. O outro momento foi nesta terça-feira, 28. Fernandes foi alvo de deboche do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB). O deputado gosta de posar de descolado, que afronta mesmo. Era até um tipo de humorista. Mas não parece aguentar quando vira alvo. Aí exige liturgia. Ele ficou descompensado por o ministro pedir a ele para não quebrar microfone e, depois, dizer que iria virar anedota. Tentou em vários momentos interromper o ministro.

Dino o levou na chacota, mas mantendo aparência de civilidade. Imberbes bolsonaristas achavam que iriam deixar contra a parede o ex-juiz, ex-deputado, ex-governador, senador licenciado e atual ministro. A autoestima às vezes não precisa de lógica. Havia assimetria de inteligência entre os envolvidos. Dino levou Fernandes e os colegas para valsar.

O deputado cearense quer instalar uma CPMI sobre o 8 de janeiro. Dino naturalmente seria um dos depoentes. Fernandes talvez devesse se perguntar se a ideia é boa. Ele fez fama nas redes sociais. Gravar vídeos sem contraponto é mais fácil.

O alvo dos opositores

A oposição ao governo Lula (PT) não conseguiu ainda instalar CPI para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro, mas conseguiram aprovar a ida de ministros a comissões do Congresso Nacional para falar do assunto. O Poder Legislativo deve mesmo se debruçar sobre o que ocorreu naquele dia, até porque foi um dos alvos — além, da própria democracia. Mas, francamente, começar as investigações sobre atos golpistas por membros do atual governo, que era alvo da fúria dos que praticaram a depredação, é inusitado.

Os opositores apontam que teria havido omissão de personagens do governo, e miram principalmente Flávio Dino. Faz sentido. O absurdo do 8 de janeiro teve várias causas e entre elas há sinais de que houve erro, também, do governo que assumiu uma semana antes. Vale investigar isso. Mas, daí a investigar só isso?

Porque houve também os golpistas que praticaram as depredações. Sobre esses, a ala bolsonarista uma hora acusa de serem esquerdistas infiltrados, outra hora reclama das condições em que eles eram mantidos presos. Além desses, há quem planejou, organizou, quem financiou. E há o Governo do Distrito Federal, responsável pela segurança do espaço. Para Fernandes e afins nada disso interessa. O único alvo são autoridades do governo que os golpistas de 8 de janeiro queriam atingir. Não dá para levar a sério.

Com informações portal O Povo Online

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