Retiros religiosos promovem reencontros e buscam atrair novos fiéis

Retiro Renascer reuniu cerca de 5 mil pessoas nos dias de Carnaval (Foto: Reprodução/Facebook)

Ter mais dias para a adoração e promoção da fé cristã foi o principal objetivo dos retiros religiosos ao longo do Carnaval, quando membros das comunidades, fiéis e simpatizantes puderam ter vivências diferenciadas para a experiência com a fé cristã.

Em Fortaleza, a comunidade Shalom e a Renovação Carismática Católica organizaram os principais: o Renascer e o Renovar, respectivamente.

“A gente realiza (o retiro) não para quem é da comunidade, mas para a pessoa que quer uma experiência diferente no Carnaval, conhecer um pouco mais e ter o contato com a espiritualidade e refletir sobre a vida. Nós seguimos um itinerário que se chama seminário de vida no Espírito Santo, então, são palestras que vão fazendo com que a pessoa tenha essa consciência de que Deus existe, Ele me ama, pode transformar a minha vida por meio da salvação e ajudar a tomar decisões”, descreve Tatiane Rodrigues, missionária do Shalom e organizadora do Renascer.

Em 2023, o retiro completou 36 anos de realização com duas campanhas: doação de alimentos e cadastro para doadores de medula óssea. Foram cerca de 5 mil pessoas reunidas no Ginásio Paulo Sarasate entre domingo e terça-feira, das 9 horas até cerca de 21h, após o término da missa.

A auxiliar de escritório Daiana Gomes, 41 anos, foi do Passaré ao Ginásio Paulo Sarasate em todos os dias de retiro acompanhada da mãe, Maria Áurea Gomes, 69, para ter essa vivência que Tatiane contou.

Depois de acompanhar as atividades da igreja pela TV nos últimos dois anos, as duas têm participado de todas ações que podem desde o término das restrições devido à pandemia. “A minha mãe gosta e eu aprendi a gostar ainda mais com ela”, afirmou.

O mesmo fez o corretor de imóveis Savile Camilo, 36, que participa do retiro desde a edição 15.

“É um seminário de vida. Sempre é algo novo, uma experiência nova com Deus”, conta, falando que tem a fé renovada a cada participação. Pai de uma menina de 8 meses, ele se revezou com a esposa para estar no Renascer.

Casais formados nas comunidades católicas organizadas pelo Shalom também se reuniram no Renascer. Marcelo e Rosiania Nogueira, de 41 e 35 anos, respectivamente, são um exemplo clássico deles: se conheceram nos grupos, casaram e hoje são pastores de grupo de oração.

Neste ano, completam 12 anos de retiro Renascer. Reunidos com os filhos, os dois comemoram o retorno ao presencial, após dois anos de evento online. "A gente fez grupo online durante a pandemia, mas tivemos uma evasão grande. Apenas 5 ou 6 casais se mantiveram presentes", conta Marcelo.

Para o segundo dia de retiro, quando O POVO esteve lá, a família se preparou com lanches, água e colchonete para manter o conforto dos filhos.

A mais velha, de 8 anos, Gabriela, estava no espaço kids, enquanto Maria, de 3, acompanhava os pais na quadra do ginásio. Já o João, segundo o casal, "deve vir ao mundo a qualquer momento".

O engenheiro Alexandre Neto, 32, e a advogada Lina Machado, 30, também fazem parte da comunidade há cerca de 10 anos, quando foram ao acampamento de jovens e começaram a namorar.

“Desde essa primeira experiência com Deus a gente nunca mais deixou de vir. Já dispensamos viagem com amigos, com família… A gente sabe que a alegria que encontramos aqui no Renascer não tem em nenhum outro lugar”, diz ela.

Durante o Carnaval, o casal levou o primeiro filho, Álvaro, de apenas 4 meses para o primeiro Renascer dele. No carrinho, o bebê recebe os cuidados dos pais e dos amigos. “Os irmãos vão ajudando também, todo mundo aqui se faz família”, acrescenta Lina.

Converter incrédulos e renovar a fé

A conversão de fiéis e a manutenção deles nas atividades da Igreja também foi um dos objetivos do Renovar, promovido pela Renovação Carismática Católica em vários municípios cearenses.

No bairro Henrique Jorge, cinco comunidades organizaram o retiro na igreja matriz da Paróquia do Imaculado Coração de Maria.

“No ano passado, já tivemos o evento presencial. Tinha pessoas com medo, mas muitas pessoas com sede de se reencontrar. Foi um momento de muita graça. E nós percebemos que as pessoas ainda estão sedentas por isso”, conta Daniela Silva, 43, técnica de laboratório e coordenadora do grupo de oração Mensageiros da Paz.

O retiro reuniu cerca de 400 pessoas diariamente entre sábado e terça-feira, das 14h até o fim da missa, marcada para 19h. Entre os presentes, membros da comunidade, crianças e interessados em conhecer mais da fé católica.

Marcelo de Carvalho, 44, e Kátia Cristina Caldas, 38, faziam parte deste último perfil e iniciaram na comunidade em um Carnaval. Há 9 anos, Marcelo chegava no retiro Renovar depois de tomar umas cervejas.

De bermuda, recorda, sentou em uma das cadeiras do fundo da quadra. Viu a animação do louvor, estranhou, saiu até à frente da igreja para se certificar que estava em uma igreja católica, pois "nunca tinha visto uma animação daquela" e voltou para o local de oração.

"Eu dormi. Acordei 'bomzim', suado e entendi que foi o Espírito Santo que me curou. Então, desde aquele dia buscamos conhecer o movimento", recorda contando a mesma história que narra nos testemunhos dos grupos de oração.

A esposa, Kátia, foi a responsável por levar Marcelo até a igreja naquele Carnaval. Acostumada a viajar e frequentar a folia tradicional da festa todo ano, em 2014, ela e a família ficaram em casa e ela recebeu o convite para o retiro.

No primeiro dia foi só, mas o clima de oração a contagiou e estimulou a chamar a família.

"Eu cheguei em casa tão empolgada. Eu vivi essa alegria, louvor, brincadeira, achei espetacular. Nunca tinha visto isso, mas entendi que queria aquilo pra mim. Quando cheguei em casa, o marido estava bêbado e eu disse: 'tu tem que ir também '", recorda.

"E lá vende cerveja?", lembra Marcelo da resposta que deu rindo na companhia dos demais membros da organização do Renovar.

Na semana seguinte ao retiro, os dois se engajaram em grupos de oração e já no ano seguinte eram parte da organização do evento. Atualmente, coordenam o ministério da família e o núcleo diocesano da família e engajaram o filho Jhonatas, 17, nas atividades.

Neste ano, ele faz parte da banda que toca durante louvores, adorações e missas. "Não paramos mais. Fazemos isso com todo amor", falam quase que juntos.

Com informações portal O Povo Online

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